Saído de Santa Cruz,
Acomodaram-me em Portela
Já depois de sete verões,
em Ibirubá, bati canela.
Foi só em sessenta e dois
Que revi minha Santa Cruz.
Tempo menino, adolescente,
Vida dura sob réstias de luz.
Em Ivoti sentei num banco.
Vi Porto Alegre, a linda Poa.
Pensei empedrar meu sonho.
Sim – podia navegar na proa.
Cianorte, Paranavaí e Gaúcha,
Oh que tempo de correria.
Em Querência e Umuarama,
Vivi momentos de maestria.
Cruz Alta me lançou abanos
Lá dei tudo o que tinha.
Sonhava um mundo novo
E até pensei que ele vinha.
Quanta garra lá em Floripa.
Meus melhores anos ali doei.
Até que um dia, compreendi…
Estou de passagem – chorei.
Suspirando, fui à Munique.
Gente crescida, aculturada
Que linguajava com o corpo:
“Leider” - estás na calçada.
Aqui me encontro – última reta?
Reaprendendo inspirar vila boa.
Quem sabe, no resto da história,
Ainda reme mais, oh vida canoa.
P. Renato L. Becker
Par. São Mateus