José era temente. Cada nova manhã, agradecia a Deus por sua família e pelo trabalho. Ele engraxava sapatos na rodoviária. Com o passar do tempo e as mudanças de hábito, sua renda foi diminuindo. Poucos usavam sapatos e botas. Mas, conseguia sobreviver. Mantinha o pão na mesa. Era benquisto pelos fregueses, os quais o presenteavam com boas gorjetas e vales de alimentação. Certa manhã, porém, apareceu um sujeito estranho, que lhe fez uma oferta surpreendente. José receberia uma quantia relativamente boa de dinheiro para ser intermediário. Semanalmente alguém desembarcaria, deixando uma bolsa aos seus cuidados. Outra pessoa pegaria a bolsa em seguida. Era apenas receber, cuidar e repassar. Ele não se preocupou, aceitando a tarefa. Toda sexta voltava para casa com um envelope recheado de notas de 5, 10, 20 e até 50 reais. A esposa e os filhos estranharam. Mas, ouvindo a explicação do pai, começaram a aproveitar o dinheiro. A bicicleta virou moto. O sonho do carro estava na mira... A quantia de novas roupas e calçados exigiu troca de móveis... Os passeios viraram viagens... As exigências resultantes daquele “plus” mensal foram aumentando. As discussões familiares sobre “como” gastar o dinheiro também geraram atritos. A família simples e pacífica se tornou um campo de ganância e guerra. Certo domingo, voltando da igreja, José tomou uma decisão. Na hora do almoço conversou com a família sobre a mudança que houve na vida familiar após a entrada do dinheiro. Por fim, disse: Nem sei se o negócio é legal, pois sequer conheço as pessoas envolvidas. Vou abandonar a tarefa, continuando apenas como engraxate. Houve lamentos, mas enfim todos concordaram. O pai sempre foi um homem humilde e sábio. Provérbios 15.16 ensina que é melhor ter menos vivendo em paz do que ter muito e ser inquieto. Pense nisso...
