O garoto sai para passear com seu pai pelas ruas perto de sua casa. Uma pequena mureta ao longo da calçada faz parte da cena da caminhada. E é irresistível: o menino pula para cima da mureta e, segurando a mão do pai, sai balançando alegremente seu corpo enquanto avança em passos largos. Repentinamente ele para e se dirige ao pai: “Papai, vale a pena viver!”
O que sabe um menino de oito anos sobre a vida? O que sabe ele sobre dificuldades, mágoas, tragédias e os reveses desta vida? O que ele sabe de solidão e sofrimento, sobre ganhar o pão de cada dia? Mas, ao segurar as mãos de seu pai, não tem tempo para pensar nas contrariedades. Sente-se amparado e encorajado para seguir se equilibrando sobre a mureta, sempre segurando a mão forte daquele que lhe protege.
No tempo da pandemia, muita gente (re)encontrou em Deus um Pai protetor e uma mão acolhedora. Se não fosse ao seu lado, seguros pelas suas mãos, certamente não poderíamos dizer: “ – Sim! Vale a pena viver”.
Entre as coisas que parecem tirar o sentido da vida humana neste tempo de inseguranças e medos – também os que são gerados pela pandemia – estão não apenas o sofrimento, mas também e principalmente a morte. Acabei de ver na televisão aquele jovem forte que não consegue lugar em uma UTI e, chorando, diz: “…tenho medo da morte”.
Ninguém de nós quer morrer, agora. Temos medo de morrer, sim. Mas vamos considerar que, o que morre cedo, são as nossas potencialidades, e não nossas esperanças. E no momento em que nos agarramos àquilo que ainda é possível, são resgatadas as esperanças e os medos são entregues ao passado. No passado nada está irremediavelmente perdido, mas está tudo irrevogavelmente guardado.
Sermos transitórios na vida não nos tira o sentido da vida. No entanto, ela constitui a nossa responsabilidade, porque tudo depende de nos conscientizarmos das possibilidades transitórias e das nossas responsabilidades diante do tempo presente. O ser humano está constantemente fazendo uma opção diante de suas possibilidades, liberdades e responsabilidades no tempo presente. Quais delas serão condenadas à inexistência, e quais serão concretizadas? Qual opção se tomará realidade de uma vez para sempre, imortal, como pegada nas areias do tempo? A todo e qualquer momento, a pessoa precisa decidir, para o bem ou para o mal. Acho que é saudável imaginarmos qual será o monumento que farão da nossa existência.
Viver a beleza da vida, sem medo, sem traumas, só é possível quando lançamos nosso olhar para um pouco mais adiante. Quando procuramos enxergar o que não costumamos mais ver.
Isso só é possível porque “O Senhor é a minha luz e a minha salvação; de quem terei medo? O Senhor é a fortaleza da minha vida; a quem temerei?” Salmo 27:1 NAA
Oremos: Senhor Jesus, tu morreste por nós na cruz para proporcionar sentido à nossa vida e paz à nossa alma. Nós te pedimos: vem a todas as pessoas que a ti abrem seu coração, permitindo que encontrem aquilo que procuram nestes tempos sombrios. Consola com tua ajuda as pessoas doentes e as famílias enlutadas. Como pessoas que te amam e creem na tua obra salvadora, queremos viver e dá-nos o ensejo de contigo morrer. Amém!
Que o amor do Pai e a comunhão do Espírito santo guarde corações e mentes em Cristo Jesus.