Encontrei uma amiga que agora se apresentava como recém convertida, crente e missionária. Mas, afinal o que é um crente? Vivemos num país cristão. 89% dos brasileiros creem em Deus e Jesus. Eu venho de berço luterano. Mas, será que isso me torna um crente? Simplesmente, posso carregar a religião como uma herança que recebi de minha família ou um compromisso da sociedade na qual estou inserido. É óbvio que, para que - de fato – eu seja um cristão, preciso conhecer quais são os princípios da minha fé, assumindo-os no meu viver diário, tanto na teoria, quanto na prática. A fé não deveria ser apenas herdada, antes assumida de maneira consciente. De modo semelhante, outra questão também precisa ser refletida: Será que a razão de eu ter uma crença – seja cristã ou não - me dá o direito de querer “conquistar” outros para o mesmo caminho, constrangendo ou até mesmo obrigado? Observem que Jesus deu origem ao cristianismo. Nos relatos evangélicos, notamos que, nem mesmo ele, importunou alguém para segui-lo. Sempre houve um desafio e a liberdade para escolher. Inclusive, aqueles que o seguiam de maneira irrefletida eram desafiados constantemente ao compromisso cm o Reino. O Mestre respeitava as pessoas. Ele era tolerante com o diferente. Aliás, que seja dito, ele combatia com rigor somente a hipocrisia. Justamente, àqueles que, em nome da fé, abusavam dos demais, manipulando a religião ao bel-prazer e não vivendo o que pregavam, é que Jesus questionava direto. No chamado à fé, a melhor estratégia usada por Cristo foi o amor através das palavras e atitudes. Quem sabe, ainda hoje, podemos aprender, revelando ao mundo que o amor busca o outro em suas necessidades. Quem sabe podemos aprender com o Mestre a questionar àqueles que vivem uma fé apenas aparente. Mais do que nunca, precisamos conhecer a nossa fé, defendendo-a com conhecimento. Mas, sem jamais esquecer o respeito e o amor. Ser “crente” é ter a capacidade de ouvir, trocar ideias e crescer, junto com o outro.
De 1981, com John Denver e Plácido Domingo “Perhaps Love”, em tradução livre como “O Amor”.