Após a aposentadoria, Tobias escolheu passar seus últimos anos numa remota aldeia de pescadores no norte da Escócia, servindo como pastor àquela pequena Comunidade. Aos domingos pela manhã, Culto. Nas quartas à noite, Estudo Bíblico. Em especial, àquela quarta foi distinta das demais. À meia tarde o céu escureceu, preparando um temporal. Ao entardecer veio a chuva com muita intensidade. Em seguida, o pastor começou a preparar o seu material. Ajuntou as galochas. A esposa que estava bem tranquila, sentada no sofá, lendo um livro, apenas disse: Você “não” está pensando em ir até a igreja com esta chuvarada? Ninguém em sã consciência sairá de casa hoje. Parecendo confirmar a afirmativa da mulher, ouviu-se um “punft”. A luz sumiu em toda a aldeia. Tobias apenas acendeu uma vela e aproveitou para pegar a lanterna, não dando muita atenção à esposa. Também não resmungou. Aprontou-se e foi. Era uma caminhada de 500 metros morro acima até a capela, no alto da colina. Chegou um pouco antes das 19h. Acendeu um velho lampião de emergências e esperou, esperou, esperou... Não apareceu ninguém. Ele já ficou imaginando o que escutaria ao chegar em casa todo encharcado: Eu te disse! Porém, antes de sair, ajoelhou-se e orou por aquele povo difícil de lidar, mas que ele tanto amava. Lembrou pessoas, situações e desafios, encerrando com um alto: Amém! Apagou o lampião e retornou ao lar. A esposa não disse nada. Apenas alcançou-lhe roupas secas e uma xícara de chá bem quente. Deitaram-se e dormiram ouvindo a chuva. Na manhã seguinte, o céu estava azul. Logo cedo, na hora do café, alguém bateu à porta. Tobias atendeu. Era um pescador, membro ausente por muitos anos na Comunidade. O pastor o convidou para uma xícara de café e perguntou: Como posso ajudar? Eu quero somente agradecer ao senhor... Disse o pescador. Porque? O que houve? O senhor me conhece. Sou homem de pouca fé, afastado da igreja. Mas, minha esposa é fiel. Ela frequenta seus cultos e, na medida do possível, os estudos. Por anos, ela tem insistido na minha participação. Todavia, eu sempre arranjo uma desculpa. Ontem, ao meio dia, discutimos. Com raiva, peguei uma garrafa de vinho e sai de barco ao mar para pescar. Adormeci e quando acordei me vi cercado pela tempestade. Rapidamente, o mundo ficou escuro à minha volta. Não havia saída. Apavorado, orei pedindo socorro a Deus. Quando abri os olhos, muito adiante, vi uma pequena luz no alto. Liguei o motor e rumei naquela direção. Quando vi a aldeia na escuridão, percebi que a pequena luz vinha da capela. Lembrei-me que era dia de estudo. Por isso, quero lhe agradecer. Você me salvou. Aliás, Deus me salvou. Agora quero render minha vida a Ele. Conte comigo. No Sermão do Monte Jesus esclareceu: Vocês são a luz do mundo (Mateus 5.14).