Vocês sabem o que diz a linha para a agulha? Vai à frente que eu vou atrás de você.
É um destes dizeres populares que surge na roda de conversa dos jovens ou nas brincadeiras de crianças.
Fazendo uma análise da imagem, notaremos que tem muita sabedoria atrás da imagem.
Ela nos leva a um desafio interessante, porque tem vários pontos de partida para refletir.
Existem as pessoas que não conseguem fazer nada sozinhas. Sempre precisam que alguém esteja na frente. Ou seja, qualquer trabalho que necessitam realizar, sem se apoderar de sugestões de outros, não conseguem terminar. Qualquer idéia que surja delas, antes de colocá-la em prática, precisam-na submeter à aprovação. Ligeiramente chegaremos à conclusão que estas pessoas são inseguras, não têm convicção, não têm confiança em si mesmas.
Dentro deste grupo, no entanto, podemos encontrar as pessoas que gostam de compartilhar seu trabalho, suas descobertas, suas sugestões, porque sentem que a segurança é maior quando os outros acordam ao resultado que se quer chegar. São as pessoas que têm visões coletivas.
As pessoas que vão à frente, nós denominamos de líderes. Líderes se sentem na obrigação de tomar iniciativas. Eles precisam estar na frente. Existem, por exemplo, aquelas pessoas, quando não estão tomando a primeira palavra não se sentem seguras consigo mesmas. Elas vêem, até nos outros, que devem tomar a iniciativa. Mas, há também um grupo de pessoas que são líderes e não falam, são carismáticas por natureza e lideram por conveniência.
Independente da sua qualidade inata, será que existem pessoas mais importantes que outras? Do ponto de vista social ou do mercado, se diz, importante é aquele que se impõe, quem tem as iniciativas.
Vamos agora nos ocupar com o dizer popular acima. Duas figuras interessantes. A linha e a agulha. Cada uma tem a sua função. A agulha, que é rígida, precisa ir à frente. Mesmo com a função de entrelaçar não é flexível, nem dinâmica. Ela depende completamente da flexibilização dos outros, ou seja, do que está na frente e do que vem atrás. No entanto, ela é a primeira. Se ela não tomar a frente, atrás nada acontece. A linha, por outro lado, é flexível, dinâmica e disposta. Mas, para que seu trabalho apareça, ela precisa empurrar a responsabilidade da iniciativa adiante: “Vai à frente que eu venho atrás”. Ambas, a agulha como a linha, precisam uma da outra. A agulha é a líder. Cria o entrelaçamento. Mas, nada representa se não vier atrás dela o entrelaçado. A linha, igualmente, nada faz e nada será se não disser: “Vai”. Ambas são, ao mesmo tempo, solitárias e dependentes.
Por que a sociedade, geralmente, só valoriza os que estão na frente?