Por alguns anos servi como capelão junto ao Colégio Evangélico Panambi. Entre as inúmeras tarefas, havia o “Círculo de Comunhão”. Eram encontros realizados no recreio com alunos que tinham vínculo com algum grupo de jovens na cidade. Ou seja, era um encontro ecumênico, momento de louvor, reflexão e oração. Numa oportunidade, segunda à noite, apareceu um jovem muito contente. Após o encontro, curioso perguntei: O que houve? Fui batizado! Disse ele. Continuando, questionei: Caramba... Mas, você está há tempo na igreja “tal”, ajuda no louvor, etc... Você não era batizado? Sim, pastor! Sou batizado. Mas, mudei de igreja e “me” batizei “de novo”! É muito complicado. A discussão sobre o Batismo sempre resulta em confusão. Como luterano, creio que o Batismo é presente (graça) de Deus. Ele me concede. Ou seja, pertence a Ele. Mesmo sem que a criança tenha conhecimento ou os pais e padrinhos tenham muita clareza “confessional”, ele continua sendo dádiva divina à humanidade atolada no pecado. Já na época de Lutero (e na sequência da história) as pessoas desejaram adonar-se do Batismo, tirando o destaque da “graça”, entendendo-o como “obra” humana. A nova compreensão passou a ser... Eu decido quando quero ser batizado, pois o Batismo é a “minha” resposta a Deus. Tal entendimento traz uma lógica. Porém, diminui o sentido da gratuidade, principalmente quando a pessoa se deixa rebatizar, negando aquele recebido na infância. Para ampliar a crise no entendimento da graça de Deus, algumas denominações exigem de todos aqueles que ingressam na “sua” igreja sejam rebatizados. Minha opinião... Primeiro, o Batismo não me pertence. É dado por Deus. Segundo, batizado foi, batizado está! Impossível repeti-lo. Terceiro, abusa do nome de Deus (2º Mandamento) aquele que repete o Batismo. Entretanto, quando casais pedem que seus filhos sejam apenas “apresentados” à Comunidade, para depois serem batizados na adolescência (ou quando quiserem por si mesmos), respeito e atendo o pedido. Mas, sempre esclarecendo que tal atitude não corresponde à principal ênfase da Teologia Luterana, que é à graça de Deus, pois é Ele quem nos alcança com seu amor. Como diz o apóstolo Paulo: Não podemos nos esquecer jamais que somos salvos pela graça de Deus e não por mérito próprio (Efésios 2.8-9).