Campanha Em comunhão com as viDas das mulheres


História de vida de Asta Blondina Schneider Hagemann

23/06/2016

Nome: Asta Blondina Schneider Hagemann
Membro da IECLB: desde o Batismo
Comunidade Evangélica: Trindade de Crissiumal
Paróquia: Crissiumal.
Sínodo: Noroeste Rio Grandense


Inicio o relato de vida da Asta, minha sogra, com a passagem bíblica de que ela gosta e que sempre foi o norte de sua caminhada como mulher cristã. “Entrega teu caminho ao Senhor, confia nele e o mais ele fará” (Sl 37.5). Assim ela vive sua vida, tendo Deus e Pai sempre presente. Muitos são os fatos e acontecimentos na vida de minha sogra. Eu a conheci no ano de 1977, quando comecei a namorar seu filho Sergio. Mulher dinâmica, pequena agricultora que, além do seu trabalho na propriedade que ela e seu marido Arlindo possuíam, ainda se dedicava à OASE e ao trabalho comunitário.

Seu nome é Asta Blondina Schneider Hagemann, nascida em 09/ 06/1934 em Conventos, na cidade de – Lajeado-RS. Asta nasceu e cresceu dentro de um lar luterano. Ela é filha de Arthur Schneider e Frida Clara Scheinpflug Schneider, naturais de Lajeado, pequenos agricultores que lutaram pela sobrevivência da família com extrema dificuldade.

Asta relata que, na época de seu nascimento, existiam muitas pragas na lavoura, de difícil controle, especialmente as formigas chamadas de mineiras, que, muitas vezes, devastavam o plantio de milho, mandioca e arroz, alimentos produzidos por seus pais e vizinhos para a sobrevivência das famílias. Devido a isso, por muitos anos consecutivos não se produziu nada. E foi assim que, desiludidos, mas com espírito aventureiro, seus pais decidiram abandonar tudo e partir em busca de novas terras. Aos 3 anos de idade, mais precisamente em 17 de abril de 1937, seu pai e sua mãe, com cinco filhos, migraram de Lajeado-RS para a cidade de Crissiumal-RS em busca de uma vida melhor. A terra nova era de mata fechada.

Um dos fatos que marcaram sua vida foi quando, depois de três meses que estavam morando em Crissiumal, um grupo de revolucionários provenientes de Palmeira das Missões que eram contrários à ocupação das terras por pessoas de origem alemã começaram a perambular, incomodar e ameaçar os moradores. Asta comenta que seu pai foi alertado sobre isso e que escondeu os filhos, juntamente com a mãe, no meio do mato, para que não fossem encontrados. Lá ele fez uma tenda/barraca com a lona de trilhar milho e os orientou a permanecerem em silêncio. A promessa foi feita... mas, crianças como eram, logo começaram a cantar hinos e canções folclóricas em alemão ensinados pelo pai e pela mãe para passar o tempo. Permaneceram na mata por quatro dias, mas, devido à chuva, voltaram para a casa.

Asta comenta que teve uma infância feliz, apesar da vida difícil que levavam. Com 8 anos, começou a frequentar a escola Guilherme Rotermund, da Comunidade Evangélica. O trajeto para a escola era uma picada aberta no meio da mata fechada. Caminhavam diariamente seis quilômetros para ir à escola e eram sempre acompanhados pelo antigo proprietário das terras que seu pai comprou e que, por não possuir família, ficou residindo com eles. O mesmo se transformou em protetor das crianças da família, devido ao grande número de animais silvestres que ainda habitavam as matas.

Asta foi batizada em 05 de agosto de 1934 em Conventos e confirmada em 07 de dezembro de 1947 em Crissiumal, onde cresceu e se tornou uma jovem muito bonita, trabalhadora, responsável, sempre ajudando os pais em tudo e participando ativamente do grupo de jovens da Comunidade.

No ano de 1952, Asta conheceu Arlindo Hagemann, um jovem muito dinâmico do qual se enamorou. Casaram-se em 24 de abril de 1954 e iniciaram sua vida em comum com algumas dívidas, como ela comenta, provenientes da compra de um pedaço de terra para trabalharem e construírem o seu futuro. No início, moravam em um galpão, que também servia para o armazenamento de grãos, mais conhecido como “paiol”. Trabalhavam muito e eram felizes. O nascimento do primeiro filho, Sergio, veio coroar a vida de labuta do jovem casal e alegrar o avô materno, pois era seu primeiro neto. O casamento de Asta e Arlindo foi abençoado com três filhos, Sergio, Silvio e Harry. Formaram um lar luterano no qual cresceram seus filhos.

Ela comenta também que, para ajudar nas despesas, vendia ovos, leite, nata, melado e fazia rapaduras de melado, de que todos gostavam, pois tinham um ingrediente muito especial, que era o “amor”. Conseguiram, assim, construir sua casa após dois anos de casamento e, com o passar dos anos e muito trabalho, superaram as dívidas e compraram seu primeiro carro, que era um jipe. Com esse automóvel percorriam a linha em que residiam e angariavam ofertas para as festas de colheita da Comunidade. O casal sempre foi muito engajado na Comunidade, e esse viver em comunidade, esse trabalho voluntário também foi repassado aos filhos, que cresceram, casaram e lhes deram noras, seis netas e três netos, uma bisneta e dois bisnetos. Foram anos de muita alegria, trabalho, companheirismo e dedicação à Comunidade Evangélica Trindade e à OASE de Crissiumal. Estiveram casados por 58 anos. No dia 13 de abril de 2012, Deus chamou seu filho Arlindo para junto de si. 

Para Asta, ser luterana significa confiar, acreditar em Deus, ter fé, ouvir e aceitar a palavra, testemunhando o amor de Deus por nós. Para ela, ser mulher luterana é dedicar-se, é participar ativamente do dia a dia da Comunidade e da OASE, o que sempre gostou muito de fazer. Asta foi e é um exemplo de mulher luterana que testemunhou e colocou em prática o amor ao próximo. Sempre esteve disposta e pronta para ajudar as pessoas em suas dificuldades e necessidades. Nunca se importou se fazia sol ou chuva, calor ou frio, dia ou noite quando chamada para ajudar pessoas vizinhas e amigas. Também dedicou seu tempo ao trabalho de agente de saúde na linha Cotricampo, onde residiam, preparando chás e remédios caseiros, ajudando muita gente com os seus conhecimentos. Dedicou-se também aos grupos do lar, um programa da EMATER, e ao balãozinho, atuando em muitas sociedades. Asta, em toda a sua caminhada, sempre contou com o apoio do marido. No ano de 2002, aposentados e já com certa idade, Asta e Arlindo foram morar na cidade. Através de sua dedicação, liderança e persistência, criou-se um ponto de pregação da Comunidade Evangélica Trindade no bairro em que foram morar. O casal também sempre participou de corais, pois adoravam cantar.

Hoje com 82 anos, acometida pela doença ELA – esclerose lateral amiotrófica, Asta está com os movimentos completamente paralisados, o que a entristece muito, pois sempre foi e ainda queria continuar a ser uma mulher muito ativa, apesar de suas limitações. Atualmente, ela reside com seu filho Harry e sua nora Neuza, pois precisa de acompanhamento diário e constante.

Mas, apesar de tudo, agradece a Deus por tudo o que passou e viveu, pois foram momentos muito bons, e coloca-se sempre nas mãos de Deus, pois confia nele e que ELE guie, cuide e proteja a sua família, pela qual ora sempre.

Para ela, fazer parte da Igreja Evangélica de Confissão Luterana significa viver em comum-união, testemunhando o evangelho a todos e servindo ao Senhor com alegria. 

Essa alegria é traduzida pelo hino do HPD I – 237, “Graças dou por esta vida....”, que, de acordo com Asta, é um hino e uma oração muito especial que traduz todo o seu sentimento pela sua vida com Deus, família, amigos e vizinhos.


(História de vida registrada por Rejane Beatriz Johann Hagemann)


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