Uma visita comprometedora

27/01/2011

Um mensageiro do rei circulou pelas ruas da aldeia, proclamando uma mensagem urgente: “Vem o rei! O rei virá amanhã à vossa aldeia. Preparai vossas casas, pois ele almoçará com um de vós quando chegar.” Grande foi a atividade que se seguiu. Varria-se aqui, esfregava-se ali, lavava-se acolá, removia-se o pó, podavam-se as árvores, limpava-se o quintal, punha-se aqui e ali um enfeite – e assim se passaram todo o dia e parte da noite. Certo homem, no entanto, não se uniu aos preparativos exteriores. “Melhor que isso é eu limpar meu coração”, disse ele simplesmente, “Cuidarei de que tudo esteja direito entre mim e meus semelhantes.”. Essa será a melhor maneira de me preparar para me encontrar com o rei.” Segundo conta a história, o rei preferiu almoçar numa casa humilde, cujo único enfeite era uma rosa branca no parapeito da janela, onde seu inquilino era um homem que não se preocupou com os preparativos exteriores. “Receio que os outros tenham procurado encobrir injustiça e maus sentimentos,”, justificou o rei, “mas esse homem embelezou o coração. Almoçarei com ele.”

Esta estória mostra uma faceta interessante do evangelho deste domingo (Mateus 4.12-23). Tanto João Batista quanto Jesus Cristo possuem em sua mensagem central a chegada do reino dos céus. E a chegada desse reino significa que Deus é soberano sobre as vidas e sobre tudo o que existe. No que implica isso?

O reino dos céus implica arrependimento. O que significa isso? As pessoas não podem ficar como estão. Há necessidade de uma mudança. Martim Lutero dizia que, “não voltar a fazer determinada coisa é a essência do mais verdadeiro arrependimento.”

O reino dos céus implica em seguir a Cristo. Quem deixa o pecado, volta-se a Deus. Tomar a própria cruz é interpretado muitas vezes como algum problema particular que precisa ser carregado durante toda a vida. Mas seguir a Cristo implica crucificar a própria vontade em favor da vontade de Deus. É exatamente isso que oramos na oração do Pai Nosso: “seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu.”

O reino dos céus implica em testemunhar a Cristo. É isso que fazem Pedro e João, ao responderem: “Não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos.” (Atos 4.20). É o que os discípulos aprenderam de Jesus, porque ele “percorria” toda a Galiléia. Ele era incansável no cumprimento de sua tarefa. Tudo porque ele procurava as pessoas ali onde elas estavam. E ao procurá-las, ele as via como um todo, nos sofrimentos físicos, psíquicos, sociais e econômicos.

Compromisso com o reino dos céus implica em uma nova postura e nisso o “certo homem” de nossa estória assumiu a sua parte. Comprometido com Deus e com o próximo cuidou daquilo que foi decisivo: relações justas e que abriram portas para a luz de Cristo brilhasse em sua vida.

Dietmar Teske – pastor sinodal
(Publicado Jornal Regional ´Diário Popular´em 23/01/11)


Autor(a): Dietmar Teske
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sul-Rio-Grandense
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 8775
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Há algo muito vivo, atuante, efetivo e poderoso na fé, a ponto de não ser possível que ela cesse de praticar o bem. Ela também não pergunta se há boas ações a fazer e, sim, antes que surja a pergunta, ela já as realizou e sempre está a realizar.
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