Eusébio era apenas um na multidão. Trabalhava para comer. Comia para trabalhar. Todavia, certo dia acordou com uma ideia estranha, aliás muito maluca. Ele desafiou o seu melhor amigo: Se você quiser vida boa, venha comigo e me ajude. Vamos até a capital do reino. Ele tinha ajuntado uns trocados. Assim, passou no alfaiate onde mandou fazer belas roupas. Quando chegou na capital, ambos começaram a passear pelas ruas. De bar em bar, de praça em praça foram espalhando a notícia de que havia na cidade um professor de burros. Ele ensinava o animal a falar. A capital era relativamente grande, mas carente de novidades. O boato se espalhou como fogo até chegar aos ouvidos do rei que de imediato chamou o mestre Eusébio ao palácio. O rei fez mil-e-um questionamentos, pois era muito curioso. Por fim, o mestre disse: Garanto! Em 10 anos de aulas faço um burro falar. Rei! Você ficará famoso no mundo inteiro. Então, o monarca topou a parada. Mas, continuou Eusébio, olhando ao seu amigo: Precisamos morar no palácio. Mas, o salário será de apenas uma moeda de ouro por mês. Uma verdadeira pechincha. O que me garante que você cumprirá o tratado? Perguntou o rei. Cumprindo-se o tempo, se de alguma forma o resultado não agradar ao amado rei, mande decapitar, tanto a mim, quanto ao meu auxiliar, por justa causa. O rei concordou e já encaminhou a situação ao seu ministro, dizendo: Arranje o aposento no palácio e tudo aquilo que o mestre precisar. Na estrebaria real, lhe dê o melhor burro. Eu vou ficar famoso no mundo inteiro. Um burro que fala! Quem diria. Ao sair da sala do trono, o amigo questionou: Eusébio! Você está louco? O burro jamais falará. Nós seremos decapitados. Então, o mestre disse: Vamos viver do bom e do melhor durante 10 anos. Até lá é possível que o burro morra, ou o rei, ou um de nós dois. O que fazer? Infelizmente, vivemos em um mundo de espertalhões e aproveitadores. Na verdade, a procura pela “fama” tanto do mestre, quanto do rei é uma armadilha, que nos afasta de Deus e traz prejuízo ao semelhante. No papo furado da serpente – “vocês serão como Deus” (Gênesis 3.5) – é que o casal foi expulso do Paraíso. Mas, sempre de novo, precisamos orar por bom senso. Que Deus nos livre dos espertalhões!