Celebração


ID: 2651

Mães | Provérbios 31.25-31

4º Domingo da Páscoa | Dia das Mães

06/05/2022

 

As mães compreendem até o que seus filhos não dizem.
Ditado Judaico.

O que seria de nós sem nossas mães. Aquelas que nos geraram, aquelas que nos deram a vida, nos amamentaram, deram a educação e até hoje são o símbolo de pessoas dignas e fortes. Basta recorrermos às nossas próprias memórias para percebermos o quanto nossas mães foram importantes em nossas vidas. Ao mesmo tempo, é preciso perceber também que em nossa sociedade, há mães que não merecem este título. Por motivos diversos, crianças continuam a serem abandonadas em riachos, lixos ou na porta de alguma casa. Às vezes por não haver como criar a criança; às vezes por falta de responsabilidade. Ao nos depararmos com uma cena destas, tão triste e cruel, nos assustamos, pois todos sabemos e concordamos que mãe é muito mais do que isso. Seja como for, de sangue ou de criação, todos temos uma mãe.

Lembro-me muito bem de uma cena de quando eu ainda era criança. Atrás da casa dos meus pais foi feito um aterro de meio metro em um grande terreno que seria usado mais tarde para os treinos de motocicleta de uma autoescola. No começo, cada chuva que dava, aquele aterro se tornava em um barro horrível. Caminhar por cima era até perigoso, pois os pés afundavam completamente. Lembro-me claramente quando um quero-quero fez o seu ninho mais ou menos no meio do aterro. Houve dias de chuva e de tempestades, uma chuva torrencial e aquela mãe quero-quero, teimosa e insistente, em cima dos ovos de seus filhotes. Tudo para que possam chocar e crescer. Lembro-me que tentamos chegar perto para por uma caixa por cima dela a fim de ajudar, mas sua cara de braba nos mandava para longe. Assim, aquela mãe quero-quero passou frio de dia, de noite, tudo para o bem dos seus filhotes que mais tarde, para a nossa alegria, chocaram. É uma cena muito curiosa da natureza.

Outra cena que percebi foi durante o meu PPHM em Novo Xingu/RS. Estavam dando muitas teias de aranha na varanda. Quando fui eliminá-las com o veneno SBP, me chamou a atenção de que em uma teia havia uma aranha maior e uma aranha menor, supostamente mãe e filha. Interessante foi perceber que ao jogar o veneno na teia, a aranha mãe rapidamente desceu até a sua aranha filha, cortou os fios da teia e assim enquanto a aranha mãe morria, a aranha filha caia no chão e fugia rapidamente. Aquela aranha priorizou salvar primeiro a sua cria. Para ela, era mais importante garantir a sobrevivência da espécie.

Estas são duas cenas bem curiosas da natureza criada por Deus. Até mesmo os animais tem um apreço especial pelas suas crias. Isso não é a regra. Existem animais que também sacrificam as suas crias. Mas, por enquanto, ficamos nas imagens bonitas.

Ser mãe não é tarefa fácil. Por vezes o esforço é enorme para que os filhos e/ou as filhas sigam o caminho certo, embora eles ou elas insistam em seguir os seus próprios caminhos que, por vezes, são caminhos perigosos. Na sociedade em que vivemos, a influência do mundo para dentro das casas é algo tremendamente preocupante. Embora haja uma boa e sadia educação em casa, por vezes o mundo e as más influências levam filhos e filhas para um mundo mal e corrosivo. Resta às mães, por vezes, chorar, lamentar e orar pelos seus pequenos crescidos.

Ao mesmo tempo, mesmo quando os filhos tomam o rumo certo, é triste quando uma mãe vê seu filho criar asas e voar por si mesmo no mundo. A maioria das mães querem seus filhos perto de si. Os filhos, por sua vez, querem viver a sua vida. Não é à toa que exista uma música muito bonita cantada por Zezé di Camardo e Luciano que diga:

No dia em que eu saí de casa minha mãe me disse: Filho, vem cá!
Passou a mão em meus cabelos, olhou em meus olhos, começou falar:

Por onde você for eu sigo com meu pensamento sempre onde estiver.
Em minhas orações eu vou pedir a Deus que ilumine os passos seus.

Eu sei que ela nunca compreendeu os meus motivos de sair de lá.
Mas ela sabe que depois que cresce o filho vira passarinho e quer voar.

Eu bem queria continuar ali, mas o destino quis me contrariar,
e o olhar de minha mãe na porta eu deixei chorando a me abençoar

A minha mãe naquele dia me falou do mundo como ele é.
Parece que ela conhecia cada pedra que eu iria por o pé
E sempre ao lado do meu pai, da pequena cidade ela jamais saiu,

ela me disse assim:
Meu filho, vá com Deus que este mundo inteiro é seu.

Mães são heroínas em carne e osso. As mães são nosso refúgio quando temos medo ao sermos crianças: elas logo nos pegam em seu colo e nos embalam até estarmos seguros e tranquilos. As mães são aquilo de mais precioso que um homem pode ter em sua caminhada. Mães, mulheres dedicadas, capazes de tudo para o bem estar daqueles que dela saíram. Nossas mães passam muitas coisas na vida. Desde o sofrimento no nosso nascimento até a separação quando um filho ou filha saem de casa. Mas elas seguem firmes e convictas de que apesar dos sofrimentos, são abençoadas por Deus em sua função.

Quantas mães preocupadas ou estressadas pelo agir incorreto de seus filhos. Cada vez que estressamos nossas mães, encurtamos seu tempo de vida drasticamente. Como temos tratado as nossas mães? Como tem sido o nosso proceder quanto à elas? Não há dor maior para uma mãe do que o desprezo dos seus filhos. E como há filhos que tem vergonha de seus pais só por serem simples e humildes. É lamentável.

Por isso, Deus tem um cuidado todo especial para com as mães. Não é à toa que o Profeta Isaías comparou as mães ao cuidado de Deus. Diz a Palavra de Deus em Isaías 66.13: Assim como uma mãe consola seu filho, também eu os consolarei; em Jerusalém vocês serão consolados. O consolo de Deus é igual ao consolo de uma mãe. Esta é uma mensagem, uma imagem muito bonita. Deus é sensível e cuida de cada um de nós assim como uma mãe cuida dos seus filhos. O cuidado de Deus Pai é carinhoso como o cuidado e o amor de uma mãe pelos seus filhos. Tal qual uma mãe abraça o seu filho em seu sofrimento e dor para o consolar, assim, da mesma maneira, Deus cuida e consola a nós, o seu povo. Negar o consolo e o amor de uma mãe é como negar o consolo e o amor do próprio Deus.

As mães cuidam de seu filho. Dão a comida, trocam as fraudas, ensinam os primeiros passos e ficam muito preocupadas ou até bravas quando caímos e nos ralamos um pouco, ainda mais quando sujamos muito as roupas. Mas mães são mães. Já diz o ditado que as mães são todas iguais, só muda o endereço.

Os filhos possuem uma tarefa espiritual muito importante para com as suas mães. O que diz o 4º Mandamento? Honre o seu pai e a sua mãe para que você viva muito tempo na terra. Lutero diz que isso significa que devemos temer e amar a Deus e, por isso, não desprezar nem irritar nossos pais e as pessoas que têm autoridade sobre nós; mas devemos honrá-los, servir e obedecer-lhes, amar e querê-los bem. Essa é a tarefa dos filhos, garantida por um dos 10 Mandamentos. É dever dos filhos servir, amar e obedecer ao pai e à mãe. Com isso, a Lei de Deus indica um caminho para o bom convívio familiar.

A tarefa das mães também não é simples. Devem orar pelos seus filhos e educa-los no conselho do Senhor, ou seja, na Palavra de Deus. Efésios 6.4, diz: pais (mães), não provoqueis seus filhos à ira, mas criai-os na disciplina e no conselho do Senhor. Lembro-me aqui da história de Mônica e Agostinho. Não é o Agostinho daquele programa “A Grande Família” que passava na Rede Globo, mas Agostinho de Hipona que viveu nos sécs. IV e V d. C. Nascida na Argélia, norte da África, em 332, Mônica era filha de uma família cristã, mas casou-se com um rapaz pagão, chamado Patrício, que era funcionário público. Aos 22 anos deu à luz Agostinho, que, ainda jovem, aderiu à religião pagã. Além do desvio doutrinário, Agostinho entregou-se inteiramente aos prazeres da carne. Em momento algum, Mônica desistiu de ver o filho livre de ambos os males. Nem quando Agostinho, aos 29 anos, se transferiu para Roma e, depois, para Milão, para ensinar língua grega. Mônica se manteve firme até quando Agostinho se declarara ateu. Graças à misericórdia de Deus e ao descontentamento perseverante de Mônica, expresso por meio de palavras e por meio de muitas orações, Agostinho se converteu em Milão no ano de 387, aos 33 anos. Pouco depois de convertido, Agostinho voltou para o norte da África, fixando-se na importante cidade de Hipona. Ali foi ordenado sacerdote aos 37 anos e bispo aos 41. Morreu 35 anos depois, em 430, aos 76 anos. É conhecido como o maior teólogo da Antiguidade. Os escritos de Agostinho influenciaram e muito a Reforma de Martinho Lutero. A perseverança de uma mãe em oração levou o filho perdido ao Senhor. Um milagre.

Queridas mães, não sei o que vocês têm passado, sejam coisas boas ou ruins. Fato é que Deus olha e cuida de cada uma de vocês. Não é à toa que o texto lido aponte que a beleza é enganosa, e a formosura é passageira; mas a mulher que teme o Senhor será elogiada (v. 30). A beleza passa, a formosura passa, mas a promessa do cuidado de Deus, esta permanece para sempre. Estamos em 2017. Não é fácil ser mãe. Mas muitas de vocês aceitaram ou foram surpreendidas por este desafio e seguem vitoriosas. Ser mãe não é para qualquer um. Em Cristo, que também foi filho, vocês tem muita dignidade e amor para dar. Concluo lendo um poema de autoria desconhecida:

Não só hoje, mas todos os dias
penso em ti com meu carinho.
Ao ver-me forte cheio de vida,
devo a ti que me guiaste.

Deu-me a vida,
ensinou-me a vivê-la.
Dos problemas resolvê-los;
dos medos me deste as mãos
Fazendo calmo meu coração.

Muitas vezes
não só Mãe foste pra mim:
Pai, amigo, irmão,
companheira das brincadeiras.

Sempre davas um jeitinho
de poder me acompanhar.
Segurou as minhas mãos
me mostrando o caminho a seguir.

Hoje sei como sofreste
quando enfim soltou-me as mãos
para que eu seguisse em frente.

Hoje sei
que aplaude meus sucessos,
se entristece com meu pranto
Sei também que sempre estás
de braços abertos a me esperar.

Quero hoje minha
mãe te dizer de coração:
peço a Deus que te abençoe
sempre em minha oração.

E te abraço hoje e sempre
com muito Amor e Gratidão.

Amém.


4º DOMINGO DA PÁSCOA | BRANCO OU DOURADO | CICLO DA PÁSCOA | ANO C

08 de Maio de 2022 | Dia das Mães


P. William Felipe Zacarias 


Autor(a): P. William Felipe Zacarias
Âmbito: IECLB / Sinodo: Rio dos Sinos / Paróquia: Sapiranga - Ferrabraz
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Área: Missão / Nível: Missão - Família
Área: Celebração / Nível: Celebração - Ano Eclesiástico / Subnível: Celebração - Ano Eclesiástico - Ciclo da Páscoa
Testamento: Antigo / Livro: Provérbios / Capitulo: 31 / Versículo Inicial: 25 / Versículo Final: 31
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 66955
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