Sempre morei longe da escola. Confesso que não muito longe. No meu passo de “piazote”, tanto em Santa Rosa, quanto em Canoas, levava uns 20 minutos de caminhada. Pra faculdade, o trecho era maior, uns 35 minutos. Sol ou chuva... Nunca reclamei. Raríssimas foram as vezes em que o pai me levou ou buscou. De fato, o trecho a pé era sempre uma curtição. Sozinho, sonhava o futuro. Com companhia, trocávamos ideias. Futebol era assunto corriqueiro. Se o “outro” era colorado, a conversa facilmente virava uma disputa. No tempo da faculdade, não era apenas uma caminhada. Havia também um trecho de “Centralão”, ônibus interurbano. Costumeiramente, entupido de gente. Algumas vezes, reclamei. Mas, acabei por me dar conta do quão privilegiado era. Os operários estavam seguindo às suas empresas para uma dura jornada, enquanto eu recebia o investimento da família para estudar. Recebia também o apoio e as orações da comunidade de origem (IECLB/Niterói). Estamos em fevereiro, no início do novo ano letivo, que me traz muitas recordações. Confesso que não sinto tanta saudade, mas dou graças por tudo o que passei. Dou graças por todos que me fizeram chegar onde estou, sejam familiares, amigos e mestres. “Esquecendo-me do que ficou para trás, avanço àquilo que está adiante. Por Cristo, prossigo para o alvo” (Filipenses 3.13).