O profeta Zacarias traz uma palavra profética no sentido de antecipar o que viria acontecer. Sua palavra fala para dentro da situação de domínio persa sobre Judá, e Jerusalém, o que fazia o povo firmar sua esperança de que Javé, o Senhor, viria, mais dia menos dia, para libertar seu povo. O profeta fala deste libertador, deste rei, desta libertação, mas não pela força das armas. Inclusive este rei iria quebrar as forças militares do próprio Judá. Sua libertação aconteceria sob o poder do Senhor. Este rei, diz Zacarias, viria montado num jumento e seria humilde no seu jeito de ser e viver. Esta referência indica para Jesus, hoje sabemos. E Ele veio para trazer libertação, e já trouxe, mas não uma libertação através da guerra. Ele traz a libertação do coração, e dos valores de referência na convivência do ser humano entre si, para então causar libertação política, econômica e social em nossa sociedade. Isso era algo inusitado para a época, pois a única libertação que o povo esperava era a libertação de seu país e a volta para sua terra, onde pudessem viver em paz e sob a mão de Deus. Esperavam reconstruir seu templo, seus prédios e casas abastadas e ter vida longa, sem falta de coisa alguma para viver. Mas já Zacarias diz que o rei não viria para isso.
Jesus nos ensina que a sua libertação não é para dominar sobre outros, mas para servir aos outros; não é para construir prédios suntuosos, mas para cuidar dos sofridos e necessitados. Ele é o rei humilde que está montado num jumento. A sociedade atual, tanto ocidental como oriental, domesticou o Filho do Homem e seus propósitos de uma sociedade voltada para o servir. Igrejas e comunidades passam a viver para seus prédios, gastando toda a energia e dinheiro para mantê-los, e tornam-se apenas sociedades bem estruturadas em torno de si mesmas e para si mesmas, com auto atitudes beneméritas, mas que não se espalham ela sociedade. Os valores da sociedade atual se sobrepuseram sobre os valores de Cristo Jesus e cooptaram a Igreja para dentro de seu reino. É urgente que nós, Igreja e comunidades, revisemos nossos propósitos, como seguidoras de Cristo Jesus, e passemos a servir ao rei humilde, que cavalgou um jumento e colocou tudo a serviço do próximo, e aos seus valores e ao seu Reino. Façamos assim e sejamos cada vez mais coerentes em nosso viver diário e comunitário.