Nestes dias lembramos o jubileu dos 90 anos do nascimento do Missionário Arthur Bruno Alfredo Clebsch. Sua história de vida ministerial se confunde, em muitos momentos, com a história vivida entre a IECLB e a Missão Evangélica União Cristã.
Como próspero comerciante, foi proprietário de uma livraria/papelaria em Ijuí (RS) onde também vendia equipamento fotográfico, instrumentos musicais e eletrodomésticos. Pertencia à sociedade ijuiense, sendo por diversas vezes paraninfo em formaturas. Frequentava dominicalmente os cultos na Igreja Evangélica Luterana de Ijuí com sua esposa Thereza. Após uma conversa com o Missionário Dietz, começou a frequentar os encontros da Missão Evangélica União Cristã, na época chamada de Sociedade União Cristã. Aos 39 anos reconheceu o chamado de Deus para ser obreiro em tempo integral da MEUC. Em obediência deixou para trás seu negócio em Ijuí (RS), para fazer um breve curso de teologia em São Bento do Sul (SC), a Bibelschule, hoje Faculdade Luterana de Teologia. Isto no ano de 1964. Assim tornou-se missionário. Como era filho de dono de Jornal que circulava na região de Ijuí (RS), onde nasceu no dia 25 de março de 1925, recebeu forte influência de seu pai e, autodidata que era, detinha um vasto conhecimento da literatura brasileira. Foi uma transição fácil para adquirir igualmente grande conhecimento no campo da teologia e missiologia.
Seu primeiro campo de atuação foi na cidade do Rio de Janeiro (RJ), onde atuou de janeiro de 1965 a dezembro de 1969. A MEUC tinha um campo de trabalho na cidade do Rio de Janeiro já há 35 anos, atendido pelo missionário Pfeiffer, que para lá se dirigia três vezes ao ano. Os encontros bíblicos aconteciam na casa de Albert Gaiser, uma família alemã, que reunia um grupo de pessoas em sua casa. Clebsch trabalhou junto com os pastores luteranos, em especial o Praeses Vath, Pároco da Stattkirche, hoje Paróquia Martin Luther. O trabalho de um missionário era muito bem vindo diante das proporções e desafios que esta metrópole impunha. Uma vez por semana, nas quartas-feiras, realizava estudos bíblicos no salão da Stattkirche, no centro, onde também oficiou alguns cultos. Fato curioso aconteceu recentemente, quando, em novembro de 2014, Dr. Martin Dreher realizou palestras nesta comunidade e descobriu que a Bíblia que está sobre o altar (em língua alemã e em letras góticas) fora doada por Clebsch, visto que há um carimbo na contra capa “Sociedade União Cristã”. O missionário Clebsch fazia trabalho itinerante, realizando estudos bíblicos na Ilha do Governador, Cascadura, Meyer, Vila Valqueire e Copacabana. Formou um Grupo Jovem. Muitos deles vinham do sul do Brasil, principalmente de Santa Catarina e do Paraná e eram acolhidos neste grupo e também em sua residência. Estes jovens eram recrutados pela sua estatura e disciplina para prestarem serviço militar na capital do ainda Estado da Guanabara. Neste grupo, porém, pessoas de todas as idades participavam. Graças a esta ligação com jovens tornou-se capelão militar voluntário. Isto ocorreu porque certo dia duas filhas de um general do exército vieram à reunião de jovens, da qual saíram vivamente impressionadas. Pediram ao seu pai para que o mesmo trabalho evangelizador pudesse ser feito nos quartéis. Assim as portas se abriram para o trabalho de evangelização dentro do exército brasileiro.
Em 1970 foi designado para assumir o cargo de Inspetor na Missão Evangélica União Cristã, função que exerceu até o final de sua vida.
Como missionário, atuou ainda em Blumenau e Rio do Sul, no Estado de Santa Catarina. No ano de 1986 assumiu o cargo de diretor e professor da Faculdade Luterana de Teologia, a antiga Bibelschule, onde atuou até seu falecimento, ocorrido a 15 de junho de 1994. Sempre sonhara com uma escola que formasse missionários, o que acabou se tornando a Faculdade Luterana de Teologia em São Bento do Sul (SC). Era um sonhador e idealista. Tinha paixão por aquele lugar, chamado de Mato Preto (Schwarzwald). Hoje o Diretório Acadêmico leva seu nome.
Arthur Clebsch era também uma pessoa carismática, sempre com um sorriso estampado no rosto. Mesmo com o passar dos anos, mantinha sua jovialidade fazendo com que os jovens o admirassem e amassem muito. Como evangelista, ajudou muitas pessoas a se aproximarem de Deus e renovar sua fé em Jesus Cristo. Foi convidado a trazer palestras evangelísticas em muitas comunidades da IECLB.
Como inspetor, zelou para aproximar MEUC e IECLB. Era um conciliador. Dr. Gottfried Brakemeier, então presidente da IECLB, escreveu sobre seu amigo Arthur Clebsch pelo qual cultivou “profundo respeito pela honestidade, pela disposição ao diálogo, pela autenticidade da fé”. Foram inúmeras as reuniões que teve com a direção da IECLB para sanar dificuldades de relacionamento entre as duas instituições.
Nos últimos meses de vida, estava escrevendo um livro acerca da história da MEUC. Sua esposa recomendou que ele se dedicasse exclusivamente a esta finalidade, mas ele achava que na sua aposentadoria em tempo integral poderia concluí-lo. Para ele, havia maior necessidade de dedicação às atividades de evangelista, professor e conselheiro.
Faleceu em viagem a trabalho na Alemanha, na cidade de Stuttgart. Sempre dizia, com um largo sorriso, que nunca se arrependera de ter deixado uma vida financeira estável e ter ingressado como obreiro para edificar o Reino de Deus e que era muito feliz, apesar de dificuldades. Foi bênção na vida de inúmeras pessoas.