Eu gosto de cantar. Nunca fiz parte de grupo de louvor, mas já cantei em coral. Definitivamente, a música não é o meu “dom”. Ainda que bem limitado, Deus me concedeu a habilidade de motivar, com meu violão, o canto comunitário. Confesso que não conseguiria viver sem a música. Ela faz parte do meu dia a dia. Em casa, vez por outra estou brincando com o violão. No carro, ouço constantemente o rádio. Gosto de todo tipo de música. Sou do tempo em que música de igreja era conhecida como “sacra”. Cresci usando hinário em culto, com melodias centenárias, onde o conteúdo sempre prevalecia. Sou saudosista. Gosto de cantores e bandas antigas. Porém, reparo que, nos últimos anos, recebemos uma enxurrada estrangeira. A música se tornou “gospel”. Agora existe até um ministério específico à adoração sob a expressão “worship”. As igrejas “moderninhas” passaram a adotar o termo “church”. É muita frescura, com conteúdo suspeito. A música deixou de ter como prioridade a transmissão do Evangelho, assumindo um caráter de “mantra”, com constante repetição e introspecção. O interesse maior deixou de ser o testemunho de fé e passou a ser a indução da pessoa ao “êxtase” espiritual. Na minha leiga opinião, vivemos tempos estranhos. Na verdade, as nossas origens musicais são renegadas. O que é “nacional” e “pé no chão” desaparece diante dos ministérios “internacionais”. Quem ganha com isso? Para onde tudo conduz? Eu não compactuo e não quero pagar o preço. Ante um altar que mais parece palco com músicos e cantores fazendo espetáculo, em meio à jogo de luzes e sons estridentes, prefiro uma rodinha de amigos louvando com simplicidade.