Vale das Vidas Secas

29/03/2014

“Então me disse: Filho do homem, estes ossos são toda a casa de Israel. Eis que eles dizem: Os nossos ossos secaram-se, e pereceu a nossa esperança; estamos de todo cortados. Portanto profetiza, e dize-lhes: Assim diz o Senhor Deus: Eis que eu vos abrirei as vossas sepulturas, sim, das vossas sepulturas vos farei sair, ó povo meu, e vos trarei à terra de Israel. E quando eu vos abrir as sepulturas, e delas vos fizer sair, ó povo meu, sabereis que eu sou o Senhor. E porei em vós o meu Espírito, e vivereis, e vos porei na vossa terra; e sabereis que eu, o Senhor, o falei e o cumpri, diz o Senhor.” Ezequiel 37. 11-14

O texto bíblico acima se refere à conhecida metáfora do “Vale dos ossos secos”. Este faz uma clara alusão ao povo de Israel, que vagava perdido buscando reencontrar sentido para sua caminhada como povo, sentido esse, que Deus havia lhes concedido quando lhes permitiu viver na Terra prometida. Porém, o povo que havia conseguido viver na Terra prometida por Deus, novamente vagava sem rumo em meio à descrença e às ofertas da sociedade de sua época, ou seja, vivia como um “monte de ossos secos” padecendo entre túmulos cobertos pelo pó. Afinal, eles haviam sido dispersados de seu pedaço de chão e foram levados para outros territórios. Por isso Deus diz que novamente os reunirá e os descontaminará de tudo o que lhes sobreviera longe de Sua Terra e de Seu Deus. Assim não mais vagariam sem rumo.

Estamos em tempo de quaresma, período litúrgico do ano que se volta à reflexão e ação também sobre a sequidão de vida de quem vive sem rumo e sem objetivo.

Tal qual o povo de Israel que estava como ossos em meio aos túmulos, nossa sociedade conhece pessoas que vagam perdidas em meio ao caos e à dor de estruturas gélidas e por vezes sombrias que são as ruas de nossas cidades. Em meio ao medo, descaso, corrupção, solidão, entre tantos outros problemas, caminham pessoas, quem sabe até mesmo pelas calçadas de nossas igrejas procurando reencontrar sentido em suas vidas, alívio para suas dores e buscando abraços em meio aos esbarros que dão. Contudo, sinal de Deus é a esperança que brota na promessa de que os ossos reviverão e reencontrarão ânimo, podendo assim, ver nas ruas e nas calçadas, em meio aos grandes edifícios e condomínios alívio para suas dores.

Assim, também o tema do ano da IECLB, nos faz pensar sobre esse assunto. Temos como premissa primordial reencontrar em meio ao caos e à turbulência de nossas cidades, “oportunidades para oportunizar” comunhão, transformando as estruturas gélidas da cidade em espaços de fé e vida; transformar esbarros em abraços e converter dores em suspiros de alívio.

Que o bondoso Deus nos ajude a perseverarmos como Igreja na missão de que vidas sejam transformadas pela fé no Deus que reuniu o povo de Israel, mesmo estando ele disperso em diversos territórios. Que nossas Igrejas não sejam mais um espaço físico da cidade, mas sejam, contudo, espaços em que ossos secos ganham vida, em que não haja morte em vida, e sim, vida em abundância!
 


Autor(a): Dionata Rodrigues de Oliveira
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Área: Celebração / Nível: Celebração - Ano Eclesiástico / Subnível: Celebração - Ano Eclesiástico - Ciclo da Páscoa
Testamento: Antigo / Livro: Ezequiel / Capitulo: 37 / Versículo Inicial: 11 / Versículo Final: 14
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 27475
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A misericórdia de Deus é como o céu, que permanece sempre firme sobre nós. Sob este teto, estamos seguros, onde quer que nos encontremos.
Martim Lutero
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