Olhando ao presépio, reparamos a família sagrada, os anjos, os pastores, os sábios e os animais. Eis a nossa imagem do Natal com seus personagens. Mas, será que não há mais gente envolvida na história? Por exemplo, onde está o dono da estrebaria ou do jumento que levou Maria? Onde estão os sogros e a família de José e Maria? Quem lhes deu guarida nos dias de viagem? A imaginação se expande. Outros personagens se apresentam, mas todos sem nomes. Pelo propósito de Deus, também os “cooperadores anônimos” tornaram o Natal possível.
De Corinto, com 50 anos nas costas, Paulo escreve uma extensa carta à pequena comunidade romana. Nas palavras finais, ele faz questão de dizer que não está sozinho na missão. Ele cita o “cooperador” Timóteo, os “parentes” Lúcio e Sosípatro, o “secretário” Tércio que escreveu a carta, o “hospedeiro” Gaio, o “funcionário público” Erasto e ainda “outro” chamado Quarto (Romanos 16.21-24). Noutras palavras, ele faz questão de dizer que faz parte de uma equipe missionária maior, a qual caminha num mesmo propósito. Tal apresentação traz consigo uma reflexão: Afinal quem é a igreja? Ou melhor, quem faz uma comunidade andar? A partir disso, eu preciso me perguntar: Qual é o meu papel na comunidade? De que forma você e eu seríamos citados pelo apóstolo?
Deus é Todo-Poderoso. Ele age e faz do jeito que bem quiser. Mas, resolveu escrever uma linda história de amor com a humanidade, onde estamos profundamente envolvidos, não somente com receptores, mas também agentes da graça. Por isso, nos versos finais da carta aos romanos é dito: “Louvemos a Deus! Pois ele pode conservar vocês firmes na fé, de acordo com o Evangelho que eu anuncio, isto é, a mensagem a respeito de Jesus Cristo. E de acordo também com a verdade secreta que nunca foi revelada no passado. Porém essa verdade foi revelada agora por meio daquilo que os profetas escreveram. E, por ordem do Deus Eterno, ela se tornou conhecida em todas as nações, para que todos creiam e obedeçam. Ao Deus único e sábio seja dada glória para sempre, por meio de Jesus Cristo! Amém” (Romanos 16.25-27).
Deus criou o mundo em plena harmonia. Coube ao casal somente a obediência e a adoração. Mas, havia a liberdade de opção: Seguir a Deus ou dar vazão aos próprios instintos. A oferta do maligno levou Adão e Eva à desobediência, resultado na expulsão do paraíso, na desarmonia entre as pessoas, com a própria natureza e – o mais terrível – com o Criador. Todavia, doravante na história da humanidade, o que se percebe é um empenho constante de Deus para ajeitar – com muito amor - a situação. Em especial, os mandamentos são instituídos para a obediência. Uma elite se torna responsável em interpretar e transmitir as leis. Em seguida, Deus escolhe homens e mulheres para serem porta-vozes da mensagem divina. Os profetas foram essenciais na história de Israel. Mas, chegou num ponto onde a dureza é tamanha, que eles só conseguem apontar à solução definitiva com a vinda do Messias. Eis o “plano secreto” de Deus, que se apresenta entre o Natal e a Páscoa. Percebam quantas pessoas estão envolvidas nesse projeto maior. Algumas recebem destaque com nomes citados até no rol dos heróis da fé. Contudo, quantos mais não são citados, mas cooperaram na chegada do Messias?
Chegou o Natal! É o início da história do Deus encarnado, vivendo entre nós, que culmina na cruz e ressurreição. Os mandamentos e os profetas não perderam sua vez, nem seu sentido. A lei continuará mostrando o quanto somos fracos e falhos. A voz dos profetas continuará ecoando geração após geração no sentido de que devemos ouvir e seguir a voz de Deus. Mas, agora a “voz”, o “verbo” de Deus se fez carne. Diante da fragilidade humana e do gosto pelo pecado e desobediência, há uma oferta de redenção. Em meio às dificuldades tão comuns ao ser humano, aquele menino nascido em Belém se torna a proposta final de Deus à nossa salvação. Se os nossos olhos de fato se voltarem à estrebaria, meditando com atenção, não haverá outra alternativa senão entregar-lhe o coração. Assim fizeram aqueles felizes pastores de ovelhas e também os sábios do oriente.
Hoje fisicamente estamos distantes no espaço e no tempo da estrebaria em Belém. Todavia, se o nosso coração estiver ligado ao menino JESUS, passamos a fazer parte daqueles que “cooperam” na construção do Reino de Deus, que alcançará sua plenitude com o Advento de Cristo. Bons preparativos ao Natal. Faça a sua parte para que Jesus nasça em muitos corações. Amém!