Zico era um menino ranzinza. Vivia reclamando de tudo e de todos. Não queria saber da escola. Não gostava de cumprir suas obrigações em casa. Contudo, no seu dia a dia, havia um momento de conforto, onde sentia- se aliviado. Ao entardecer, ele corria até sua árvore favorita. Subia bem alto para curtir o sol poente. Lá em cima, enxergava longe, muito longe. Bem distante, doutro lado do rio, ele enxergava uma casa. Mal e mal a via, mas admirava. Era um sobrado com um lindo jardim. Mas, o que mais lhe chamava a atenção eram as janelas, todas feitas de ouro, sim... De ouro. Zico dizia para si mesmo: Lá sim é que as pessoas são felizes. Imaginem... Janelas de ouro! Todos os dias, ele via também uma criança brincando com seu cachorro. Que tranquilidade... Que vida bela... Assim, dia após dia, Zico acordava descontente, pois seu coração estava lá, naquela casa distante, que não conhecia. Certo domingo, corajosamente, ele pediu licença ao seu pai para ir de bicicleta ao outro lado do rio, queria ver de perto aquela casa com janelas de ouro. De ouro! Exclamou surpreso o pai. Você pode ir! Disse o pai. Mas, volte antes do anoitecer. E, peça à sua mãe que prepare um lanche reforçado. Na manhã seguinte Zico acordou muito feliz. Sabia que teria que andar muitos quilômetros até a pinguela, seguindo a estrada pela margem oposta do rio. Rodou, rodou até que chegou. Não conhecia as pessoas daquele lugar. Por isso, primeiro dedicou um tempo para observar. Reparou que morava ali um casal com uma filha também adolescente. De cara notou que o jardim era bem, bem parecido com o de sua própria casa. Não havia nada de especial. Logo ouviu um grito vindo do galpão. O pai disse: Filha! Leve o “Sultão” para passear e não se esqueça de recolher o cocô. Deixe o pátio bem limpo. Cruiz-credo... Pensou Zico... Recolher o cocô do cachorro. Que porcaria! Que tipo de gente mora aqui? Mas, a sua maior decepção foi perceber que as janelas tinham apenas vidro. Não havia ouro algum... Posso ter errado de casa. Pensou... Mas, ela é a única por aqui. Agarrou coragem e foi perguntar à menina se ela conhecia outra casa com janelas de ouro. Ela respondeu: Sim! Claro que conheço. Aliás, não conheço. Mas, sei onde fica. Sempre desejei conhece-la. Vou lhe mostrar onde fica. Ao lado do galpão havia uma escada enorme, Sara – esse era o nome da menina – convidou Zico para subir no telhado do galpão. Lá no alto, ela apontou a casa com janelas de ouro que ficava doutro lá do rio. Zico olhou admirado e reconheceu que era a sua “própria” casa. O que deixava as janelas com o brilho do ouro era o sol refletido nos vidros ao entardecer. A Bíblia ensina que DEUS brilha mais do que o SOL (Malaquias 4.2). Com a sua presença tudo ganha um brilho especial, seja a vida das pessoas, as famílias, as casas... Também as comunidades e seus grupos. Por isso, não precisamos ficar olhando à vida, à casa, à igreja dos outros. Antes, agradecer pelo que somos e temos.