Nome: Hedwig Brehm
Tempo de participação na IECLB: Desde o batismo
Comunidade: Nova Esperança
Sínodo: Paranapanema
Meu nome é Hedwig Brehm. Nasci em Caiuá/SP em 1942. Minha mãe e meu pai vieram da Alemanha em 1928 e aqui iniciaram trabalho com plantio de café. Meu batismo aconteceu na igreja luterana construída na nossa terra pelo meu pai e mais pessoas da pequena comunidade que se formou. O pastor Karl Moeller vinha a cavalo de longe e se hospedava na casa de meus avós.
Minha memória de ensinamentos cristãos está ligada à minha mãe, Elsbet Knipelberg, e a meu pai, Jacob Knipelberg. À noite nos ajoelhávamos diante da cama e recitávamos a oração que a mãe nos havia ensinado. O pai ficava sentado em sua cadeira na sala ao lado, lia a Bíblia e nos ouvia. Quando terminávamos a oração, ele dizia amém como resposta à nossa prece. Em outros dias, aos domingos à tarde ou em algum feriado, o pai nos falava a respeito daquilo que lia na Bíblia. Desta forma eu recebi os primeiros ensinamentos bíblicos.
Meu pai e minha mãe gostavam de cantar os hinos da igreja ou do folclore alemão, principalmente quando estávamos trabalhando na roça e meu pai estava de bom humor; então cantávamos enquanto colhíamos café ou realizávamos algum outro trabalho. Um destes hinos eu canto com saudades até hoje: Sabes quantas estrelinhas lá no firmamento estão? Outra canção de que me recordo, eu a tenho ainda agora como lema de vida: Muss ich gehen mit leeren Händen, so vor meinem Herrn zu stehen? Kann ich keine Seele ihm bringen, keine einzige Garbe sehen? Jesus hat mich ja erlöset, mich schreckt nicht die Todesnacht; aber leer vor ihm erscheinen, das ist’s, was mich traurig macht. Muss ich gehen mit leeren Händen? Muss ich so vor Jesus stehen?
Eu estudei o catecismo no mesmo livro que era de nossa mãe e com o qual ela havia aprendido o ensino para a Confirmação. Era em escrita gótica, assim como a Bíblia que tínhamos em casa. O pastor Wilhem Volkhammer foi quem esteve conosco neste tempo. Era rígido se comparado com os pastores que conheço hoje.
Em 1962 foi o meu casamento com Helmut Brehm, e então vim morar em Curitiba, onde estou até hoje. Neste tempo, quem passou a influenciar minha vida familiar e cristã foi a minha sogra, Otilie Brehm. Ela era natural da Ucrânia, e sua maneira de ser não deixava dúvidas: Ela sabia o que queria e como queria! Eu aprendi a conviver com ela, a amá-la e acompanhá-la cada domingo na ida aos cultos. Esse trajeto era também bem exigente: uma parte era percorrida a cavalo, outra de ônibus e ainda se andava uma parte a pé, para então chegar à igreja, que fica ainda hoje na Inácio Lustosa, aqui em Curitiba. A frase de ensinamento para a vida que guardo dela é: Deixe de dar atenção para aquilo que o mundo propõe e ocupe-se com o que é o mais importante. Eu sabia que ela se referia à busca das riquezas e bens do mundo em detrimento dos bens espirituais que Cristo nos oferece. Ensinei ao meu filho e às minhas filhas isso que aprendi da minha mãe, do pai e da sogra.
Em 1996, recebi o convite de minha cunhada para participar da OASE. Desde lá formei um grupo de amigas na OASE, e hoje não imagino a minha vida sem a presença destas irmãs. Nós estudamos a Bíblia e nos ajudamos mutuamente a compreender melhor a fé e as perguntas da vida no dia a dia.
Na Paróquia da qual sou membro nunca tivemos uma pastora como ministra oficial, e nem sei exatamente qual a razão. Os pastores que passaram nos últimos anos por nossa Paróquia são todos esforçados no jeito e vontade de transmitir o Evangelho. Há algumas atitudes e ausências na liturgia do culto que não entendo. Eu sempre gostei da liturgia e não me agrada nem um pouco quando os pastores mostram dar pouco valor à liturgia colocando no lugar dela mais de meia hora de louvor com o qual não se chega a uma reflexão e ao silêncio, que para mim também é necessário na igreja. Hinos em alto volume com microfones e caixas de som me confundem.
O que a igreja é para mim? Pessoas que trabalham juntas para o bem.
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