“Viver o batismo, dons à serviço - Barnabé”
Palavra de Saudação
“Cada um (cada uma) de nós faz o trabalho que o Senhor lhe deu para fazer . . . não importa nem aquele que plante, nem aquele que rega, mas sim Deus que dá o crescimento” (1Co 3.5,7). Com esta palavra saudamos vocês neste encontro, reconhecendo que somos companheiros/as de trabalho no serviço a Deus, vivendo o batismo e colocando dons à serviço da missão de Deus neste mundo. Hoje destacamos o personagem bíblico Barnabé, um homem que coloca sua vida à disposição de Deus para ser testemunha de Jesus em Jerusalém, Antioquia e outras cidades e regiões do mundo antigo.
Cantos / Oração / leitura de At 11.23-26 (e outros textos) / Reflexão
No palco da vida muitas vezes damos mais destaque a algumas pessoas do que outras. Mas é bom lembrar sempre de novo que nenhuma pessoa é uma ilha. Nós fazemos parte de uma rede de relacionamentos, na qual as pessoas compartilham dons umas com as outras. Nenhum trabalho é feito de forma isolada. Por isso, se na história da igreja quem ganha maior destaque é Paulo, ressaltamos que Paulo trabalhou lado a lado de homens e mulheres que colaboraram na missão de Deus. Uma destas pessoas é Barnabé.
Barnabé era um judeu descendente da tribo de Levir, natural do Chipre, uma ilha do Mar Mediterrâneo. A primeira vez que ele aparece no livro de Atos foi na cidade de Jerusalém, participando da recém-formada comunidade cristã (At 4.36). Não temos um registro de quando Barnabé foi batizado. Talvez fosse no dia da Festa de Pentecostes, quando cerca de 3000 pessoas foram batizadas. Mas o que sabemos é que Barnabé viveu o batismo, colocando seus dons à serviço. Percebemos isto tanto no nome Barnabé como no seu exemplo de vida.
Na realidade seu nome era José, mas era chamado de ‘Barnabé’ pelos apóstolos e assim ficou conhecido na história da igreja. O apelido Barnabé significa ‘filho da exortação’ ou ‘filho da consolação’ – certamente porque Barnabé era uma pessoa que demonstrava o dom de animar e encorajar outras pessoas, o dom de confortar e ajudar no sofrimento. Animar, encorajar, confortar, ajudar são os dons que Deus concedeu a Barnabé. E a biografia de Barnabé nos revela seus dons em ação.
Por exemplo, sua generosidade em vender um terreno e colocar o dinheiro à disposição da comunidade de Jesus. Naquele tempo, uma das marcas da igreja era a solidariedade das pessoas umas com as outras, compartilhando alimentos e bens materiais para aliviar o sofrimento e saciar a fome (At 4.37). A qualidade de vida naquele tempo não era como a qualidade de vida em nosso município nos dias de hoje. Existiam muito sofrimento, pobreza e fome. A comunidade cristã era um espaço de inclusão e valorização do próximo. Com seu gesto de doação, Barnabé expressou seu dom de ajudar no sofrimento. Na vida de Barnabé, anos mais tarde, contatamos esta mesma preocupação, quando um tempo de fome se abateu sobre o mundo. Dizem os pesquisadores que este foi um tempo prolongado de seca que afetou as colheitas. Barnabé, juntamente com Paulo, estava na cidade de Antioquia, uma cidade muito rica e próspera. Nesta cidade, Barnabé e Paulo animaram as comunidades cristãs para recolher uma oferta e ajudar as comunidades cristãs em Jerusalém, que estavam passando por grande necessidade (At 11.27-30).
Por falar em Paulo, percebemos neste capítulo da vida Barnabé um ato marcado pela coragem. Conforme nos relata o livro de Atos, Paulo, antes de ser um apóstolo e missionário, combatia as comunidades de Jesus em Jerusalém (At 8.1-3). Diante da perseguição, muitas pessoas cristãs fugiram de Jerusalém, permanecendo na cidade apenas os apóstolos e algumas outras pessoas – provavelmente Barnabé permaneceu junto com os apóstolos, um sinal de sua coragem e disposição para encorajar outras pessoas. Logo adiante, quando Paulo estava a caminho da cidade de Damasco para perseguir a comunidade cristã, Jesus interrompeu a sua jornada e lhe abriu os olhos para enxergar e compreender quem é Jesus. Paulo foi batizado e acolhido na comunidade cristã em Damasco (At 9.1ss). Mas, ao retornar para Jerusalém, a comunidade cristã desta cidade tinha medo de Paulo. E não era para menos, visto que antes ele perseguia estas mesmas pessoas. Foi Barnabé, num gesto de coragem, quem se aproximou de Paulo e o conduziu aos apóstolos. Além do dom da coragem, percebemos aqui em Barnabé o dom da reconciliação: facilitando o diálogo entre pessoas que antes eram inimigas ((At 9.27ss)
A parceria de Barnabé e Paulo ganhou um novo rumo quando, tempos mais tarde, Paulo havia retornado a Tarso, sua cidade natal. Não sabemos o que Paulo lá fazia. Talvez tivesse se isolado pela falta de receptividade por parte das comunidades cristãs. Não era fácil carregar consigo a antiga reputação de perseguidor das pessoas cristãs, Talvez estivesse desanimado, sem rumo, sem saber qual caminho seguir para viver o batismo e colocar seus dons à serviço da missão de Deus neste mundo. O surpreendente foi Barnabé, mais uma vez, ir ao encontro de Paulo em Tarso, encorajá-lo a sair da solidão e acolher novos desafios. E assim aconteceu. Paulo aceitou o desafio e foi conviver com Barnabé durante um ano inteiro na Antioquia. Os resultados foram muito bons. Animado por Barnabé, Paulo ensinava sobre Jesus e muitas pessoas foram acolhidas na comunidade.
Num momento seguinte, a comunidade cristã em Antioquia confiou a Barnabé e Paulo a levar a mensagem de Jesus adiante, para outras cidades e regiões do império romano. Na primeira viagem missionária, Paulo e Barnabé, parceiros e colaboradores na missão de Deus, levaram consigo João Marcos, sobrinho de Barnabé. Talvez tenha sido o próprio Barnabé quem animou seu sobrinho João Marcos a participar desta missão e acompanhar Barnabé e Paulo. João Marcos, porém, por algum motivo que desconhecemos, no meio da viagem desistiu de acompanhar a dupla de missionários (At 13.13). Importante destacar este fato, porque, mais tarde, na segunda viagem missionário surgiu um conflito entre Barnabé e Paulo por causa de João Marcos. Paulo, talvez com uma postura mais intransigente e rígida, não quis dar a João Marcos uma segunda oportunidade. Barnabé, por sua vez, de um espírito mais intermediador e reconciliador, queria dar ao sobrinho uma nova chance. Por causa desta divergência, Paulo e Barnabé se separaram, cada qual seguindo seu caminho (At 15.36-41). Ou seja, neste episódio descobrimos que, mesmo entre parceiros próximos, mesmo entre irmãos em Cristo com objetivos comuns, podem surgir conflitos. A história posterior no livro de Atos não nos fala de como o conflito foi resolvido e quando Paulo e Barnabé se reaproximaram. Mas sabemos, através das cartas de Paulo, que mais tarde houve uma reconciliação: na 1ª carta aos Coríntios, Paulo menciona Barnabé como exemplo de pessoa à serviço da missão de Deus (1Co 9.6) e na carta a Filemom Paulo se refere a João Marcos como um parceiro, viajando junto com Paulo e outros colaboradores na missão de Deus (Fl 24).
Perguntas motivadoras para reflexão:
- Na vida de Barnabé enxergamos os dons da generosidade, solidariedade e sensibilidade para com o próximo. Nos dias de hoje, existem obstáculos que impedem as pessoas de exercitarem estes dons e, se eles existem, como estimular a prática destes dons na nossa comunidade?
- Em duas ocasiões Paulo precisava do apoio de alguém: 1) quando a comunidade em Jerusalém teve medo de acolher Paulo, antigo perseguidor das comunidades cristãs; 2) quando Paulo, tomado pelo desânimo, estava isolado e sem rumo na sua cidade natal, Tarso. Barnabé foi quem tomou a iniciativa de ir ao encontro de Paulo, oferecendo-lhe apoio, palavras de ânimo e coragem. Nos dias de hoje, quem são as pessoas (próximas ou distantes) a quem podemos ir ao encontro, oferecer apoio e compartilhar palavras de estímulo e ajuda?
- A amizade e parceria entre Barnabé e Paulo nos mostra que mesmo pessoas próximas e maduras não estão livres de conflitos. Quais são os caminhos para resolução de conflitos que aprendemos com Jesus?
Canto LCI 563 Barnabé / Oração final e Pai Nosso / Benção