Campanha Em comunhão com as viDas das mulheres


História de vida de Neusa Tetzner

Em comunhão com as viDas das mulheres

28/01/2015


 Nome: Neusa Tetzner

Tempo de participação na IECLB: Desde o Batismo

Comunidade: Valinhos

Paróquia: Vale do Atibaia

Sínodo: Sudeste

Desde que o desafio foi lançado, tenho me perguntado se devo escrever e o que escrever, pois, aparentemente, minha história se assemelha a tantas outras. Sou só mais uma entre todas nós que enveredamos por este mundo da Igreja, uma que se sentiu desafiada a colocar-se a caminho como mulher na IECLB.

Minha história começa como muitas de nós. Nasci luterana, filha de pai luterano e mãe católica, mas que aderiu à fé do marido pelo casamento. Vivia na roça, em Limeira/SP, e era membro da Comunidade do Bairro dos Pires, que tinha culto duas vezes por mês, sempre às 14 h. Íamos de charrete para a igreja: pai, mãe e quatro filhos. Eu, a primogênita, Carlos, Noeli, Ismael. (O irmão mais novo, Junior, veio 16 anos mais tarde, quando já se tinha carro, e me lembro do choro da minha mãe, que se sentia velha para ter mais filho). Era uma grande festa sair assim no domingo à tarde para ir ao culto, pois lá se encontravam todos os vizinhos, amigos, parentes. A Comunidade de Pires em Limeira (SP) foi o berço da minha fé e onde dei os primeiros passos na Igreja.

Aos 16 anos fiz a confirmação, pois naquele tempo se era confirmada mais tarde. Logo depois comecei a frequentar a Juventude. Num dos cultos, uma jovem (Inalda) fez a reflexão sobre a importância dos jovens na Igreja e usou a ilustração do tijolo, com um buraco na parede. “Você é esse tijolinho que está faltando”, disse ela. Saí com aquela palavra na cabeça. O tempo foi passando, vieram as eleições na Juventude, os desafios para retiros, encontros, viagens, e eu fui assumindo. Num desses encontros falei da vontade de seguir estudando (pois só tinha estudado até a 4° série), mas morava na roça e o pai não deixava sair de casa. Minhas amigas (Dagma e Noeli) me incentivaram a levar o sonho adiante e mostraram caminhos. Assim, criei coragem e saí de casa aos 21 anos para fazer Curso Supletivo. Estudava à noite e, de dia, trabalhava numa fábrica de feios. Dois anos depois, encontrei alguns estudantes de Teologia, que me incentivaram a estudar na Escola Evangélica de Ivoti (catequista) ou Casa Matriz (diaconia).

Em 1979, fui para Ivoti/RS, e na EEI o Prof. Naumann me falou que eu deveria seguir pelo caminho do pastorado, que meu teste vocacional indicava isso. Foi uma grande surpresa, mas aceitei o desafio. E assim fui me aventurando pelos caminhos da Teologia. Em 1982, iniciei a faculdade aos 27 anos. Durante os estudos, o grupo de mulheres na Teologia me instigava na reflexão. O Prof. Wangen desafiava os alunos a andar pelos caminhos dos excluídos, e, assim, comecei a refletir sobre as mulheres em situação de prostituição, Pastoral das Mulheres Marginalizadas. Isso me levou a conviver de forma ecumênica com as pastorais da Igreja Católica. E assim mulher e ecumenismo passaram a andar sempre juntos.

Em 1982, me casei, e, em meio aos estudos na faculdade, nasceu Iuri, que cresceu a meu lado nas salas de aula e na escrivaninha e andou de colo em colo das companheiras. Éramos um grupo de mulheres/mães e tínhamos até uma babá contratada para cuidar de nossos filhos em conjunto. Em agosto de 1987, fui enviada a Teófilo Otoni (MG), onde fui demitida. Depois vieram novos desafios, novos campos de trabalho (São Leopoldo/RS, Campinas/SP, Bahia Blanca/Argentina, Valinhos/SP). Em 1992, adotamos Iago, um menininho lindo que era só sorriso. Em meio aos vaivéns da vida me divorciei. Os meninos cresceram e já são adultos, e meus cabelos que vão embranquecendo já assumem a idade para ser chamada de vovó por Nicolly.

Foram muitas as lutas e dores no início do pastorado, mas muito mais alegrias e bênçãos. Confrontada com muitas pessoas com câncer, em especial mulheres, veio o desafio de refletir e pesquisar, no Mestrado em Ciências da Religião, sobre a relação entre fé e medicina, constatando a força e a fé das mulheres.

Hoje somos em torno de 30% de ministras na IECLB, e é motivo de gratidão fazer parte desta história. Nem tudo foi sempre belo e poético, como o texto aparenta; houve muitas dores e sofrimentos, muitas lágrimas derramamos juntas enquanto pastoras, enquanto família pastoral, enquanto mulher e mãe. Mas aprendi a me levantar, a começar de novo, a aceitar os desafios e descobri que algo novo, bom e melhor está sempre por acontecer. Deus nunca me abandonou, e as marcas que carrego não doem mais como antes, mas me lembram que é preciso ficar atenta e aprender sempre de novo.

Até aqui me trouxe Deus, assim cantamos e louvamos. E, em comunhão com a vida de mulheres, ando por aí, na IECLB, no CESEP, HAOC, no movimento ecumênico e de mulheres.

Tomo emprestado o canto de Luiz Gonzaga para expressar um pouco das minhas andanças e a minha esperança:

Minha vida é andar por este país,
Pra ver se um dia descanso feliz
Guardando as recordações,
Das terras onde passei
Andando pelos sertões,
E dos amigos que lá deixei
”.


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