Olhar para dentro de sua própria vida. Reconhecer os erros. Pedir perdão a Deus. Deixar-se conduzir pelo caminho do Senhor.
Todas estas são frases que ouvimos, com maior frequência, na Quaresma. Este tempo do Ano Litúrgico que surgiu por volta do século IV, como preparação para a Páscoa – primeira grande festa dos cristãos. A Quaresma inicia na Quarta-feira de Cinzas, estendendo-se por um período de 40 dias, descontados os domingos. Isso se deve pelo falto de que, para as primeiras comunidades cristãs, cada domingo ser uma pequena Páscoa semanal, lembrando da ressurreição de Cristo.
A vivência no período da Quaresma mudou! Basta olharmos para as nossas próprias práticas atuais e a forma como este tempo era vivido há anos atrás. Jejuns, abstinência de algo do qual se gosta, música em volume baixo, não realização de bailes, festas ou casamentos, confissões, participação ativa nas celebrações das igrejas eram marcas da Quaresma.
ERAM!
Hoje, vemos muito pouco essa forma de vivência da Quaresma. Com preocupação – e tristeza! – percebo que muitos nem mesmo lembram deste tempo especial. Vive-se todos os dias como sendo os mesmos! (Isto não vem de hoje, mas de uma caminhada, sei bem disso!)
Sei muito bem que muitas vezes deixava-se de fazer algo ou passava-se a fazer algo sem que a pessoa soubesse o porquê. Entendo que muitas das práticas carecem de explicações. Foram sendo apenas repetidas e não refletidas! O que, nas origens, tinha como motivação uma oportunidade de meditação e reflexão sobre a vida, acabou tornando-se uma obrigação, desprovida de sentido.
A Quaresma é uma chance! Uma oportunidade para a gente exercitar um duplo olhar: para dentro de si mesmo e para dentro do olhar do outro. Muito mais do que abstinências impostas, a Quaresma é um convite para a preparação a um novo tempo. Nesta preparação, cada pessoa poderia estabelecer sua forma de vivência, seu ritual de meditação sobre a vida. Pode ser, sim, que você opte por alguma dessas práticas conhecidas, a exemplo de fazer jejum, de ler mais a Bíblia (que deveria acontecer o ano todo!), de abster-se de algo. Pode ser que você crie espaços, em sua agenda e em sua casa, para a meditação pessoal – ou em família. Quem sabe, participe e celebre – ativamente – em comunidade! Enfim, a Quaresma abre um leque de chances para a preparação. O importante é não deixar passar esta oportunidade.
Preparar-se para algo novo, para um novo tempo é essencial para uma vivência mais profunda – e produtiva. Quem não sabe preparar-se, também não consegue experimentar em plenitude o novo. Fica sempre com o pé nos dois lugares, ou relativizando ou fanatizando.
Recuperar o sentido da Quaresma é uma oportunidade de meditar. A partir da meditação se abre espaço para a preparação. E assim, à ação.
Encontre uma forma de vivenciar a Quaresma, para dentro de sua vida e da vida de sua família. Afinal, a Páscoa vem! Então, prepare-se para vivê-la em plenitude!
Ana Isa dos Reis
Pastora da IECLB na Comunidade Evangélica Ijuí