A Rua Hoffmann
Na cidade de Erval Seco tem uma rua chamada Alfredo Hoffmann. É uma transversal que começa na Doze de Abril, próximo à residência de D. Amélia Albarello, e segue até a oficina de chapeamento do Snico Fransmann.
Pouquíssimas pessoas tem lembrança desse cidadão mas há registros de suas atividades. Afinal quem foi esse Alfredo Hoffmann que mereceu essa distinção?
É oportuno lembrar que as primeiras ruas da nossa cidade foram “batizadas” em 1961 quando ainda éramos distrito do município de Seberi e as sugestões de nomes foram do sub prefeito Harry Luersen e dos vereadores Daniel Freitas de Oliveira e Fausto Cézar Pereira. Os demais vereadores de Seberi, que aprovaram essas sugestões, aparentemente, não deram “pitacos” nessas propostas. Simplesmente aprovaram. E assim é que nasceu a Rua Hoffmann.
Alfredo Hofmann foi um cidadão alemão, diácono da Igreja Luterana, que aqui chegou por volta de 1930. Em 1929 comprou os lotes 5 e 6 e em 1930 o lote 7 da quadra nº 26 da atual Av. Emilio Falcão onde construiu casa. Não sei se antes ou depois, morou por algum tempo na chácara nº 46 que atualmente pertence ao senhor Nei Barbosa.
Como diácono exerceu funções pastorais na incipiente comunidade evangélica de Erval Seco. Em 1930, por exemplo, batizou entre outro(as), as senhoras Melita Muller (Wilsmann), hoje com 90 anos, filha de Leopoldo e Erna Muller, o senhor Erich Ahlert filho de Henrique e Ida Ahlert (em memória) e a senhora Selma Sturzbecher (Kuhn), em memória, filha de Guilherme e Júlia Sturzbecher. Mas as suas funções pastorais, ao que parece, foram frequentemente interrompidas por pastores que vinham de Panambi e não há registros de que tenha feito confirmações, casamentos ou sepultamentos. Todavia, ministrava a catequese pois há pelo menos o presente registro fotográfico em que aparece devidamente paramentado em meio a confirmandos(as) comunidade em geral. Aliás, os raríssimos relatos a seu respeito testemunham que sempre usava essa batina, por sinal, muito semelhante à usada por padres.
Além de diácono, Alfredo Hofmann foi também homeopata e nessa função ajudou muita gente numa época em que aqui não havia médicos e nem hospital.
A foto é uma gentileza de D. Melita Wilsmann e foi feita por volta de 1940. Ela é a menina de chapéu bem à esquerda com as mãos sobre os ombros de seu irmão Bruno. Atrás da D. Melita está Charlote Labbs Senff, mãe do Otto Senff. E na primeira fila tem ainda outro piazito de roupa xadrez que é o Bernardo, outro irmão dela e do lado direito do Diácono está a Anita, irmã, também de chapéu. O menino em seguida é Arnildo Klein que anos depois veio a ser o construtor da escola Rio Branco e da atual Igreja Luterana. Ainda do lado esquerdo do diácono está uma menina de nome Alzina, criada de Alfredo Kaltepott. Demais não foram identificados.
Como fato marcante da passagem do diácono Alfredo Hoffmann por Erval Seco está o fato de ter sua biblioteca particular composta de muitos livros religiosos, bíblias, hinários e manuais de liturgia, mas também livros sobre homeopatia e até de receitas, todos em língua alemã, confiscados e incinerados, em plena rua Emilio Falcão, pelas autoridades civis e militares locais, com base nas leis do nacionalismo de Getúlio Vargas.
Nessa década de 40 a família do diácono Hoffmann mudou-se de Erval Seco. Não sabemos do seu paradeiro.
Nelson Luersen – Set 2020