“Viver o Batismo: dons a serviço” - 1Co 12.20-27
Palavra de Saudação
“Cristo é como um corpo, o qual tem muitas partes. E todas as partes, mesmo sendo muitas, formam um só corpo. Assim, também, todos nós, judeus e não judeus, escravos e livres, fomos batizados pelo mesmo Espírito para formar um só corpo” (1Co.12.12-13).
Em 2021, o Tema do Ano é “Viver o Batismo: dons a serviço”. O batismo é um presente de Deus, pelo qual Deus nos chama para fazer parte do seu povo pela fé de Cristo Jesus. A igreja é o espaço onde vivemos o batismo, no compromisso de colocar os dons de Deus a serviço das pessoas que nos rodeiam dentro da comunidade cristã e no mundo.
Cantos / Oração / leitura de 1Co 12.20-27 / Reflexão
Quem já sofreu com alguma dor no corpo sabe o quanto isto pode atrapalhar. Até mesmo um simples dor de dente pode desviar a concentração da pessoa, dificultando a realização de outras tarefas, como concentrar-se no trabalho ou dormir. Por causa desta forte e óbvia relação entre as diferentes partes do corpo humano, o apóstolo Paulo usa a imagem do corpo humano para falar sobre a comunhão e serviço na comunidade cristã.
Assim como o corpo humano é formado por diferentes partes (mãos, pés, olhos), também a comunidade é formada por diferentes pessoas. Cada pessoa, membro do corpo de Cristo, é chamada para servir e colaborar na missão de Deus. O apóstolo provavelmente ficaria surpreso em descobrir, nos dias de hoje, algumas pessoas dando as mais diferentes desculpas para não comprometer com a missão de Deus. O apóstolo possivelmente iria insistir de que, assim como cada parte do corpo tem diferentes funções, cada membro do corpo de Cristo tem diferentes dons para colaborar.
Escolha uma parte do corpo humano (mão, pé, olho ou outra parte), escreva no papel/cartão e pense na pergunta, como esta parte do corpo humano se relaciona com a comunhão e o serviço da comunidade cristã? (não precisa escrever a resposta, mas quem quiser pode compartilhar com o grupo).
A imagem do corpo humano para descrever a comunidade cristã, entretanto, é uma ilustração que Paulo tomou emprestada. Temos aqui um típico exemplo de Paulo fazendo uso de algo que existia no seu tempo, mas, dando lhe um novo sentido à luz de Cristo. No mundo greco-romano, alguns pensadores que escreviam sobre política e sociedade usavam a imagem do corpo humano para descrever a vida social. Nestes escritos, a imagem do corpo servia para destacar o quanto as pessoas são dependentes uma das outras. Mas, a imagem do corpo também servia para destacar a hierarquia e rígida posição social que precisam existir para a boa ordem da sociedade. Desta forma, muitos pensadores e filósofos da época diziam que algumas pessoas são mais importantes e superiores do que outras pessoas. Estas pessoas têm uma função especial dentro da sociedade que lhes conferia um status superior e mais honroso. Dentro desta pirâmide social, outras pessoas eram, por natureza, inferiores, sem honra e até mesmo dispensáveis.
É dentro desta estrutura social que Paulo anuncia o evangelho. No seu entender, o evangelho quebra muros de separação, aproximando pessoas diferentes. A comunidade cristã surge de pessoas batizadas e diferentes umas das outras, para formar um só corpo: judeus e não judeus, pessoas escravas e pessoas livres, homens e mulheres (1Co 12.13; Gl 3.28). Podemos imaginar o escândalo para a época um escravo compartilhando da mesma mesa com uma pessoa livre? Pois a novidade do evangelho é questionar a atitude de desprezo que pessoas de status superior tinham para com pessoas de status inferior. É por este motivo que Paulo escreve, “o fato é que as partes do corpo que parecem ser as mais fracas são as mais necessárias, e aquelas que achamos menos honrosas são as que tratamos com mais honra” (1Co 12.22-23). Diferente do pensamento político e social de seu tempo, Paulo insiste em valorizar todas as pessoas, mas também e especialmente as pessoas da comunidade cristã consideradas menos importantes. Para Paulo, dentro da comunidade cristã não há espaço para esnobismo espiritual – se achar superior e, por isso, desprezar outras pessoas.
Porque Paulo insiste nesta novidade do evangelho? A resposta é Cristo. Paulo está escrevendo sobre o corpo de “Cristo”. Aqui lembramos que “Cristo” não é o sobrenome de Jesus. “Cristo” é um título aplicado a Jesus. “Cristo” é uma palavra grega, sinônimo da palavra hebraica “Messias”. No Antigo Testamento, Deus prometeu abençoar todas as nações do mundo por meio de um descendente de Abrão, pai dos judeus (Gn 12.3). Jesus, descendente de Abraão, é o cumprimento da promessa divina. Jesus é o ungido, o Messias, o Cristo, pelo qual Deus está trazendo a paz, derrubando muros de separação e formando um só povo (Ef 2.14-15). Por meio de Cristo, judeus e não judeus agora fazem parte da mesma história. Mas, eis outra novidade. Não é comandando um exército imperial com honra e pompa que Jesus o Messias traz salvação. É na cruz que Jesus o Cristo realiza sua missão de criar uma nova humanidade (1Co 1.23-24). Como uma pessoa sem honra, inferior e dispensável que Jesus morre na cruz. E a cruz - um instrumento humano de tortura, humilhação e morte - se transforma, nas mãos de Deus, um instrumento de comunhão e serviço de Jesus Cristo. Na cruz Jesus nos serve com sua reconciliação, colocando num lugar de honra as pessoas que dele se aproximando, promovendo vida e paz.
Porque a igreja é corpo de “Cristo”, um novo modelo de relações sociais substitui o que era prática corrente no mundo greco-romano. Se Jesus o Cristo abre mão de seu status e orgulho para se doar na cruz, a comunidade cristã, batizada em Cristo, é chamada para comunhão, valorizando cada pessoa, e colocando os dons de Deus a serviço das pessoas que nos rodeiam dentro da comunidade cristã e no mundo. “Cristo é como um corpo, o qual tem muitas partes. E todas as partes, mesmo sendo muitas, formam um só corpo. Assim, também, todos nós, judeus e não judeus, escravos e livres, fomos batizados pelo mesmo Espírito para formar um só corpo” (1Co.12.12-13).
Em nossa comunidade, as pessoas e grupos têm o seu lugar e os seus dons são valorizados?
Temos pessoas ou famílias que, por diferentes motivos, estão afastadas da convivência na comunidade, que precisam saber que elas são valiosas e sua presença é importante para a comunidade? Como fazer isto?
É possível viver o batismo no mundo, além da comunidade cristã?
Dinâmica final: Usando uma parte do corpo humano, cada pessoa tem a oportunidade de dizer uma qualidade sobre outra pessoa do grupo, destacando como os dons desta pessoa se relacionam com a parte do corpo humano.
Canto / Oração final e Pai Nosso / Benção
