SENHAS DIÁRIAS - 02.12.2020
As ofertas e sacrifícios surgiram dentro da compreensão humana de agradar aos deuses e obter sua ajuda com situações complicadas na vida de pessoas, grupos e povos. Era costume procurar honrar aos deuses com sacrifícios de animais, de pessoas, e também com as orações e promessas aos deuses. Tudo isso para estar bem na fita diante do deus. O Deus de Israel, Javé, o Senhor, começa a mudar, em parte, essa compreensão de ofertas e sacrifícios. Primeiro Ele elimina o sacrifício de pessoas ao negar, na última hora, o sacrifício de Isaque. Apenas animais continuam a ser sacrificados em honra ao Senhor e também para pagar os erros cometidos e conseguir as benesses de Javé. Muito cedo, os povos começaram a construir templos e a profissão de sacerdote se estabeleceu. Agora havia a necessidade de manter o templo e os sacerdotes e trabalhadores do templo. Isso também aconteceu com Israel. Iniciou-se, então, a oferta de produtos da colheita e da criação de gado, também como retribuição ao que o Senhor fazia a terra produzir e ao cuidado do mesmo para com seu povo. Isso era levado para o templo e servia de sustento para as necessidades gerais do mesmo. Depois também passou-se a usar o dinheiro como oferta para quem tinha outra profissão que não agricultor e criador de gado. Foi uma evolução no uso da ofertas e sacrifícios. Moisés repassa ao povo este uso e costume para as ofertas. Elas deveriam ser uma resposta às bênçãos recebidas e a maneira de honrar ao Senhor Deus. Essas ofertas deveriam ser honestas e de acordo com o que se produzia ou se conseguia com o trabalho pessoal. Para isso se estabeleceram os dízimos. Era um jeito de manter justiça em relação ao que cada um conseguia. A história é comprida, mas cada um deveria ter em mente que Deus era o mantenedor da vida e honrá-lo era necessário e justo. Bem como manter o templo, uma vez que os sacerdotes e trabalhadores estavam sempre à disposição para atender quem vinha ao templo.
Com o cristianismo, essa compreensão permanece e se estabelece através da criação de comunidades. Os sacrifícios são abolidos mas as ofertas permanecem. Porém, no início, uma das maiores ênfases nas ofertas era para auxiliar os pobres e ajudar para que houvesse ao menos uma vivência digna entre os membros da comunidade. Depois, com o estabelecimento de autoridades eclesiásticas criadas para manter a organização do povo cristão, as ofertas passaram a ser destinadas para o clero e suas necessidades. Paulo sempre motivou a que os missionários e presbíteros tivessem sua profissão e atuassem, no tempo livre, nos trabalhos necessários para a vivência comunitária. Ao longo dos séculos estabeleceu-se a profissionalização de sacerdotes, bispos, e até o papa, e isso fez com que se criasse uma rede de manutenção destes cargos e cuidados com os templos construídos. Isso chegou até hoje e a necessidade de pessoas que se dediquem ao ministério tornou-se quase imprescindíveis. Mas em meio a tudo isso, uma coisa é clara e o apóstolo Paulo nos afirma: as ofertas e contribuições são necessárias, mas segundo a capacidade de cada um. Não deve haver um estabelecimento de oferta ou contribuição que seja igual para todos. Cada um tem ganhos e posses diferenciados. Ele afirma que Deus não pede o que a pessoa não tem. Deus quer um coração grato para com suas bênçãos, mas não aceita que alguém passe necessidade, ou sua família, para dar oferta à igreja, mesmo porque a Igreja é que deveria ajudar a pessoa que está com dificuldades. E não o contrário. Deus conhece a capacidade e a necessidade de cada pessoa. Vamos ofertar, segundo a capacidade pessoal, e expressar nosso louvor e honra ao Senhor, mantenedor da vida.