Jubileu dos 500 Anos da Reforma



ID: 2929

Lutero: Quem educar, para quê e por quê?

01/09/2017

LUTERO: QUEM EDUCAR, PARA QUÊ E POR QUÊ?

Foi em 31 de outubro de 1517 que Lutero fixou nas portas da Igreja de Wittenberg, na Alemanha, suas 95 teses contra a venda de indulgências1. Porém, muito além de uma crítica a essa prática religiosa comum no século XVI, o monge alemão promoveu discussões que geraram mudanças em variados campos da sociedade. Algumas de suas principais contribuições dizem respeito à Educação.

Lutero questionou as práticas do ensino, sugerindo, logo de início, que a escola fosse pública e para todos. Isso significa que a educação escolar deixaria de ser responsabilidade exclusiva, com organização e manutenção da Igreja e, assim, seria expandida. Até então, a formação era destinada a crianças e jovens que pretendiam seguir a vida religiosa e às classes sociais mais privilegiadas.

A partir da ideia de democratização do ensino, Lutero sugestionou a implementação de escolas elementares e a reforma do ensino secundário e da universidade. Na escola elementar, as crianças deveriam aprender a ler, escrever e fazer contas. A leitura, especialmente, garantia o acesso à Bíblia, sem intermediários. Já no ensino secundário, seriam incluídos os estudos acerca das ciências, das artes liberais e da história, além do aprofundamento das línguas antigas – latim, grego e hebraico – para interpretação própria das Escrituras Sagradas.

Lutero defendia a ideia de que as cidades seriam prósperas e justas à medida em que seus habitantes fossem intelectualmente instruídos. Por isso, a educação tornou--se uma prioridade. Ela levaria à formação de cidadãos cultos, que compreenderiam a Bíblia – sem que para isso dependessem de outras pessoas – e dela se abasteceriam para transformar o mundo em um lugar melhor.

Nota-se que os esforços de Lutero contemplavam sobretudo o acesso à Bíblia. Isso porque, para ele, somente a partir de sua leitura o ser humano poderia ser protagonista da história, com senso ético e de justiça. Conhecendo as Escrituras, ninguém poderia ser enganado. A compreensão da Bíblia, portanto, era garantia de liberdade e alimentava a fé.

O QUE ENSINAR?

Tendo o Evangelho como centro da educação, Lutero também propôs o ensino de conteúdos gerais. A leitura e a escrita, a aritmética e o cálculo eram contemplados na formação escolar. A retórica, a poética, a história, as ciências e a música também integravam a estrutura curricular da época. Para Lutero, a abordagem e o tratamento desses temas colaboravam para que os cidadãos fossem instruídos e capacitados plena e integralmente. Portanto, as mudanças sugeridas por ele para a educação salientavam a necessidade de uma formação não apenas religiosa, mas voltada a todas as esferas da vida. Foi assim que Lutero abriu espaço para uma nova forma de ensino.

COMO ENSINAR?

Até o início do século XVI, a instrução era baseada na transmissão de conteúdos: os professores discursavam, os alunos memorizavam. Hierarquicamente, de cima para baixo. Os que não conseguiam assimilar os conteúdos eram punidos com castigos físicos. Lutero se colocou em posição oposta à essa prática, pois acreditava que os métodos didáticos deveriam se adaptar às crianças. Se elas gostavam de dançar, cantar e pular, por exemplo, era assim que deveriam aprender. Para ele, a ludicidade faria da aprendizagem algo leve e prazeroso. Por isso, os professores também precisavam se adequar.

QUEM ENSINA?

Lutero constatou que, para que as crianças fossem bem instruídas nas escolas, haveria a necessidade de se contar com pessoas capacitadas para isso. Logo, os professores precisavam ser preparados e qualificados. Para além disso, Lutero insistia que os educadores deveriam representar uma autoridade institucional, mas também afetiva – o que apontava uma grande alteração nas formas de ensino e de aprendizagem, especialmente porque se a escola é um local de aperfeiçoamento da pessoa, não pode ser conduzida com tirania. Se ela educa para a vida, precisa contemplar a paz, que deve ser promovida já nessa relação professor – aluno, distante de agressões.

VOCÊ SABIA?

Lutero incentivou a propagação das escolas. Ele quis possibilitar um acesso público e universal à educação, incluindo os pobres e as meninas – que até então eram excluídas. Suas ideias sobre a temática podem ser consultadas em dois textos: Aos conselhos de todas as cidades da Alemanha para que criem e mantenham escolas cristãs (1524) e Uma prédica para que se mandem os filhos à escola (1530).

Foi a partir dos pensamentos expressos nesses dois documentos que os imigrantes alemães mantiveram a educação como princípio, desde que chegaram ao Brasil, em 1824. No início, construíram as escolas ao lado das igrejas. Em alguns casos, os colégios foram erguidos até mesmo antes dos templos – tamanha a importância dada para a formação.

Com a formatação desse novo ensino, Lutero alterou também a ideia de vocação. Antes, considerava-se vocacionado aquele que atendesse ao chamado da vida religiosa. Depois, cada profissão passou a ser considerada um talento. A escola serve para prepará-los e
responsabilizá-los no que tange ao desenvolvimento e melhoria da sociedade.


1. Durante a Idade Média, a Igreja Católica concedia o perdão dos castigos impostos no confessionário a quem pagasse por isso. Essa ação fi cou conhecida como venda de indulgências.


 


AÇÃO CONJUNTA
+
tema
vai_vem
pami
fe pecc

À casa de Deus não pertence nada mais que a presença de Deus com a sua Palavra.
Martim Lutero
REDE DE RECURSOS
+
O Deus da paz opere em vós o que é agradável diante dele, por Jesus Cristo, a quem seja a glória para todo o sempre.
Hebreus 13.20-21
© Copyright 2024 - Todos os Direitos Reservados - IECLB - Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil - Portal Luteranos - www.luteranos.com.br