Campanha Em comunhão com as viDas das mulheres


História de vida de Frida Harckbaerdt Butzke

Em comunhão com as viDas das mulheres

16/11/2014

Nome: Frida Harckbaerdt Butzke

Tempo de participação na IECLB: Desde o Batismo

Comunidade: Espigão do Oeste

Paróquia: Espigão do Oeste

Sínodo: Amazônia

A história da mulher que marcou a minha vida com a sua experiência!

Frida Harckbaerdt Butzke (+) nasceu em Afonso Cláudio/ES no dia 28 de fevereiro de 1933. Descendente de pomeranos, analfabeta, não teve a chance de frequentar a escola. Sua família era muito numerosa. Era membro da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB), onde foi batizada e confirmada. Em sua juventude, cantava no coral da igreja decorando a letra das músicas em português com uma amiga, pois não dominava a leitura e nem a língua.

Casou-se com um pequeno agricultor aos 25 anos e passou a ser membro da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), onde as celebrações eram feitas na língua alemã, que pouco entendia.

Dona Frida sempre foi muito determinada, dedicada, esforçada. Pediu que o esposo lhe comprasse uma Bíblia e um hinário para acompanhar os hinos e as leituras bíblicas nos cultos. Como na época repetiam muito os mesmos hinos, logo decorou a letra e, a partir daí, com esforço, iniciou o domínio da leitura em alemão. Mais uma ferramenta para construir sua casa sobre a rocha firme (Mt 7.24). Essa maravilhosa mulher foi mãe de nove crianças e foi um grande exemplo de mãe, amiga, conselheira, esposa e testemunha de Deus. Tudo era muito simples. Morava no interior, era agricultora, doméstica, costureira, prendada em bordados, crochê e tricô, cuidava das plantas da horta e do jardim e fazia milagres com as questões financeiras. Era muito criativa e buscava sempre sabedoria em Deus. Dona Frida estava sempre pronta para auxiliar o próximo, era muito acolhedora, amiga, muito alegre, paciente e gostava de cantar. Cantarolava todos os dias com os filhos e as filhas.

Ela transmitiu a seus filhos e a suas filhas o hábito de orar e a praticar a leitura da Palavra de Deus e ensinou-lhes quem é Deus. Esta mulher também era uma verdadeira pedagoga ao ensinar os filhos e as filhas no dia a dia, na convivência, usando tudo o que fazia; com questionamentos, desafios, propostas, orientações, juntos chegavam a uma conclusão. Um exemplo: “Vá buscar seis espigas de milho”. Ao retornar, ela conferia, e aí vinham os desafios: contar as espigas. “Conta novamente. Está certo o que pedi? Quantas faltaram? Quantos sabugos têm estas espigas? Uma espiga tem quantas fileiras de grãos? Quantos grãos? Para que servem?...”

Os filhos aprendiam a matemática com material concreto, na língua pomerana. Dona Frida ensinava tudo o que sabia sobre história, geografia e cultura: músicas, versos, adivinhações, parlendas, histórias.

Em sua igreja e na alfabetização dos filhos e das filhas, aprendeu a ler primeiro em língua alemã e depois em português. Ela lia muito e era uma grande questionadora. Os livros que tinha em casa eram a Bíblia Sagrada, hinário, Catecismo Menor, mais tarde uma Bíblia para crianças, os livros pedagógicos escolares, devocionário Castelo Forte e o livro de oração. Na mesma igreja e comunidade dona Frida levou seus filhos e suas filhas para serem batizados e confirmados. Sempre motivava e orientava para que conhecessem o caminho que leva a Deus.

Dona Frida era uma mulher de muita fé, esperança, amor e sempre lutava por justiça, pela igualdade e pela paz. Em sua comunidade, aprendeu e ensinou muito. Fez parte do presbitério, foi orientadora do Culto Infantil, Ensino Confirmatório, coordenou estudos bíblicos e, quando tinha oportunidade, cantava no coral.

Em 1986 foi para Rondônia, onde tudo era muito difícil. Ela e a família foram em busca de mais terra para os filhos e de uma vida melhor. Em meio a muito trabalho, esforços, dificuldades, a “fé” da Frida trazia equilíbrio, união e fortalecimento familiar, comunitário e social. Na comunidade, logo se envolveu ativamente, fazendo visitas, buscando ajudar às pessoas necessitadas. Foi integrante do coral, ensaiava teatros e músicas. Ajudou na formação do primeiro grupo de mulheres na comunidade. Participou de encontros paroquiais e sinodais de mulheres e, ainda, de encontros da medicina alternativa.

Todos os dons que Dona Frida recebeu de presente de Deus, ela usou na prática do bem. Deixou marcas maravilhosas da bondade e do amor de Deus por nós. Foi uma testemunha do Evangelho de Jesus Cristo. Adquiri dela uma grande bagagem de experiência para a minha vida. Sou uma das filhas dessa maravilhosa mulher!

Elenir Butzke Agner


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