Nome: Eli Tatsch
Tempo de participação na IECLB: desde o Batismo
Comunidade: Rincão del Rey/Rio Pardo
Paróquia: Santa Cruz do Sul/RS
Sínodo: Centro-Campanha-Sul
Sou Eli Tatsch, tenho 74 anos e pertenço à Comunidade Evangélica de Confissão Luterana de Rincão Del Rey / Rio Pardo, Paróquia Evangélica de Confissão Luterana de Santa Cruz do Sul/RS. Faço parte desta comunidade desde que foi fundada, contribuído para a sua consolidação. Ainda como ponto de pregação, acolhi os cultos em minha residência e iniciei as atividades de Ensino Confirmatório onde atuo até os dias atuais.
Sou membro desta igreja (IECLB) desde o meu batismo. Realizei e realizo trabalhos na Comunidade de Rincão, auxiliando seu crescimento como Igreja na fé cristã, assim como na Paróquia Evangélica de Santa Cruz do Sul, principalmente na liderança da OASE.
Fiz o curso “Normal Rural” na Escola Murilo Braga de Carvalho de Santa Cruz do Sul, com dezoito anos comecei a lecionar em escolas longe de minha casa, tornando-me independente. Residindo em casas de família, conheci meu futuro marido, com o qual casei cinco anos depois, com 23 anos. Minha vida teve uma grande mudança. Deixei de trabalhar fora e assumi a família. Logo engravidei e tive minha primeira filha, que foi seguida por mais quatro com o passar dos anos. Precisei aprender a enfrentar situações desconhecidas e complicadas, pois morávamos no interior, sem energia elétrica e água encanada. Sempre busquei a realização das atividades como esposa, mãe e dona de casa, de forma a superar as dificuldades com a certeza de que eram minhas missões. Muitas vezes achei difícil, senti medo e angústia diante de situações de responsabilidade. Acreditei em minha força amparada pela minha fé no Deus maior. Alcancei grande parte de meus ideais, principalmente na construção de minha linda família, que muito me orgulha. Todos seguem diferentes caminhos, mas estão unidos na bondade, companheirismo e responsabilidades familiares.
Ao lado de meu marido Waires Tatsch, construímos muitas histórias que hoje fazem parte das lembranças do tempo passado. Na vida do interior, precisei realizar diferentes atividades para suprir as necessidades da família, parentes próximos e amigos, como: costurar, fazer tricô e crochê, cortar cabelo, fazer pão e cuca em forno a lenha, criar porcos, galinhas e perus para negócio e consumo próprio, carnear porco, etc.
Como meu marido era agricultor e havia pessoas que trabalhavam com ele, eu fornecia as refeições para todos. Além disso, dava assistência às suas famílias, com roupas, remédios, cuidados aos doentes, etc.
Nas atividades de nossa Igreja, eu sempre estive presente, junto com meu marido e filhas. Os cultos, na década de 60, eram em minha casa, e, depois, com o passar do tempo, colaboramos de forma direta e dedicada nas atividades para a construção do atual templo da Comunidade Evangélica de Rincão Del Rey.
O que considero importante na vida da comunidade é a doação incondicional ao serviço de Deus, a busca da vida em comunhão dos membros, a vivência dos valores que Cristo nos ensinou.
Em minha família, procuro ser a guia na busca da fé cristã, demonstrando a necessidade de acreditar sempre no Deus maior que nos fortalece a cada dificuldade da vida. Sempre demonstrei gratidão pelas graças alcançadas, tendo a certeza de que os caminhos foram traçados e vivenciados porque Ele nos fortaleceu para isso.
Na minha história dentro da Comunidade Evangélica de Rincão Del Rey tenho alguns momentos que ficaram marcados com maior brilho. A realização das primeiras quermesses, onde o mais importante foi a união dos membros e a grandiosidade da busca de um objetivo em comum, que era o fortalecimento da comunidade cristã. A criação do grupo de OASE, que representa um grande marco, por ser o grupo mais forte e atuante dentro da comunidade, fazendo o trabalho evangelizador, contribuindo nos eventos festivos e celebrativos da comunidade.
O trabalho com jovens do ensino confirmatório, que realizo há 50 anos, possibilita-me transmitir e vivenciar com alegria a fé no Deus bondoso, acompanhando algumas famílias no início de sua caminhada na comunidade.
A proposta da organização do grupo da OASE em Rincão, há 36 anos, foi de buscar uma orientação cristã das integrantes convidadas e desmistificar o papel da mulher como assessora dos homens na liderança da comunidade. Com grande êxito, estamos atuando até hoje como mulheres líderes e auxiliadoras em nossa região.
Ao se aproximar os 50 anos de casamento, meu marido manifestou a doença de Alzheimer. Foi uma época muito complicada. Foram dois anos de sofrimento e superação de dificuldades. A força para enfrentar estas dificuldades quase intransponíveis, busquei nas orações e confiança na vontade de Deus. A ajuda incondicional das filhas, tanto no auxílio físico como no apoio emocional, foi muito importante nesta etapa. A necessidade de continuar sendo a guia de minha família, papel que tive desde sempre, mas que neste momento ficou declarado, também me fortaleceu, pois precisava mostrar para minha família que, apesar de tudo, tínhamos muito a agradecer e confiar, pois Deus fazia parte de nossas vidas. Há dois anos e meio, meu marido partiu, possibilidade jamais imaginada por mim. O vazio foi e está sendo muito difícil de superar. A saudade é imensa. Sonho muito com ele e acredito no reencontro. Esta é a razão de meu conforto hoje: acreditar que nos encontraremos junto a Deus, conforme a vontade dEle.
Após o falecimento de meu marido, afastei-me um pouco de algumas atividades, pois não conseguia vivenciar momentos que antes compartilhávamos. Com o auxílio das filhas e outros familiares, retomei algumas atividades e iniciei outras que, embora sejam difíceis para mim, realizo para ocupar meu tempo e me sentir melhor. Estou fazendo um curso para a terceira idade na UNISC. Além disso, faço hidroginástica e participo de grupos de “chimarrão” com amigas.
Minha participação nos cultos, nas atividades festivas, grupo de OASE, grupo de canto, encontros de Família, enfim, várias propostas dentro de minha comunidade, me fortaleceu e fortalece na fé cristã. Sinto-me feliz por alcançar ânimo e força para seguir minha vida em comunidade, por ter a oportunidade de oferecer minha amizade e receber o carinho de outras pessoas e expressar minhas angústias, tornando mais leve a minha vida nos momentos difíceis.
É com grande satisfação e orgulho que faço este depoimento, o qual me fez parar e pensar na minha caminhada dentro da comunidade cristã. Gostaria que Deus continuasse a me fortalecer e a me proporcionar oportunidades para que eu possa continuar atuando, com alegria na Igreja, deixando sementes a serem cultivadas por quem assim desejar.
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