Bráulio tinha bom coração. Desde menino era apegado às questões de fé. Mas, as amizades o levaram aos lugares mais sombrios do mundo. Diante da eminente prisão ou até morte, um bom amigo lhe disse: Outrora você tinha uma espiritualidade aguçada, quem sabe - para evitar o caminho do mal - você procura acolhida no mosteiro. Ele aceitou o conselho. De imediato foi levado ao monge superior, o qual – conhecendo seu passado - perguntou-lhe: O que você sabe fazer bem? Bráulio era eficiente em muitas áreas. Todavia, em sua maioria eram malandragens. Ficou constrangido com seus próprios pensamentos. Suou. Por fim, gaguejou: Sou um excelente jogador de canastra. Uhmmm... Exclamou o Superior. Então, chamou outro monge, que estava sério no canto da sala, ordenando: No armário tem um baralho. Traga aqui, sente-se e jogue com ele. Antes de começar o jogo, o Superior alertou: Novato! Se você ganhar, pode ficar no mosteiro. Mas, o perdedor sairá. O outro monge - mais idoso - olhou assustado, mas não reclamou. Bráulio embaralhou e deu as cartas. O jogo começou. Muito concentrado e hábil, o jovem tinha um jogo perfeito nas mãos. Contudo, reparou o rosto apavorado do seu adversário. Refletiu consigo: O que será dele fora deste lugar? Dali em diante, Bráulio foi desmanchando seu jogo, entregando as cartas até, por fim, perdeu a partida. Interessante! Disse o Superior. Você estava com a partida ganha. Tinha o adversário em suas mãos. Bastava o golpe fatal. Mas, preferiu o sacrifício para salvar o outro. Isso se chama misericórdia, virtude necessária para quem é consagrado ao Senhor. Então, você terá o seu lugar entre nós. No Sermão do Monte, Jesus deixou claro: Felizes os misericordiosos, pois alcançarão a misericórdia (Mateus 5.7).