Paróquia Martinho Lutero

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Buscai primeiro...

07/12/2021

 

No Sermão do Monte, Jesus alertou que evitássemos tirar ou acrescentar algo às Escrituras. Muitas vezes ao ler a Bíblia ou ouvir um sermão, podemos – por falta de atenção - deixar passar algo importante ou – por preconceito - interpretar mal alguma questão. É bom lembrar que Bíblia toda está centrada na pessoa de Jesus e na prática do amor. Onde falta Jesus ou o amor de Deus não fique claro, precisamos voltar e revisar o conteúdo apresentado, mesmo no Antigo Testamento.

Por exemplo, o Evangelho desta noite traz como título “o perigo das riquezas”, que sucede à história do Jovem Rico. Recordamos que certo moço tinha muitos bens. Ele era inteligente e religioso. Tinha uma vida exemplar. Todavia, não tinha certeza da sua salvação eterna. Ele procurou a resposta no lugar certo. Jesus, por sua vez, reconhece os méritos do jovem. Contudo, desafia-o para deixar tudo de lado, seguindo-o numa vida simples. Porém, o jovem virou suas costas e tomou outro caminho. Ele continuava confiando mais em si e nas suas qualidades. Não se entregou a Cristo.

Assim o evangelista Marcos narra o episódio que segue ao encontro: “OLHANDO AO REDOR, JESUS DISSE AOS SEUS DISCÍPULOS (DA GALILEIA E DE GARUVA): OS RICOS DIFICILMENTE ENTRARÃO NO REINO DE DEUS” (Marcos 10.23). Diante da experiência vivida com o moço, Jesus foi taxativo: Rico não entra no céu! Todavia, fez questão de destacar a palavra “dificilmente”, pois para Deus não há impossível. A salvação sempre depende dele e não da gente, por mais que sejamos “bonzinhos”.

O texto continua: “OS DISCÍPULOS ESTRANHARAM A COLOCAÇÃO. JESUS INSISTIU EM AFIRMAR: É BEM DIFÍCIL ÀQUELES QUE CONFIAM NAS SUAS RIQUEZAS ENTRAREM NO REINO DE DEUS” (v.24). Jesus faz uma colocação. Mas, para evitar mal-entendidos, dá um reforço na palavra certa. A questão toda está na fé ou melhor na confiança. Você deixa o carro em ordem e prepara uma viagem. Embarca e vai confiando no carro, sem ligar para Deus? Tal confiança não assegura o sucesso da viagem. Eu penso muito na moça que morreu dias atrás, Marília Mendonça aos 26 anos. Era bonita e inteligente. Fazia sucesso e tinha dinheiro. Do que adiantou isso, diante da fatalidade? Qual o mérito ao chegar na presença de Deus? Vai dizer o quê? Fiz tanto shows, tenho tantos fãs, me dá uma chance aí?

Jesus jamais desmereceu o rico. Zaqueu encontrou o caminho da salvação. Muito menos, negou a inteligência. Paulo era um gênio e assim fez missão. Não há problema em ter dinheiro e bens. Não há dificuldade em ter muito estudo ser inteligente. Feliz é que aquele que encontra sucesso e respeito diante da sociedade. Que fique contente quem tem força e saúde. Mas, são tesouros deste mundo, que ficam aqui. Àqueles que confiam demasiadamente em sua religião ou igreja, dizendo que só será salvo quem for batizado e participar aqui, terão uma surpresa. Àqueles que se vangloriam de sua raça, ideologia, nome, partido ou profissão terão surpresas. Nada deste mundo traz segurança definitiva e salvação. O “perigo” citado no texto é endeusar o que é do mundo em detrimento do que é divino: Jesus!

Jesus como mestre é craque nas ilustrações. Ninguém ensinava como ele. Seus exemplos esclareciam o povo. Então, ele traz uma figura: “É MAIS FÁCIL PASSAR UM CAMELO PELO FUNDO (NÃO É “FURO”) DE UMA AGULHA DO QUE ENTRAR UM RICO NO REINO DE DEUS” (v.25). A agulha citada não se refere à costura. Ela aponta à viagem e ao transporte. O camelo era usado às viagens, mas principalmente ao transporte de mercadorias. Na Palestina, entre as montanhas, havia muitas passagens estreitas, chamadas de agulhas, por isso a expressão “fundo da agulha”, onde um camelo carregado não dava jeito de passar. Enroscava e ficava preso. Então, era preciso liberar a carga.

Em Panambi, eu tinha um amigo chamado Arno Loose (†), dono da funerária, sujeito simpático e divertido. Certa vezes, de carona no rabecão, ouvi dele a seguinte colocação: O pastor reparou que na minha Veraneio não há engate para reboque. Aqui só vai o caixão com o falecido. Tudo o que ele ajuntou fica para trás. Mas, poucos estão conscientes disso. Então, pergunto à comunidade: Qual é o melhor investimento: Deixar um bom exemplo à família ou muitos lotes e uma poupança gorda? O que terá mais proveito?

Marcos dá sequência à proclamação: “OS DISCÍPULOS FICARAM SURPREENDIDOS E COMENTAVAM ENTRE SI: ENTÃO, QUEM PODE SER SALVO? JESUS OS FITOU E DECRETOU: PARA AS PESSOAS É IMPOSSÍVEL. CONTUDO, PARA DEUS TUDO É POSSÍVEL” (VV.26-27). Entendo assim: Para um judeu, ser religioso e ter posses era sinal de bênção. Mas, Jesus de novo escancara que a salvação não depende de nós. Não é nosso mérito. Antes, mérito de Cristo na cruz. Eu mesmo preciso confessar que só estou vivo física, mental e espiritualmente por Deus. Por mim mesmo estaria lascado. Se não fosse o cuidado de Deus, minha família, saúde e ministério iriam à breca. Só por Deus.

Em seguida, como noutras vezes, Pedro assume a palavra pelos demais discípulos e diz: “EIS QUE DEIXAMOS TUDO PARA TE SEGUIR”. JESUS RESPONDE: “EM VERDADE TE DIGO QUE AQUELES QUE DEIXARAM FAMÍLIA E BENS POR MINHA CAUSA E POR AMOR AO EVANGELHO, EM MEIO ÀS PERSEGUIÇÕES, RECEBERÃO CEM VEZES MAIS FAMILIARES E BENS, CULMINANDO NA VIDA ETERNA” (VV.29-30). Precisamos ter muito cuidado ao interpretar, tanto o comentário de Pedro, quanto a resposta de Jesus. Em nome do Evangelho, não podemos e não devemos ser desleixados com nosso bens e talentos. Não precisamos relaxar no trabalho e com as obrigações, nem descuidar da família e círculo de amigos. A questão se resume em achar o ponto de equilíbrio, colocando Deus em primeiro lugar. O foco precisa sempre estar em Jesus e no seu reino.

Jesus conclui sua lição com a afirmação: “MUITOS PRIMEIROS SERÃO OS ÚLTIMOS. OS ÚLTIMOS, PRIMEIROS” (V.31). Meus bens, talentos e oportunidades, minha força física e capacidade intelectual, minha família e meu círculo de contatos... Tudo em prol do anúncio do Evangelho. Não é preciso negar, antes “consagrar”. Somente, então, os olhos e o coração vão perceber que aquilo que a princípio pareceu perda se torna ganho real. As bênçãos estão aí para serem repartidas. Em busca de tesouros celestiais, uso o que tenho e sou o que sou no serviço do Senhor.

Para terminar, ninguém chega a Deus por mérito próprio. Ninguém consegue se justificar. Mas, somos justificados e a nossa conta fica “acertada” pelo sangue de Jesus. O jovem rico escolheu “não” experimentar tal graça. Virou as costas e partiu, continuando no mesmo ritmo de vida, centrada em si e nos seus próprios méritos. Continuou buscando sentido ao seu vazio, mas longe de Jesus. Ou seja, uma busca sem resultado, sem satisfação. Depois de refletir sobre o diálogo de Jesus com seus amados, vem a derradeira pergunta: Qual caminho vamos escolher? Ao lado ou para longe de Cristo? 1ª João 5.12 diz: Quem tem o Filho (Jesus) tem a vida! O que queremos?

Em 1975, o ministério Vencedores por Cristo gravou “Buscai Primeiro”...


Autor(a): P. Euclécio Schieck
Âmbito: IECLB / Sinodo: Norte Catarinense / Paróquia: Garuva-SC (Martinho Lutero)
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Testamento: Novo / Livro: Marcos / Capitulo: 10 / Versículo Inicial: 23 / Versículo Final: 31
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 65490

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