João e José eram amigos. Moravam no interior. Seus pais eram vizinhos de terras. Havia somente um riacho que separava suas propriedades. Como tinham a mesma idade, frequentavam durante a semana a mesma escola e, nos fins de semana, estavam juntos na igreja. Gostavam do Culto Infantil. Confirmaram no mesmo dia a fé. Ingressaram, então, no grupo de jovens. Eram parceiros, tanto nas brincadeiras, quanto nos diálogos, desafios e dúvidas. Dentro do grupo de jovens os dois acabaram se apaixonando pela Amélia, o que os afastou um do outro. Tornaram-se concorrentes pelo coração da menina. Passaram a ser inimigos, mesmo dentro da igreja. O tempo passou. Amélia acabou casando com um terceiro rapaz. A vida continuou... João e José também encontraram suas respectivas companheiras. Formaram família. Por serem os filhos mais velhos, herdaram a terra dos pais. Ou seja, continuavam vizinhos e inimigos, por causa de uma paixão não correspondida na juventude. Não se cumprimentavam. Faziam questão de não se enxergar, apesar de serem vizinhos. Suas famílias não se conheciam. Apenas se tratavam como “os” vizinhos. Certa sexta-feira apareceu na propriedade de João um biscateiro com uma sacola de ferramentas, dizendo: Preciso de trabalho. Você poderia me ajudar? João estava com o carro preparado para sair em férias. Queria curtir alguns dias na praia. Viu ali uma oportunidade. Em sua casa havia uma varanda enorme, com rede, com geladeira e fogão. Pediu ao marceneiro que se acampasse ali, que ficasse à vontade. E, lhe deu a tarefa: No galpão há muita madeira quadrada, tábuas e pregos. Por favor, logo ali, na beira do riacho faça uma cerca, de tal forma que, aqui de minha casa, seja impossível ver a casa do meu vizinho. O carpinteiro estranhou e perguntou a razão da obra. Ouviu a história de João, José e Amélia. Achou tudo estranho, mas trabalho é trabalho, dinheiro é dinheiro. Ele precisava sustentar a sua casa. João partiu, deixando o biscateiro por conta. Depois de uma semana bem proveitosa retornou feliz. Mas, ao adentrar sua propriedade começou a irritar-se, pois olhando em direção ao riacho, curioso pela cerca construída, viu lá apenas uma ponte. Enraivecido, com passos largos, dirigiu-se à obra. Reparou, porém, que doutro lado do rio, José também caminhava em direção à ponte. Sua raiva foi dando espaço à curiosidade: O que ele quer aqui? Por que vem em minha direção? Não conversamos há anos! O marceneiro, como se não enxergasse nada, continuava nos acabamentos de sua bela obra. João e José se encontram sob a ponte. João com cara de espanto. José, de braços abertos e um sorriso estampado no rosto. E, foi logo dizendo: Até que enfim alguém teve coragem de tomar uma atitude e acabar com nossa encrenca. Sou grato a Deus por ter lhe inspirado em construir esta ponte. Abraçou o amigo e pediu perdão por todas suas atitudes errada. João não teve outra alternativa senão sorrir, abraçar e perdoar. José aproveitou e convidou João para jantar na sua casa naquela noite. Disse que gostaria de lhe apresentar sua família e queria muito ver os filhos brincando juntos, com aconteceu com eles na infância. João aceitou o convite. José voltou à sua casa. João fulminou o carpinteiro com seu olhar. Nem disse bom dia... Apenas perguntou: Foi isso o que lhe mandei construir? Uma ponte? O que se passa na sua cabeça? O carpinteiro com muita calma respondeu: Você embarcou e foi embora. Eu transportei toda a madeira à beira do rio. Estudei bem como construir a cerca. Lembrei-me da história de vocês. Me dei conta de que a mesma madeira que serviria à cerca poderia ser usada para construir uma ponte. Não posso ficar olhando para o passado. Preciso construir para o futuro. Cheguei a conclusão que melhor seria fazer uma ponte. João ouvia com atenção. Disse, então: Você me desobedeceu. Não vou lhe pagar nada. Melhor: Graças a Deus você me desobedeceu. Vou lhe dar o dobro do combinado, pois você uniu novamente nossas famílias. Muito obrigado! Leia Filipenses 3.13-14.