Campanha Em comunhão com as viDas das mulheres


História de vida de Célia Wölfle Zenker

05/06/2017

 

Nome: Célia Wölfle Zenker

Participação na IECLB: Desde o Batismo

Comunidade: Reconciliação – Cerro Grande do Sul - RS

Sínodo: Sul-Rio-Grandense
 

Nasci em 25 de julho de 1937 em Fortaleza – depois Vila Cerro Grande e hoje Cerro Grande do Sul. Sou filha de Hiran Otto Wölfle e Ana Teolina Storck Wölfle. Meu pai era alfaiate e minha mãe o ajudava, além de fazer todos os outros afazeres da casa, cuidar da horta e do jardim. Fui batizada em 6 de março de 1938, pelo pastor Gustav Paitz e minha confirmação ocorreu em 27 de dezembro de 1953.

Brincava muito com meus 5 irmãos mas, da irmã mais nova eu tinha que cuidar. Sempre fui muito alegre, divertida. Eu tinha uma amiga, a Anita, juntas subíamos num enorme pé de ameixa, para não sermos vistas. Gostava de passear em Sertão Santana, na casa dos avós e tios. Íamos de carroça e na metade do caminho fazíamos um “Frisch Tic”. Meus avós, vindos da Alemanha, falavam alemão e nós, crianças, também. Aprendemos a falar em português por causa da escola e por medo das perseguições da época, aos alemães. Isso me deixava constrangida para falar com meus avós. Minha irmã mais velha, Dalila, era quem ensinava o português.

Participávamos dos cultos uma vez por mês, que acontecia em uma peça da casa do senhor Sonnemann, mais tarde, na casa do senhor Roberto Zenker, meu sogro. O pastor vinha de Faite (espécie de charrete), às vezes no dia anterior.

Quando fiz o Ensino Conformatório, já tinha a igreja iniciada. A igreja foi construída com muita dificuldade pelos membros, mas tudo feito com muito amor e fé. Os tijolos foram feitos com barro do próprio terreno da igreja. Eram poucos alunos no Ensino Confirmatório. Se estudava muito para aprender os mandamentos e textos bíblicos. Meu lema bíblico era “Levai as cargas uns dos outros, assim cumprirás a lei de Cristo” – Gal. 6-10. Eu participava dos encontros com Dona Olinda Henning, que nos ensinava os cantos, e com o Senhor Max Hellebrandt, alemão exigente, que tocava violino. Se alguém estivesse sem atenção, ele batia de leve com a “varinha” do violino. Sempre ajudava quando tinha atividades da igreja, auxiliando minha mãe a fazer cucas, limpar as galinhas no arroio, no cai n’água e tudo que tinha para fazer.

Comecei a namorar com o Áureo Zenker na roda de amigos, onde brincávamos, em uma pequena praça, vindo a me casar com ele em 21 de janeiro de 1961. Tivemos duas filhas, de quem me orgulho muito, ambas luteranas, hoje casadas com luteranos e participativas nas comunidades onde são membras.

Sempre estudávamos, em família, textos bíblicos e de literatura da igreja fazendo reflexões sobre a palavra de Deus. Em dias de culto, meu esposo não dava trégua, todos tinham que participar. Ele também era uma parceria incrível para levar-me às atividades relacionadas à igreja, junto com minhas colegas.

Certa vez, em 1976, as mulheres da comunidade se mobilizaram para comprar os lustres para a igreja. Eu fui à Porto Alegre fazer as compras, porque da turma, eu era a única que sabia andar lá. De volta à minha cidade, com os pacotes na mão, me deparei com o Pastor Helmuth Lampmann e sua esposa Hanna-Lore Lampmann. Eles ouviram a respeito das compras. Então, o Pastor virou-se para a sua esposa e disse, em alemão: “Mama, quem sabe podemos fazer uma OASE com estas senhoras”. E assim se deu início ao trabalho com a OASE.

Em 31 de março de 1977, houve a primeira reunião da OASE, no salão de baile do senhor Roberto Zenker. E em 19 de julho do mesmo ano, foi eleita a primeira diretoria, onde assumi a função de secretária. Mais tarde, fui também vice- tesoureira e tesoureira do grupo.

Muitas atividades foram realizadas com os recursos arrecadados como: a compra dos lustres de parede para a iluminação, da porta da capela, do piso do pavilhão, a colocação de piso e azulejo nos banheiros do pavilhão, a organização das pias, do mármore, dos vasos e das portas, tudo para melhorar o acolhimento dos membros e visitantes. O grupo trabalhava unido, apesar das dificuldades.

Naquele tempo, tudo era ornamentado com palha de coqueiro e flores. A OASE tem toalhas em cretone com estampa azul e branco, que foram costuradas e feito crochê em volta de cada uma. O trabalho era partilhado. Sempre ajudei nas promoções, especial na sobremesa.

Em 1992, meu esposo foi eleito Prefeito do município. Segundo pesquisa realizada pelo pastor da época, P. Elcy da Costa, eu era a única esposa de Prefeito, na região, que participava de um Grupo de OASE.

De fatos marcantes, lembro o batizado, a confirmação e o casamento de meus filhos.

Um fato inesquecível foi a realização do 2º Dia Sinodal da Igreja, sediado aqui em nossa Comunidade. Todos trabalhando com muito carinho para que tudo desse certo, para que os participantes se sentissem bem. Foi um dia em que, além de ouvir e refletir sobre a Palavra de Deus, pôde-se compartilhar com membros de outras Paróquias, a alegria de ser luterano.

Sinto-me orgulhosa de participar desta comunidade que ajudei a construir.


(Relato feito por Célia Wölfle Zenker e registrado por Marli Zenker Pacheco)


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