Campanha Em comunhão com as viDas das mulheres


História de vida de Naira Binow

11/02/2020

 

Nome: Naira Binow

Tempo de participação na IECLB: Desde o Batismo

Comunidade da Paz

Paróquia: Espigão Do Oeste - Ro

Sínodo da Amazônia

Meu nome é Naira Binow, sou membro da IECLB desde que nasci, há 53 anos. Nasci e me criei em Laginha do Pancas, Estado do Espírito Santo. Nasci aos 21/11/1965 e fui batizada aos 26/12/1965 com o pastor Georg Bertlein.

Tive uma infância e juventude muito abençoada, sempre ao lado de meus pais, que me educaram no caminho da fé. Participei do Culto infantil quatro anos. Bastante estudiosa, é o que diziam para mim. Aos 14 anos comecei a estudar o catecismo, ou seja, Ensino Confirmatório. Foi maravilhoso, foi um passo a mais para minha vida de fé. Foram dois anos pedalando dez quilômetros de bicicleta para chegar à comunidade onde eu estudava e era membro, isso uma vez por semana. Mas são boas recordações.

No final do 2° ano de ensino confirmatório participei do retiro e da avaliação final, durante uma semana. Éramos em 103 alunos das cinco Comunidades da Paróquia. Foram momentos maravilhosos que não dá para conter a saudade que ficou daquele tempo. Saudade das amizades e do aprendizado que nunca mais esqueci.

Aos 11/05/1980 fiz minha confirmação na Comunidade Floresta, da Paróquia de São Bento, onde eu era membro e estudava. Recebi a Benção da confirmação com o Pastor Ido Port. Tive uma pequena decepção neste dia, me formei como moça - erro dos pais na época, não explicar para as filhas a formação delas. E assim, aconteceu o pior para mim, justo neste dia, na frente de toda a comunidade. Mas nada me impediu de receber a benção e confirmar o meu sim” para Deus”. Eu estava bem preparada, pois, tinha aprendido isso durante os dois anos de aprendizado. Como não foi possível confirmar com meu vestido branquinho, porque estava sujo, eu usei o vestido da minha irmã que também tinha sido o vestido dela de confirmação. Essa para mim foi uma primeira prova, mas venci.

Depois dessa fase, comecei a participar da juventude, um grupo ecumênico da IELB e IECLB, e também já participava do Coral, isso aos dez anos de idade. Tudo de bom! E a vida continuou... 

Chegou o período mais complicado da vida, o namoro, as paixões. Muitas lutas, provas apareceram, mas nenhuma delas me abalaram. Aos vinte e três anos de idade, ainda solteira, no ano de 1989, eu e toda minha família, incluindo pai e mãe e minhas quatro irmãs e dois irmãos, migramos para Rondônia. Três dos meus irmãos já tinham migrado para lá. Do Espírito Santo só ficou boas recordações e muita saudade do povo e de tudo que construímos lá. Nós recebemos tantas bênçãos lá que só resta agradecer a Deus todos os dias.

Não tive oportunidade para ter um estudo de profissionalismo, fiz apenas o 4° ano primário. Papai também não deu oportunidade para participar de encontros fora da Paróquia, como por exemplo: encontros de lideranças jovens, orientadores de ensino confirmatório ou escola dominical, etc... a gente foi criado com muita rigidez, era só trabalhar na roça”.

Chegamos na Rondônia e tudo mudou. Começamos na Rondônia uma nova vida, novos costumes, conhecemos novas pessoas, foi muito bom chegar aqui. Havia muito calor humano, abraços recebidos, muito carinho por parte do povo daqui, mesmo sem que os conhecêssemos. Tive oportunidade de trabalhar com os jovens, fui orientadora de Escola Dominical e Ensino Confirmatório. Participei de diversos encontros. Só não tenho boas recordações relacionadas ao meu casamento.

Na Rondônia, conheci alguém que só complicou a minha vida. Não cheguei a casar com ele, apenas ficamos amigados por seis anos. Tive uma filha com ele, a qual foi acusada de não ser filha dele”. A criança não sobreviveu, perdi-a com apenas dois dias de vida. Depois, sofri um aborto de dois meses, por uma hemorragia. Fiz os exames com resultado positivo para rubéola. Em meio a esse período me separei, não conseguia mais suportar a vida que levava com ele. A família dele é maravilhosa, não deixaram vir nada contra mim. O problema era só ele. Sofri muito. Só quem conhece minha história, sabe o que passei. Isso que estou colocando é apenas um resumo.

Para o fim do meu sofrimento, que já estava quase que insuportável, senti as mãos de Deus me tocar. Encontrei na Bíblia, no Salmo 139 que me aliviou de todas as dores. Consegui erguer a cabeça e prosseguir minha caminhada. Hoje já estou sozinha a mais de dezessete anos. Tenho apenas como único companheiro ”Deus” que não me abandona jamais.

Hoje sou feliz por que venci. Em meio a tanta turbulência, espero ser exemplo para outras pessoas, especialmente para as mulheres, que ainda são as maiores vítimas de acusações. A elas digo: Erga a cabeça, Deus é nosso consolo, refúgio e amparo em todos os momentos. Ele pode tudo em nossa vida. Basta abrir a porta do nosso coração quando Ele bater, e deixá-lo agir em nós. Digo também: Seja forte o bastante como eu fui, jamais abandonei a minha fé. 

Na vida passamos por experiências para conhecermos melhor o nosso Deus. Isso que eu passei, foi para demonstrar o seu amor por mim.

Por vários anos fiz parte do grupo de mulheres no sítio, na Comunidade Kapa 80, da Paróquia de Espigão do Oeste, onde sou membro até hoje. Depois, foi escolhido um nome para esta Comunidade, Novo Alvorecer”, nome escolhido por mim, que ganhou no sorteio de vários outros nomes indicados. Hoje mudei de rumo, moro na cidade de Espigão do Oeste e faço parte da Comunidade da Paz e sou membro do grupo da OASE. Me sinto muito feliz no meio do grupo e por tantas experiências já vividas e tantas bênçãos já recebidas por parte de nosso Deus. Também participo do Coral, amo cantar...

Essa é a minha história na caminhada de fé”

Naira Binow
Espigão do Oeste - Rondônia


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