Os evangelistas apresentam-no simplesmente como o “jovem rico”. A juventude é uma fase muito rica da vida, cheia de descobertas. Mas, passa rápido. Por mais que alguns insistam em afirmar que tem espírito jovem, no corpo e na mente, aparecem os desgastes. Os anos vão se passando e chega ao ponto onde perguntamos: Afinal, o que fiz? Ou, o que ainda posso fazer? Qual será a minha herança? Aliás, ao falar sobre herança, é preciso antes refletir sobre as minhas riquezas. Que patrimônio ajuntamos em vida? Aquilo que vem de imediato à memória é o dinheiro e os bens. Mas, não sejamos tão limitados. Com certeza, também as pessoas são preciosidades, por isso: A família, os amigos e a nossa comunidade podem ser riquezas. Também, carregamos conosco a formação, o conhecimento, as habilidades, os dons e a experiência. As inúmeras oportunidades de serviço, sejam profissionais ou comunitárias. Não por último, mas igualmente importantes: A saúde, a força, a resistência e a criatividade, sem deixar de lado a espiritualidade. Você já pensou no quanto você é rico?
Agora, vamos e convenhamos... Isso identificava o nosso amigo que procurou Jesus. Ele tinha tudo. Era jovem e rico. Porém, algo estava faltando. O que seria? Antes da leitura bíblica, vale um elogio. O rapaz tomou o caminho certo. Se há um vazio a ser preenchido, ele procura respostas às suas dúvidas no maior de todos os Mestres: Jesus. Ouçam o Evangelho: CERTO MOÇO CORREU EM DIREÇÃO A JESUS. COLOCANDO-SE DE JOELHOS DIANTE DELE, PERGUNTOU: BOM MESTRE! QUE FAREI PARA HERDAR A VIDA ETERNA? JESUS LHE RESPONDEU COM DUAS PERGUNTAS: POR QUE VOCÊ ME CHAMA BOM? NINGUÉM É BOM. SOMENTE DEUS. VOCÊ CONHECE OS MANDAMENTOS? NÃO MATARÁS, NÃO ADULTERARÁS, NÃO FURTARÁS, NÃO DARÁS FALSO TESTEMUNHO, NÃO ENGANARÁS NINGUÉM, HONRA TEU PAI E TUA MÃE? ENTÃO, O MOÇO DECLAROU: MESTRE! TUDO ISSO TENHO OBEDECIDO DESDE A MINHA ADOLESCÊNCIA. JESUS OLHOU PARA ELE COM AMOR E AFIRMOU: PORÉM, TE FALTA UMA COISA... VÁ E VENDA TUDO O QUE VOCÊ POSSUI, DANDO O DINHEIRO AOS POBRES. ASSIM, VOCÊ TERÁ UM TESOURO NO CÉU. DEPOIS, VENHA E SIGA-ME. DIANTE DO DESAFIO, ELE FICOU ABATIDO E AFASTOU-SE TRISTE, PORQUE TINHA MUITAS RIQUEZAS (Marcos 10.17-22).
Herdar é um direito natural, sem mérito. Na condição de filho, você recebe o que lhe cabe, pois Deus é justo. O mesmo se dá em relação ao céu. A salvação não é mérito humano. Ela se torna plena e real na entrega de Cristo na cruz. Se alguém acha que pode se salvar pelo que é ou faz, se engana. Aqui está a diferença entre os ensinamentos do espiritismo e da fé cristã. A caridade é fruto da fé, jamais o caminho da salvação. O caminho é Jesus. A tarefa é apenas aceitar pela fé. Por isso, a primeira interrogação do Mestre. Só Deus é bom! O ser humano está sob o pecado.
Em seguida, Jesus leva a conversa em direção à religião, pois muitos acham que ela também salva. Questiona: Você conhece os mandamentos? Ele cita matar, adulterar, roubar, falar mal, cobiçar e honrar a família. Corajosamente o jovem diz que “sim”. De fato, era religioso e procurava ser correto. Era um sujeito exemplar. Mas, por ser “bonzinho” tenho direito à salvação. Afinal, onde entra Cristo na história? Se me viro sozinho, qual a razão de ter um Salvador?
Jesus não tem raiva. Ele não deseja envergonhar o moço. Apenas quer que ele perca a falsa ilusão de que o “obedecer por obedecer”, sem reconhecer o seu legítimo Senhor de nada adianta. Por isso, Jesus propõe uma prova de fé: Vai e vende o que você tem. Depois, volte e me siga! É uma proposta simples e possível? Se Jesus aparecesse diante de ti ou de mim com tal desafio: Deixe o que você tem aos outros e venha após mim, você toparia? Para descomplicar (ou complicar ainda mais) a reflexão: Quando perdemos um familiar ou passamos por uma tragédia de grandes prejuízos, perdemos a fé ou abandonando a Deus? Ou apegamo-nos ainda mais a Ele? De fato, a questão colocada ao moço, também nos serve. A família é minha ou pertence a Deus? As riquezas são minhas ou pertencem a Deus?
Precisamos ter cuidado com duas compreensões erradas deste encontro. Primeiro, Jesus jamais afirmou que é ruim ter riquezas ou dinheiro. Todavia, elas podem atrapalhar o nosso chamado. Por exemplo na parábola da Grande Ceia. Dos que foram convidados, um se negou por que tinha que ver o seu campo, outro conferir a junta de bois e o terceiro, porque se casou. Eles tinham outras prioridades em vista do chamado. Os bens, a família, os amigos e até o conforto podem nos desviar do Senhor. Quem já não foi tentado a ficar em casa na frente da TV ao invés de vir à igreja ou ao estudo bíblico?
Segundo, outra compreensão errônea diz respeito a doar tudo aos pobres. Alguns entendem que para seguir a Jesus é preciso ser pobre e não ter nada. Muito pelo contrário, somos desafiados à responsabilidade, tanto com nossa família, quanto com nossa profissão e habilidades, bens e recursos. Na lógica, é preciso ter para poder ajudar. Então, qual foi afinal o questionamento e desafio de Jesus ao jovem rico?
Na vida, há uma escala de valores. Amo a Deus acima de tudo. Como sinto e vivo o amor de Deus em minha vida, me amo e assim também amo ao meu semelhante. O principal valor que tenho e o ponto de partida em toda conduta está em Jesus. Segui-lo significa colocá-lo em primeiro lugar. De fato, àquele moço as riquezas estavam em primeiro lugar. Jesus seria apenas um “passaporte espiritual” ou uma garantia para a salvação eterna. Aqui, eu me viro. No além, confio em Deus. É triste, porém real. É triste, porém muito comum. O desafio dado ao moço cala fundo também no meu coração. Com certeza, sou questionado sobre o valor que dou a Cristo. Ele é o principal? Desejo segui-lo como diz o mandamento, amando de todo coração e entendimento? Pense nisso. Amém!
Com Assíria do Nascimento, “Jesus é Melhor”...
