Otto completou 18 anos. Por telefone, o avô que morava no interior deu-lhe os parabéns e aproveitou para fazer uma oferta: Assim que tiver a Carteira de Motorista, você pode vir buscar o meu carro. Acabei de adquirir uma camionete em bom estado. Vou deixar o antigo contigo, caso você queira. O garoto ficou curioso. De fato, não lembrava que o avô tinha um carro. Aliás, como moravam bem distantes, pouco se visitavam. Mas, ganhar um carro é uma grande coisa. Que carro seria? Para resolver a charada, perguntou à sua mãe: Qual é o carro do Opa? A mãe coçou o queixo e disse: De fato, não sei. Ele nunca teve carro. Será que é uma pegadinha dele? Ele sempre brincalhão. Intrigado, Otto continuou: Como é que ele leva a Oma à cidade? A mãe estava séria. Ele só vai à cidade para vender as verduras. Quando a Oma precisa, acompanha. Mas, não é um carro. É uma Kombi. Será que ele vai te dar a Kombi? Só pode! Otto entristeceu-se. O que vou fazer com uma lata velha? Daquele dia em diante, meio encabulado, planejou vender o “cacareco” por uns trocados, colocando o valor na poupança. De maneira discreta começou a pesquisar entre os amigos e na internet o valor do veículo. Fuçou daqui, fuçou dali, até que veio uma “luz”. Então, fez nova pergunta à mãe: Donde veio a Kombi do Opa? A mãe recordou que ele já lidava com verduras antes do casamento. Seu “bisa” o presenteou com uma Kombi para o trabalho. Os olhos do Otto se brilharam. Quanto tempo faz isso? Você mesmo pode responder – disse a mãe – pois, no ano passado, eles completaram Bodas de Ouro. Somente aí Otto percebeu que receberia do avô uma relíquia. Então, a mãe compreendendo a alegria do filho, emendou: Ele cuida tão bem da Kombi quanto da sua avó. De imediato, o “cacareco” virou um “tesouro”. Otto não via a hora de buscar o seu presente. Infelizmente, vivemos no mundo do “descartável”. A regra básica é usar e jogar fora. Em seguida, adquirir outro. Isso não vale somente aos objetos. Hoje, as relações pessoais e vida espiritual pegaram o mesmo rumo. Os casamentos são descartáveis. As amizades, idem. Com muita facilidade, as pessoas trocam de religião ou de denominação. Na era do consumo, nada satisfaz. Aliás, somente Jesus traz plena satisfação. Quando ele ocupa o centro, tudo ganha novo valor. Sem Jesus, tudo é descartável.