Basta observar o mundo à volta para constatar que as pessoas nascem com diferenças que se acentuam e se modificam. Não há diferenças que são melhores ou diferenças piores. O que existe é a diversidade humana. Todos necessitam de inclusão. Eis o grande desafio. No 3º domingo de agosto inicia-se a Semana da Pessoa com Deficiência. Houve um tempo em que, dependendo da “deficiência”, as pessoas eram escondidas. Quem sabe alguma família ou amigos achavam alguma vergonha nela. Mas, tal atitude não ajudava, nem a família, nem a sociedade, muito menos a própria pessoa. É necessário aprender a lidar com o diferente, aceitando com os desafios decorrentes. Não é o mais fácil, mas – com certeza – o mais saudável para todos os envolvidos. A busca por uma sociedade equilibrada passa pelo respeito e pela inclusão. Confesso que, como cristão cheio de pecados, falhas e preconceitos, necessito sempre de novo voltar os meus olhos ao Evangelho, especificamente ao jeito que Jesus tinha para lidar com os “excluídos”. A palavra-chave no ministério do Mestre é amor. O apóstolo Paulo entendeu bem o recado, quando alertou a igreja: “Se não houver amor, seremos apenas como um sino que retine” (1ª Coríntios 13.1). Ou seja, não basta a mídia destacar a necessidade da inclusão. O amor – não só de palavras – torna concreta a vivência na família, comunidade e sociedade. São atitudes no dia a dia que tornam o Evangelho real.
Os evangelhos nos contam a história da mulher “estrangeira” que se aproximou o Jesus com um pedido bem específico. Assim relata Mateus: O Mestre percorria uma região fora da Judeia. Eis que, numa estrada poeirenta, aproximou-se uma mulher clamando por misericórdia. Ela deseja socorro à filha possessa. A princípio, Jesus não lhe deu a devida atenção. Mas, a sua insistência chateou os discípulos, que pediram: Mestre! Mande-a embora. Então, Jesus deixa claro que sua missão era restrita ao povo escolhido por Deus. Mas, ela não desiste. Aproximando, se ajoelha diante dele em adoração. Neste momento, Jesus lhe dirige uma pergunta: É certo tirar o pão dos filhos para dar aos cães? Com uma humilde resposta, ela surpreende o Mestre: Não quero o pão. Dê-me somente aquilo que sobrar da mesa. Aquele momento único se torna uma lição aos discípulos ainda hoje. Então, Jesus afirma: Mulher! Grande é a tua fé. O teu pedido já foi atendido. Na beira do caminho, a filha está curada.
O que podemos aprender? 1ª Lição: Toda sociedade cria em torno de si um padrão de normalidade. É dito o que é certo, perfeito e bonito. O que foge do “padrão” é estranho, doente ou estrangeiro. Tome como desafio e refleti sobre os preconceitos que você carrega consigo. Confesso que já menti para mim mesmo dizendo que não tenho preconceito. Mas, não demorou para reconhecer minhas fraquezas. Naquele momento de cura, Jesus incorporou a mulher cananeia e sua filha à mesa do Senhor. 2ª Lição: Jesus estava seguindo por um caminho fora do “normal”. Sempre de novo é necessário sair da rotina para perceber novos desafios. Por exemplo, experimente circular pela sua cidade a pé, imaginando-se na situação do cego ou cadeirante. O que você descobriria? Será possível melhorar sua acessibilidade? 3ª Lição: Não gosto da limitação que algumas religiões dão aos demônios, colocando apenas um estigma sobrenatural. O amor ao dinheiro, a libertinagem sexual, a fofoca e a maledicência, todos os vícios e maus hábitos, também o próprio preconceito são demônios que nos envolvem. Eles nos afastam de Deus e do nosso semelhante. Eles causam destruição. Qual era o problema da menina? Não sei! A Bíblia não diz. Quais são os meus demônios? Tenho uma leve noção. Sei que somente Jesus é capaz de me libertar e me usar para ajudar aos outros. Mas, acima de tudo... 4ª Lição: É preciso reconhecer a misericórdia de Deus, a qual cobre os meus pecados com o sangue de Jesus. É preciso reconhecer quais são as minhas manhas, que só podem ser superadas quando experimento o amor de Deus que me preenche e me ensina a amar o outro com suas diferenças. Enfim, é o amor de Deus que me leva a tirar o outro da “marginalidade” incluindo-o na vida, tanto comunitária, quanto social.
Vivemos um tempo de graça. Deus nos dá a oportunidade de experimentar o seu amor salvador. Com fé, ajoelhe-se, adore e acima de tudo - confie. Deus te abraça. Ele faz de ti um cálice de bênção. Não somente, você se sentirá preenchido. Mas, você terá a oportunidade de servir aos demais. Bênçãos e mais bênçãos na semana que se inicia. Amém!