Vejo meus cabelos brancos. Vejo-os na Cacá. Não há como negar. Agora somos dois cinquentões. Também a nossa Comunidade de Garuva está beirando os 100 anos. Das dez famílias originais, algumas desapareceram, outras mudaram de região ou de denominação. Quem será que ganhou especificamente com esta última mudança? Algumas pessoas estão constantemente descontentes com a sua igreja. Não conseguem se resolver, muito menos resolver seus problemas. Querendo ser diferente, fazem-se igual há muitos outros. Fogem do tradicional à mesmice das novas ondas. Assim vão, de moda em moda, de denominação em denominação, de filosofia em filosofia, sem jamais estarem contentes. No meu ministério, cruzei por muitas cidades. Volta e meia, surgia uma nova igreja que ficava na moda por um tempo. Até surgir outra! Os que abandonavam a fé original acabavam se tornando “peregrinos”, sempre achando “isso ou aquilo” na igreja anterior e partindo para outra. Não acuso, apenas constato. Porém, existem pessoas – a grande maioria - que se contentam, não negam e até aproveitam os cabelos brancos, pois “envelhecer” faz parte da natureza humana. É necessário reconhecer que não somos perfeitos, mas mesmo assim podemos amar e respeitar. A idade traz a experiência e uma história que merecem ser compartilhadas. Eu olho para trás, releio a minha história e das comunidades onde servi. Sempre de novo me pergunto: Quais marcas recebi daqueles que passaram e quais posso deixar às futuras gerações? Afinal, qual será minha herança?