Esta é uma esperança colocada em Deus e que acompanha o povo de Israel ao longo de sua vivência: Javé, o Senhor, o Santo Deus de Israel, vai cuidar dos pobres e necessitados. Eles não serão esquecidos pelo Senhor, o qual vai protegê-los e acompanhar suas vidas. Essa esperança se baseia no fato de que o ser humano não tem como objetivo primeiro cuidar de seus semelhantes, mas cuidar da própria vida em detrimento dos carentes e necessitados. Deus vai agir e suprir esta carência. Não é de hoje que a sociedade vive para a preservação pessoal e para cuidar de seus próprios interesses. A visão de Deus, desde o início da formação de Israel, em Abraão, sempre foi a de formar um povo, uma comunhão de irmãos e irmãs que se protegem e se cuidam entre si, para que não haja necessitados em seu meio e o restante da população seja alcançada com a bendita noticia de que o Senhor quer o bem de todos. Porém, o povo de Israel, desde cedo, adotou os valores da sociedade com a qual convivia e desviou-se do propósito inicial de ser povo de Deus e viver como Ele idealizou. A ostentação, a ganância, a corrupção, a justiça comprada, o domínio da riqueza, o poder usado em proveito próprio e para amealhar mais riquezas e deixar as necessidades básicas das pessoas em último lugar sempre acompanharam a caminhada e a vivência deste povo e de todos os outros povos. Porém, Israel tinha a lei e os mandamentos que poderiam, e podem, conduzir para o bem e para a confiança no Senhor. Mesmo assim, este povo não andou nos caminhos do Senhor e passou por muitas dificuldades. Os povos estão passando por dificuldades, especialmente os mais fragilizados, como o africano, o asiático e o latino-americano. Deus não concorda com isso e haverá de dar alegria a estes que sofrem. Os povos que adquiriram mais condições de sobrevivência e poder, desprezam os mais fracos com a desculpa de que precisam manter seu status e sua garantia pessoal de futuro. Sem se dar conta, ou não, de que o futuro está justamente comprometido por causa desta ação de desprezo para com os mais fracos.
Jesus viveu isso de forma muito clara: Ele era questionado, julgado e condenado por dar atenção e cuidado para os necessitados, os pobres e os desprezados. É o Evangelho que nos diz isso. Ele queria, e ainda quer, que o primeiro princípio da criação do povo de Israel seja restabelecido e vivenciado em sua integralidade. Sua esperança estava em seus discípulos entenderem sua mensagem e colocarem em prática esta vivência, espalhando-a por todos os cantos da terra e para todas as nações. Sabemos, porém, que a Igreja foi cooptada para dentro do império Romano e depois se rendeu à sociedade que vive sem os valores do Reino de Deus e até contra estes valores. Jesus não mudou, mas sua Igreja se desviou de seus caminhos. É fundamental voltar para o básico da fé em Cristo e para uma busca séria por servir ao Senhor Jesus em seus propósitos de Reino de Deus. Nós podemos e precisamos fazer isso.