Desde a criação, e ao ongo de sua jornada, o ser humano se dá conta de que está sempre propenso a fazer o mal. E sabe que esta inclinação vem do seu interior, dos seus desejos mais íntimos, simbolizados pelo coração. Para àqueles que tem uma consciência religiosa que procura fazer o bem, esta inclinação é um problema a ser enfrentado diariamente. O relato do pecado original, em Gênesis, nos diz que esta propensão para o pecado, para o mal, é inata ao ser humano e custou o paraíso, causou a separação da presença de Deus e todo o mal que existe. Também sabendo disso o salmista clama a Deus, pedindo que Ele cerque seu coração e não permita que o desejo de fazer o mal chegue ao seu interior. Ele sabe de suas limitações e fraquezas e que sua força em resistir ao mal é pequena e tênue. Ele precisa da presença e ação do Senhor para resistir ao desejo de fazer o mal. Também sabe que resistir ao mal é uma atitude de amor a Deus e ao próximo, nem como a si mesmo. Isso serve para cada uma e cada um de nós. Já que o mal está aí, e não podemos impedir que ele esteja aí, precisamos resistir ao desejo de compactuar com ele ou sermos seus agentes. O salmista clama a Deus porque sabe que Ele nos dá esta força e ânimo.
Paulo sabe desta fraqueza e desta incapacidade de resistir ao mal. Ele mesmo diz que o bem que quer fazer, ele não faz; mas o mal que ele não quer fazer, esse ele faz. Sabendo desta inconsistência do ser humano, Paulo diz que precisamos, mesmo com tropeços, nos esforçarmos para vencer o mal com o bem. Isto é, insistir em praticar o que é bom, mesmo que façam o que é mau contra nós. Também podemos entender de outra forma: Algo como fazer mais coisas boas do que as más que constantemente praticamos; uma espécie de compensação para o mal. Porém, esta forma de pensar não pode ser confundida como uma troca com Deus, para receber a salvação através de boas obras. O esforço em fazer boas obras precisa ser entendido como uma resposta a todo o bem que o Senhor já nos fez, principalmente a Salvação em Jesus Cristo. Se o mal está na nossa vida, mesmo com a fé em Cristo e a ação do Espírito em nós, precisamos sufocá-lo com o bem e assim não dar chance e oportunidade para que este mal controle nossas ações. É isto que Lutero nos ensina quando diz que é preciso afogar diariamente o velho Adão, isto é, a tendência ao mal que permanece em nós. Precisamos evitar que o mal tenha chance de respirar através de nossas atitudes. Façamos assim e amemos a Deus e ao próximo como a nós mesmos.