Paróquia Martinho Lutero

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Cuidado!

28/11/2021

 

Saulo era um cidadão romano. Como funcionário público, zelava pelo seguimento correto da fé judaica, prendendo aqueles que tinham um pensamento contrário. Até que, certo dia, ele mesmo “caiu do cavalo”. Descobriu o sentido para sua própria vida em Jesus Cristo, justo aquele a quem perseguia. De crítico, tornou-se apoiador, mensageiro e missionário. Como tinha passe livre para circular no império, entendeu que sua missão era justamente levar o Evangelho onde outros tinham dificuldades. Assim, empreendeu várias viagens missionárias. Também, chegou numa cidade portuária, grande e rica, chamada Tessalônica, na Macedônia (atual, Grécia). Reunindo algumas pessoas interessadas em conhecer melhor Jesus, criou ali uma pequena comunidade cristã. Todavia, desde o início, enfrentou forte oposição das autoridades locais, forçando-o a partir antes do previsto. Partiu, mas deixou um jovem chamado Timóteo para pastorear a recém-criada igreja. Alguns anos depois, recebeu a visita daquele jovem que lhe trouxe notícias da comunidade. Através de Timóteo, Paulo escreve e envia uma epístola (carta) aos tessalonicenses. São palavras antigas que ainda contém lições preciosas à comunidade atual. Ouçam um pequeno trecho...

COMO PODEMOS SER SUFICIENTEMENTE GRATOS A DEUS POR VOCÊS? COM MUITA ALEGRIA, PRECISAMOS AGRADECER. NOITE E DIA, COM PERSEVERANÇA, ORAMOS PARA QUE POSSAMOS VÊ-LOS PESSOALMENTE E SUPRIR O QUE FALTA À FÉ QUE VOCÊS TÊM. QUE O PRÓPRIO DEUS E O NOSSO SENHOR JESUS PREPAREM O CAMINHO ATÉ VOCÊS. QUE O SENHOR FAÇA CRESCER E TRANSBORDAR O AMOR QUE VOCÊS TÊM UNS PARA COM OS OUTROS E PARA COM TODOS, A EXEMPLO DO NOSSO AMOR POR VOCÊS. QUE ELE FORTALEÇA OS SEUS CORAÇÕES PARA SEREM IRREPREENSÍVEIS EM SANTIDADE, PREPARANDO-NOS À VINDA DE JESUS COM TODOS OS SEUS SANTOS (1ª TESSALONICENSES 3.9-13).

Tessalônica era uma cidade grande com muitas ofertas em todos os sentidos, também à fé. De repente, fugindo ao ritmo da cidade, surge uma pequena comunidade cristã, ainda bastante imatura, mas com interesses bem diferentes daquilo que era ofertado. Tessalônica era uma cidade pagã, com deuses e cultos estranhos. Hoje vivemos numa sociedade cristã. Contudo, na realidade, há inúmeros deuses que tentam nos desviar de Jesus. Por exemplo, vou citar apenas dois deuses. Jesus já disse que era impossível servir a Deus e ao dinheiro (Mateus 6.24). Desde sempre, houve o culto ao dinheiro, onde o mais importante é o lucro. O resto é o resto. A corrupção e os abusos correm soltos. A política vira politicagem. A igreja vira um negócio. Também há o culto ao corpo, onde as modas vão e vem, o que de fato também está relacionado à questão comercial. Ou seja, ao dinheiro. As pessoas investem tempo e recurso para se sentirem atualizadas. As ofertas de roupas, acessórios, equipamentos eletrônicos, diversões crescem dia a dia. O mundo gira em torno do comércio. “Black Friday” é a Festa da Colheita no comércio. Idem, ao Natal, Páscoa, dia dos pais, das mães e das crianças. Comprar dá alegria para muitos. Ganhar e dar presentes também, por isso o tão famoso “amigo secreto” faz tanto sucesso. Mas, será que de fato o “dinheiro” ou o “comércio” darão contentamento ao coração humano?

O apóstolo elogia a pequena comunidade cristã de Tessalônica por não se deixar levar pelas modas e ofertas. Eles aceitaram o Evangelho e agora passo a passo seguem a vida de fé em busca da santidade. O antigo credo já dizia que a igreja é a “comunhão dos santos”. Ou seja, daqueles que Deus escolheu e separou. Não sou eu quem escolhe. É Deus quem me escolhe. Isso fica bem claro no momento do Batismo. Como cristãos apenas nos esforçamos em nos manter no caminho, junto com outros irmãos, sendo trabalhados pelo Espírito. O apóstolo igualmente nos lembra de que não somos melhores do que os outros, apenas “acordamos” para Jesus, que é a verdade. O despertamento é obra do Espírito Santo. Agora, como comunidade, nos fortalecemos mutuamente. Paulo alerta também para o fato de que jamais estamos prontos. A plenitude só será alcançada na eternidade. Aqui aprendemos dia a dia. Por isso, a humildade, a disciplina e a perseverança são virtudes cristãs necessárias e constantes.

O resultado de tal caminhada se observa no amor. Não há tesouro maior do que experimentar o amor de Deus e poder reparti-lo com os outros. Aliás, não apenas repartir entre aqueles que pertencem ao mesmo grupo. O próprio Cristo nos alerta de que amar o semelhante praticamente todos fazem. O que nos distingue dos pagãos é amar ao diferente, até mesmo àquele que se opõe ao nosso jeito. É preciso chegar ao ponto de orar pelo “inimigo” (Mateus 5.43-48). Da mesma forma, o apóstolo insiste no reconhecimento de que o amor não é estático. Ele se descobre e cresce. Então, se há dificuldades em amar ao outro dentro ou fora de casa, dentro ou fora da igreja, precisamos pedir socorro ao Senhor que nos ilumine e ajude. Ele envia o seu Espírito. Então, aquela pessoa que “não” reconhece Jesus ou escolheu “outro” caminho deixa de ser adversário. Antes de ser apenas julgado a partir de nossos conceitos espirituais, passa a ser alguém que precisa ser ouvido e ajudado. O desafio é dar um basta ao preconceito, abrindo espaço à paciência e ao amor. Infelizmente, muitos cristãos se acham “espiritualmente” melhores e superiores aos demais. Isso não ajuda, antes atrapalha o nosso testemunho.

Definitivamente, os valores que regem nossa conduta não são do mundo. Como todo cidadão, vivemos cercados pelo comércio e pelas modas. Elas nos afetam, mas não determinam nosso agir. Queremos ter roupas e aparelhos modernos, morar numa casa confortável, se possível ter uma bicicleta ou um carro. Mas, de fato, aguardamos as vestes e a morada celestial. Quando será não sabemos, mas aguardamos. Por isso, Paulo termina seu trecho da carta dizendo “tirando a culpa, nos preparamos à vinda de Jesus”. Advento é tempo de preparação à chegada do menino salvador, Jesus. Lembramos o Natal, sim. Mas, jamais esquecemos da promessa da volta de Jesus, a qual pode acontecer a qualquer momento, inclusive antes do Natal. Então, dia após dia, buscamos o perdão do Senhor. Entregando nossa culpa, somos orientados pela Palavra, a qual nos anima ao testemunho e ao serviço. Amém!
 


Autor(a): P. Euclécio Schieck
Âmbito: IECLB / Sinodo: Norte Catarinense / Paróquia: Garuva-SC (Martinho Lutero)
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Testamento: Novo / Livro: Tessalonicenses I / Capitulo: 3 / Versículo Inicial: 9 / Versículo Final: 13
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 65362

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