Pedro era uma pessoa estabelecida. Tinha uma vida confortável. Administrava uma empresa de pesca. Estava cercado com uma bela família e muitos amigos. O que lhe faltava? Bastava deixar os dias correrem com normalidade, agradecendo a Deus por tudo o que havia alcançando. Mas, certa manhã apareceu um sujeito na praia que o desacomodou. Após uma noite intensa de trabalho, cheio de vontade de ir para casa, ocorreu o chamado: Doravante, você será pescador de gente! Pedro conhecia de longe aquele que o desafiava. Jesus era um jovem Mestre, que pensava diferente dos demais. Ele tinha autoridade. Não apenas falava. Mostrava na prática o que era amar a Deus e ao semelhante. Diante do chamado, dizer sim ou não? Uma decisão precisa ser tomada: Conforto ou discipulado?
Ele topa o desafio. Caminha por três longos anos ao lado do Mestre. De mandachuva subordina-se a ser aprendiz. Jesus trabalha seus conceitos. Mexe no fundo do seu coração. Ele passa a entender que tudo na vida tem um propósito. Inclusive, a morte do Mestre. Ele tenta não aceita, até nega e reluta. Por fim, chora. De aprendiz, torna-se líder na nova empreitada: Proclamar ao mundo o nome do Salvador. Como na pescaria de barco, Pedro sabe que não está só. É uma equipe onde os discípulos fazem outros discípulos (Mateus 28.19). Ele aprendeu muito com Jesus. Mas, ainda há muito que aprender e, principalmente, muito a fazer.
A partir de Jerusalém, Pedro organiza a igreja. Os ensinos e a prática de Jesus não podem ficar sob a poeira do tempo. Em especial, os judeus devem ser convencidos de que o Messias é Jesus. Ele é o rei. Diferente de Davi que tinha sangue nas mãos, o Rei Salvador derrama – tal qual Cordeiro sem defeito – seu sangue pela humanidade. Pedro, mesmo relutante, por fim entende que a proposta do Reino se estende ao mundo inteiro. Agora o povo de Deus é aquele que crê no Salvador. Por isso, dá crédito para que Paulo siga em direção aos gentios. Ao Evangelho não há fronteira humana. Em Roma, já idoso, o apóstolo junta-se ao propósito maior escrevendo duas cartas aos cristãos do mundo inteiro, de todas as épocas.
Na sua primeira epístola, Pedro deixa claro que não é fácil ser cristão. A vida sob a Palavra traz confronto com os costumes e valores deste mundo. Mas, de forma alguma, a nossa esperança pela Eternidade deve nos isentar de querer o bem e construir uma sociedade mais justa, com valores do Reino. Em 1ª Pedro 3.13-17, o apóstolo destaca a necessidade dos cristãos não se isolarem do mundo. É preciso ser sal e luz (Mateus 5.13-16). Também, jamais pagar o mal com o mal, antes promover o bem pelo nosso fiel testemunho. Sejam nossas palavras, sejam nossas atitudes, que apontem diretamente ao caráter de Cristo. Ele veio para salvar. Somos cooperadores. Ou melhor: “Despenseiros da multiforme graça de Deus” (1ª Pedro 4.10).
Para concluir, me pergunto: O que pode fazer um humilde pescador do Mar da Galileia? Como consegue um homem de cabeça dura conquistar corações para Jesus? Ainda mais: Pode um iletrado escrever uma epístola? Vale que Pedro tinha a firme compreensão de sua vocação. Deus chamou. Ele disse: Eis-me aqui! Em seguida, mesmo sendo um “casca grossa”, ele permitiu que a Palavra de Jesus trabalhasse seu forte gênio. Por fim, até chorou. Mas, mesmo assim, depois disso, precisou de disciplina constante. Por fim, Pedro não era dono da obra. Sabia dar a palavra certa na hora certa. Sabia ouvir. Sabia ajudar e deixava-se ajudar. O objetivo não era sua própria pessoa, muito menos uma nova religião ou a derrota dos judeus. A razão de tudo era proclamar o nome de Jesus. Somente!
Hoje, sou eu. Somos nós. Diariamente vem o chamado. Ouço e obedeço. Ou: Faço de conta que não é comigo. Há gente que precisa ser pescada. Muitos sequer ouviram do Salvador. Outros vivem se escondendo da Palavra. Na Seara do Senhor, há espaço para você. Mas, não esqueça. Você não é o “ban-ban”. É mais um na grande equipe de Jesus. Discípulo que faz discípulo, em casa, entre os amigos, na empresa, na escola. Agindo e, constantemente, sendo moldado pelo caráter de Cristo. Que Deus te abençoe!