O profeta Oseias traz uma exortação de Deus para o povo, especialmente para as lideranças do mesmo, ou seja, a corte, os sacerdotes, os doutores da lei, os abastados, os juízes e todos aqueles que conduzem a comunidade. Essa exortação é antiga pois acompanha o povo de Deus em toda a sua caminhada de fé e vida. Deus deseja que seu povo, isso vale para nós hoje, tenha a percepção de que a vida de fé não se resume às práticas religiosas que acontecem dentro do templo e em torno da própria comunidade. O Senhor dispensa os sacrifícios daqueles que não vivem conforme o amor a Deus; Ele dispensa as ofertas daqueles que não levam a sério a palavra do Senhor e a prática do amor ao próximo. Javé, através de Oseias, exorta a que se perceba que uma fé viva não é aquela que enche o templo, mas aquela que enche a vida das pessoas necessitadas e carentes que estão ao redor da comunidade. A palavra de Oseias é forte e desafiadora porque o povo de Deus, Israel, e nós também hoje, se satisfazia com as práticas no templo, mas não com as práticas de amor ao próximo fora dele. O povo se ocupava apenas com a liturgia e deixava a diaconia de lado. Nós sabemos que a liturgia, por mais especial, criativa e bonita que seja, perde seu sentido se não for precedida da ação diaconal. Isso é o que Cristo também nos ensina.
Paulo também exorta aos coríntios a que percebam que o que de fato permanece e é maior do que tudo é o amor. Deus nos ensinou a amar quando enviou seu Filho para nos salvar. O Filho nos ensinou a amar quando deu sua vida por nós, assumindo nossas dores e culpas. Podemos afirmar que Oseias também fala para nós quando nos diz que Deus não quer cultos bonitos e que enlevam a alma, mas práticas de amor ao próximo que expressam o amor de Deus por nós. A palavra de Paulo é desafiadora, pois nos exorta a olharmos para fora do templo e procurarmos os próximos que estão ao longo dos caminhos de nossa sociedade. Pensemos nisso e vivamos a diaconia que inspira a verdadeira liturgia.