Todos nós somos arqueiros da vontade de Deus. E como arqueiros temos três instrumentos à nossa disposição: o arco, a flecha e o alvo. E precisamos saber o que quer dizer e para que serve cada um para desenvolvermos a nossa função e vivermos melhor neste mundo.
O arco
O arco é a vida: dele vem toda a energia.
A flecha irá partir um dia. O alvo está longe.
Mas sua vida permanecerá sempre com você, e é preciso saber cuidá-la.
O arco, ou a sua vida, precisa de períodos de inação, de descanso – um arco que sempre está armado, em estado de tensão, perde sua potência. Portanto, aceite o repouso para recuperar sua firmeza: assim, quando você esticar a corda, estará com sua força intacta.
O arco não tem consciência: ele é um prolongamento da mão e do desejo do arqueiro. Serve para matar ou para meditar. Portanto, seja sempre claro em suas intenções.
Um arco tem flexibilidade, mas também tem um limite. Um esforço além da sua capacidade irá quebrá-lo, ou deixar exausta a mão que o segura. Da mesma maneira, não exija mais do seu corpo do que ele pode lhe dar. E entenda que um dia a velhice chegará – e isso é uma benção, e não uma maldição.
Para manter com elegância o arco aberto, faça com que cada parte dê apenas o necessário, e não disperse suas energias. Assim, você poderá disparar muitas flechas sem se cansar.
A flecha
A flecha é a sua intenção. É o que une a força do arco com o centro do alvo.
A intenção do ser humano tem que ser cristalina, reta, bem equilibrada.
Uma vez que ela parte, não voltará, então é melhor interromper um processo – porque os movimentos que o levaram até ele não estavam precisos e corretos – do que agir de qualquer maneira, só porque o arco já estava retesado e o alvo estava esperando.
Mas jamais deixe de manifestar sua intenção se a única coisa que o paralisa é o medo de errar. Se fizer os movimentos corretos, abra sua mão e solte a corda, dê os passos necessários e enfrente seus desafios. Mesmo que não atinja o alvo, você saberá corrigir sua pontaria da próxima vez.
Se não arriscar, jamais saberá quais as mudanças que eram necessárias.
O alvo
O alvo é o objetivo a ser alcançado. Foi escolhido por você. Nisso reside a beleza do caminho:você não pode jamais desculpar-se, dizendo que o adversário era mais forte. Porque foi você que escolheu seu alvo, e é responsável por ele.
Se olhar o alvo como inimigo, poderá até mesmo acertar o seu tiro, mas não conseguirá melhorar nada em você mesmo. Passará sua vida tentando colocar apenas uma flecha no centro de uma coisa de papel ou madeira, o que é absolutamente inútil. E quando estiver com outras pessoas, viverá reclamando que não faz nada de interessante.
Por isso, você precisa escolher seu objetivo, dar o melhor de si para atingi-lo, olhando-o com respeito e dignidade: precisa saber o que ele significa, quanto custou do seu esforço, do seu treinamento, da sua intuição.
Ao olhar o alvo, não se concentre apenas nele, mas em tudo que acontece ao seu redor: porque a flecha, ao ser disparada, irá encontrar-se com fatores que você não conta, como o vento, o peso, a distância.
O objetivo só existe na medida em que um ser humano é capaz de sonhar atingi-lo. O que justifica a sua existência é o desejo - ou ele seria uma coisa morta, um sonho distante, um devaneio.
Assim, da mesma maneira que a intenção busca seu objetivo, o objetivo também busca a intenção do ser humano, porque é ela que dá sentido a sua existência: já não é mais apenas uma idéia, mas o centro do mundo de um arqueiro.
Essa comparação é muito sábia, pois mostra a nossa vida como ela é: um movimento constante: pegar o arco, esticar a corda, colocar a flecha, localizar o alvo e dispara contra ela. Aguardar com expectativa, pois você pode acertar ou errar. E se errar você pode acertar outra coisa próxima ao alvo.
Nós como cristãos entendemos que o movimento da nossa vida é guiado por Deus. Ao analisarmos o alvo e nos prepararmos para disparar a flecha, temos presente as orientações de Deus. Orientações que ele nos dá por sua Palavra. Que nós possamos ser arqueiros responsáveis saibamos utilizar as flechas corretamente e respeitemos os limites do arco.
Débora