DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO 2013 - FRANÇA
Estudo Bíblico
Tema: Era forasteiro, e me hospedastes
Mateus 25:31-46
Em nosso estudo de Mateus 25, é necessário compreendermos que a tradição apocalíptica é usada para descrever o julgamento do mundo por Deus. Ao mesmo tempo nós precisamos ter em mente que o todo do Evangelho nos relata como Jesus em sua vida sustenta, age e prega o reino de Deus que já começou entre nós. O reino de Deus almeja a cura das pessoas.
Desde as suas origens, a Cristandade apoiou-se na tradição apocalíptica, construindo sobre a tradição que o Judaísmo tinha desenvolvido: ela identifica o “Filho do Homem”, reconhecido na tradição1 com Jesus o Cristo. As pregações de Jesus nos Evangelhos Sinópticos estão claramente enraizadas nas categorias apocalípticas tais como a vinda do fim do mundo, com cataclismos, julgamentos e tribulações para os crentes, a vinda do “Filho do Homem”, o julgamento de todas as nações e o advento de um novo mundo enviado por Deus. Para os crentes, o velho mundo será submetido ao julgamento de Deus no final dos tempos. Esta passagem é, portanto dividida em quatro partes. As seguintes perguntas visam esclarecer o texto e guiar discussões de grupo.
1) A identidade do Filho do Homem
a. Observe na leitura o que expressa a grandeza divina do “Filho do Homem”.
b. Observe tudo que se relaciona às condições de vida do “mais humilde de todos” com quem Ele se identifica (versículos 40 a 45).
c. Qual é em sua opinião o significado do contraste entre a questão “a” e a questão “b”?
2) A imagem de Jesus Cristo contrasta com as imagens usuais de Deus
Compare Mateus 25 - o juízo final x o julgamento de Jesus - semelhanças e diferenças (quadro anexo).
3) Em Mateus 25: 31-46, que critérios são usados para aprovar julgamento?
Mateus 25:40: “O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes”. Para o evangelista Mateus, fé é expressa também em obras. Ação é o resultado da fé. Todos os seres humanos podem ouvir o chamado para viver a verdadeira humanidade na terra. Isto significa para os cristãos viver em comunhão com Deus de acordo com a mensagem de Jesus Cristo. Se alguém deseja obter esta comunhão no mundo por vir, o certo é não rejeitá-la neste nosso mundo, pois ela é oferecida pela graça de Deus (sobre a ligação entre os dois mundos, ver Mateus 10:32).
a. Descreva a vulnerabilidade específica de cada um dos mais humildes.
b. Para cada um deles, qual gesto os ajudaria a recuperar a sua dignidade?
c. Entre vulnerabilidade e dignidade, qual deve ser a nossa ação?
4) Qual é o papel da Graça (como a dádiva de Deus)?
a) Ela abre os nossos olhos para as nossas próprias vidas e nos capacita a entender o que significa encontrar o fraco e o rejeitado.
b) Ela é um chamado para uma conscientização ativa em um espírito de serviço e doação.
Diariamente os Cristãos são chamados a renovar sua confissão de fé em Jesus Cristo e a manter um relacionamento de solidariedade com os fracos. Há uma profunda coerência nesta história com o comportamento ético dos Cristãos e o testemunho do Evangelho de Jesus Cristo, que acolhe o rejeitado e “traz para casa a ovelha perdida” (ver Mateus 18:10 e 20:28).
A ênfase não é na acusação, mas no convite para seguir o exemplo de Jesus e ver um ao outro como irmão e irmã a fim de trabalharmos juntos para o reino de Deus. Nós somos enriquecidos quando nós nos importamos com o estrangeiro – e assim vamos nos enriquecer procedendo dessa maneira. Jesus não quer que nós nos importemos com o estrangeiro para evitar terminarmos “no inferno”. Ele nos convida a vê-los como irmãos e irmãs com quem nós podemos compartilhar nossas vidas na medida em que seu reino se torna uma realidade.
Esta parábola sobre o julgamento está relacionada com a história da Paixão: Jesus Cristo é o Salvador mal compreendido sobre a cruz, ocupando o lugar do mais humilde de todos os homens. Nesta história há um aviso para todos nós. Nenhum de nós pode esperar passivamente pela vinda do Dia do Julgamento!
Por esta descrição do último julgamento, Mateus chama os Cristãos para uma conscientização percebida como uma missão, uma tarefa conferida; a consciência de que não será pega de surpresa pelo desconhecimento do tempo do Dia do Julgamento. O poder de Deus chama todos para a responsabilidade e ação. O tempo que nos é dado na terra é um tempo durante o qual nós devemos responder ao chamado daqueles que são fracos e rejeitados. Quando escolhemos uma maneira responsável para agir e encarar o nosso próximo, nós aprendemos a confiar totalmente no Filho. Ninguém sabe exatamente quais são as conseqüências de suas ações. Dando ao nosso próximo de acordo com as suas necessidades específicas em sua vulnerabilidade particular (estrangeiro, prisioneiro, pobre...) nós assim testemunhamos que nós mesmos somos os beneficiários da graça de Deus.
Nossa vida é, portanto um tempo para ação. Agir, servir é dar! “Era forasteiro e me hospedastes” (versículo 35) – que proporciona a inspiração para o tema central do DMO França – é para nós um chamado para agir sem segunda intenção, sem qualquer recompensa. Cristãos estão aqui para se envolver, para achar o caminho certo para agir e servir o seu próximo, o mais fraco, com o poder do Espírito Santo. Este poder surpreendente nos remete de volta ao nosso próximo em dificuldade e fraqueza. Vamos pedir a Deus que este Poder nos dirija, nos guie diariamente, em nossos pensamentos e ações, e assim vamos tratar o imigrante ou o estrangeiro como está escrito em Levítico 19: 34-36, que fazem eco em Mateus e outros textos.
Cristo julga – Cristo é julgado
Confronto entre a cena do juízo final e o julgamento de Jesus
Juizo Final | Julgamento de Jesus |
Aqui Cristo está no lugar do juiz | Aqui Ele é o julgado |
As nações aparecem diante do Filho do Homem (Mateus 25: 32) |
Jesus está em julgamento diante do Sumo Sacerdote e do Governador (Mateus 26: 57; 27: 2) |
O tema messiânico do pastor (Mateus 25: 32) separando ovelhas e cabritos | Está refletido nas palavras do profeta Zacarias que Jesus cita durante a última ceia: “Matarei o pastor, e as ovelhas serão espalhadas”. (Mateus26: 31) |
A separação das ovelhas e dos cabritos para a direita e para a esquerda (Mateus25:33) | Ecoa indiretamente durante a cena da crucificação: “Então dois ladrões foram crucificados com Ele: um à sua direita e outro à sua esquerda”. (Mateus 27: 38) |
O título de “Rei” (Mateus 25: 34) |
O título é corrompido: por tortura e humilhação: “Viva o rei dos Judeus!” (Mateus 27: 29) e pela inscrição acima do crucificado: “Este é Jesus, o Rei dos Judeus” (Mateus 27: 37) |
O Filho do Homem identifica-se com o mais humilde de todos (Mateus 25: 40-45) | Jesus identifica-se com o Filho do Homem que é igual a Deus (Mateus 26: 64) |
Eles não reconheceram o Senhor (Mateus 25: 37-39, 44) | Pedro nega Jesus (Mateus 26: 69-74) |
O Rei acolhe os justos de todas as nações (Mateus 25: 34s) | A esposa de Pilatos declara que Jesus é “inocente” (Mateus 27:19) |
Os justos não compreenderam que sendo misericordiosos eles tinham agido com justiça (Mateus 25: 37-39) | Os envolvidos na Paixão não estavam conscientes do que estavam participando, em atos de injustiça ou de justiça (exemplo Simão de Cirene, Mateus 27: 32) |
O Filho do Homem declara que, ajudando o mais humilde, é Ele quem é ajudado (Mateus 25: 40,45) | Os que passavam ao pé da cruz zombavam dele dizendo: “Ele salvou os outros, mas não pode salvar a si mesmo” (Mateus 27: 42) |
O lugar soberano do Filho do Homem (Mateus 25: 31,34) | As palavras do Ressurreto: “Toda autoridade me foi dada” (Mateus 28: 18) |
O julgamento baseado nas ações de cada um | “e ensinando-os a obedecer a tudo que tenho mandado (Mateus 28: 20) |
Todas as nações sofrerão julgamento (Mateus 25: 32) |
“Portanto vão e façam discípulos de todas as nações...” (Mateus 28: 19) |
Nota:
1. demonstrada na Bíblia e nos escritos intertestamentários. A principal referência bíblica é Daniel 7:13-14. O período intertestamental é um termo usado para referir a um período de tempo entre os escritos da Bíblia Hebraica e os textos do Novo Testamento Cristão. Tradicionalmente, ele é considerado ser um período de aproximadamente quatrocentos anos, abrangendo o ministério de Malaquias (420 AC), o último dos profetas do Velho Testamento, e a aparição de João Batista no início do primeiro século AD, quase o mesmo período como o período do Segundo Templo.