Houve uma grande fome na região. Os pobres é que mais sofriam. Certo padeiro encontrou algumas crianças na rua. Ao aproximar-se, disse: Tenho aqui nesta cesta muitos pães. Peguem um, levem para casa e voltem amanhã, pois estarei aqui de novo com outra cesta. Vocês receberão um pão por dia. Esfomeadas, as crianças partiram para cima da cesta, brigando pelos pães maiores. Depois da disputa, nem lembraram de agradecer ao benfeitor. Todas foram embora correndo, cada uma com seu pão, exceto a Cátia, que tinha uma perna mais curta. Ela ficou ali sozinha, perto do cesto vazio. Então, o padeiro retirou um pãozinho de seu bolso e lhe alcançou. Sorrindo, ela pegou o último pão e agradeceu. No dia seguinte, as crianças voltaram e se comportaram pior do que no dia anterior. Todavia, Cátia não entrava nos empurrões. Ela somente esperava pela sobra. Desta vez, o padeiro que observava tudo de perto, interviu pedido que se comportassem melhor, deixando um pão também à menininha. As demais crianças obedeceram e lhe deixaram um pãozinho todo amassado. Como no dia anterior, Cátia agradeceu e levou o pão para casa. Quando sua mãe foi cortar o pãozinho, caiu dele uma moeda de prata. Exclamou a mãe: Filhinha amada! Deve haver algum engano. A moeda não nos pertence. Devolva-a ao padeiro. A menina voltou e passou o recado ao benfeitor que apenas respondeu: Não foi engano! Eu coloquei a moeda na massa do menor pão, para recompensar você, que aguarda com paciência a sua parte e sabe ser grata.

De 1991, “Por um Pedaço de Pão” com Pe. Zezinho.