No exterior, já era reconhecida a tragédia do Coronavírus. Todavia, até o Carnaval, o povo brasileiro acompanhava à distância o caso sem maior interesse. Bastava pensar: Coitado dos chineses! Eles estão morrendo. A crise se aproximou: Credo! Agora é na Itália. De repente, o vírus atravessa os mares e bate à nossa porta. Ninguém consegue detê-lo, por isso é pandemia. Ninguém sabe bem o que fazer, por isso o desespero. Isolamento é a melhor solução. Na China foi imposta à marra. Na Europa, como conselho. Algumas nações capricharam mais. Outras, menos. Por isso, a diferença no número de fatalidades. Há quem continue brincando com a situação. É uma gripezinha. Só mata “véio”. Há quem coloca piedosamente tudo nas mãos de Deus: Seja o que Ele quiser! Simples, mas inconsequente. A situação é séria. Na certa, 50% do povo contrairá a doença. Pessoas de teu convívio irão morrer. Quem? Lulu Santos, sem imaginar nossa realidade, cantou: “Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia”. 2020: A vida daqui para frente correrá noutro ritmo. O jeito das pessoas se relacionarem. O comércio precisará se adaptar. As igrejas se redescobrirem. Aliás, como sacerdote, preciso me reinventar. Mas, de coração aberto, preciso me perguntar: Nessa nova realidade, a fé faz alguma diferença? Desde sempre, a fé traz esperança no meio do caos. Na eminência da destruição, Noé construiu a Arca. Não vivemos tempos de aniquilação. Mas, precisamos de organização e muito cuidado com a família e a criação. São lições de Noé e sua casa. A solidariedade é necessária. A fé em Jesus pode ser o nosso combustível à ação. A nossa comunidade pode ser a maneira de nos organizarmos para prosseguir. Nas palavras do apóstolo: “Agora permanecem a fé, a esperança e o amor. Acima de tudo o amor” (Para com Deus e à vida, 1ª Coríntios 13.13).