Alfredo havia se aposentado como metalúrgico em Joinville. Como tinha passado boa parte sua vida preso dentro de uma indústria, lidando com ferramentas, decidiu que, na aposentadoria, moraria no interior, cuidaria da sua própria horta. Assim, comprou um sítio em Campo Alegre. Era feliz. Nos finais de semana recebia o filho com sua família. Todos curtiam a natureza. Certa manhã, a netinha Bianca observou o avô revirando a terra. Curiosa perguntou: O que você está fazendo vovô? Eu preparo a horta para plantar aquelas mudas de couve que estão ali na caixa, respondeu Alfredo. Ela continuava de olho em todas as investidas do avô, que cavoucava, arrancava algumas plantas e plantava outras. Opa! O que é isso que você está tirando? É o mato, a capoeira... Tiro o mato para plantar a couve. Mas, mato é ruim? Não! Ele faz parte da natureza. Mas, eu quero verdura para nossa mesa. Eu quero alimento. Mesmo sendo da natureza deste mundo, para mim não serve. Deixo de lado. No sábado seguinte, Bianca estava pronta, de galochas, declarando: Vou ajudar o Opa na horta. Os pés de couve estavam bonitos. Haviam crescido um eito. Seu Alfredo se meteu no meio das plantas e começou a arrancar o mato. A menina estranhou... Mas, Opa... Você já não arrancou o mato na semana passada. Sim! Mas, ele sempre crescerá de novo, no meio da planta boa. Assim é a vida... Quando disse isso, Alfredo seu deu conta. Pegou Bianca no colo e disse: Você está crescendo. Você vai notar que na vida sempre de novo precisamos revirar a terra e plantar aquilo que é bom: Uma palavra de gratidão, um elogio, uma ajuda ao colega, um dengo no cachorrinho, um apoio à vovó na cozinha... E, sempre de novo, precisamos também arrancar aquilo que é da nossa natureza, mas não serve, não alimenta: Cortar os palavrões, deixar de ser egoísta, não jogar lixo em qualquer lugar, não falar mal do outro... Assim vamos cuidado da horta da nossa vida. Com certeza, o Pai do Céu olha pr’a gente e se alegra com nossa dedicação.