A esperança de ter seu país de volta e sua vida renovada se mantinha com o povo de Israel após ser conquistado por assírios e babilônios. Tudo era posto em Javé, o Senhor, o qual renovava suas promessas através dos profetas. Ezequiel era um destes profetas. A promessa de voltar a ser independente e ter seu próprio governo e vida era renovada constantemente e ainda aumentada. Ezequiel diz ao povo que voltarão a ter seu país e suas posses, bens e riquezas serão aumentadas grandemente. Isso era um sinal de que Javé era o Deus verdadeiro e cuidava de seu povo. Ter abundância era também um sinal de que Deus estava presente com seu povo e com as pessoas. É o caso de Abraão, Isaque, Jacó, Jó e outros. A fé e a obediência eram recompensadas por abundância de bens. Isso passou a ser visto como uma consequência imediata da fé em Javé. Na verdade, isso era um sinal de que Javé era o Senhor Deus e tinha poder sobre tudo e todos. Mas o acúmulo pessoal destes bens não era desejo do próprio Javé. Suas leis mostravam que deveriam ter compaixão com o pobre, com o estrangeiro e com a viúva que eram necessitados de cuidados. Se vissem alguma pessoa passando necessidade, deveriam ajudá-la nisso e fazer com que retomasse sua vida pessoal. Isso serve para nós.
Paulo, assim como Jesus, reinterpreta as promessas constantes no Antigo Testamento, e o faz com esta que está em Ezequiel. O profeta diz que Deus vai faze-los ter riquezas. Paulo ajuda a entender dizendo que Deus pode dar tudo o que os que nele creem precisam e mais ainda do que o necessário. Mas, aí está o detalhe que normalmente não é levado a sério. Temos a percepção desta promessa até o ponto onde diz que Deus pode dar muito mais do que vocês precisam.... Isso é usado como base para afirmar que a riqueza, por si só, é dada por Deus e a pessoa a usa ao seu bel prazer. Paulo diz que não é assim. Deus pode dar, e dá, mais do que o necessário, é verdade, mas com um objetivo muito claro e prático: tudo o que estiver além do necessário é para fazerem todo o tipo de boas obras e não para acúmulo próprio. Nossa sociedade, a qual determina os padrões da Igreja cristã, o que deveria ser o contrário, lê a promessa de Deus só até Deus pode dar...ainda mais do que o necessário. Precisamos, urgentemente, verificar nossos padrões de fé e vida e reestruturá-los conforme o Evangelho de Jesus e não conforme a sociedade dita. Deus dá, é verdade, mas não para acúmulo e ostentação. Pensemos nisso, o Senhor é conosco.