Um Menino Cheio de Luz!

24/12/2019

Diz o ditado: “Deus escreve certo em linhas tortas”. Afinal o que Deus diz ou determina é sempre a verdade. Contudo, nem sempre, entendemos com clareza ou temos a percepção imediata dos fatos. O mundo – com seus valores – nos cerca e influencia. Por isso, em muitos momentos, perdemos o foco, valorizando o que tem menos valor. Desde sempre, as pessoas valorizaram mais a imagem do que o conteúdo. Já no Antigo Testamento, Samuel precisou lembrar ao povo: “Deus vê as coisas de maneira diferente do que a gente. Ele vê o coração. Nós enxergamos apenas o exterior” (1 Samuel 16.7).

Quais são, então, os desafios propostos nesta reflexão: Primeiro, sempre e acima de tudo, confiar em Deus, crendo que, até mesmo aquilo que é aparentemente ruim ou contraditório no fim, coopera com o propósito maior. Segundo, por meio de Jesus, deixar-se convencer, aprender e exercitar um olhar mais profundo, além das aparências. Pela fé, com discernimento, reparar no coração e na intenção das pessoas. Então, diante dos desafios - confiar e olhar com profundidade - pergunto: Afinal, o que buscamos no Natal? Proponho uma reflexão que traga entendimento e consagração.

O profeta Miquéias disse que o Messias haveria de nascer em Belém (5.2-4). Porque tal cidade? Era a cidade de Davi, grande rei e herói nacional. Cumpre assim uma profecia. Mas, naturalmente, a expectativa dos judeus é de que a salvação venha da capital, Jerusalém. Para lá é que se dirigiram os Sábios do Oriente. Como povo brasileiro, desejamos que as mudanças venham de Brasília. Mas, de fato, o Evangelho aponta noutra direção. A solução está nos cafundós, na vida simples do povo. As decisões políticas trazem grandes mudanças sociais. Os mecanismos contra a corrupção devem ser determinados politicamente. Contudo, no primeiro Natal, da capital Jerusalém, o rei Herodes determinou um infanticídio. Deus aponta ao interior. De nada adianta, se o povo, desde o menor ao mais idosos, não se empenhar na busca de justiça. A mudança vem de baixo para cima. De dentro (do coração) para fora. Por isso, precisamos orar: Converte-me, Senhor! Assim tudo será diferente.

Um segundo detalhe... Jesus nasceu numa estrebaria, pois não havia lugar na hospedaria. Naturalmente, se espera que a criança nasça na maternidade. O Salvador, porém, chega no campo, na vida rural. Hoje nossos olhares se voltam à cidade, ao shopping, ao movimento, ao brilho das luzes. Contudo, a estrela iluminou uma estrebaria no meio do nada. Deus estava lá. Não que Deus não esteja nos grandes eventos. Mas, Ele faz questão em se revelar no humilde, no pequeno... O insignificante se tornou pleno de significado. Quem sabe precisamos entender que a vastidão de enfeites de Natal, as luzes que inundam as casas, cidades e comércio são bonitas. Mas, Deus não está ali. Entre papais noéis, pinheiros, enfeites, ceias e correrias de presentes... É necessário parar e entender como Deus nos presenteia. Um abraço vale mais do que um relógio. A presença vale mais do que qualquer presente. O coração cheio de luz vale mais do que uma cidade imensa repleta de pisca-piscas.

Outro detalhe... Ao nascer na estrebaria, o menino Jesus foi colocado carinhosamente numa manjedoura. Era o berço disponível. Aquele pequeno coxo, onde os animais buscavam seu alimento se tornou também um símbolo do Natal. Mais adiante, o próprio Cristo se identifica como sendo o “pão do mundo” (João 6.48). Aqui precisamos refletir sobre o que nos alimenta. Qual é o meu combustível? O que me motiva? Me leva adiante? Logo vamos iniciar um novo ano? A fé em Jesus é importante? A minha Comunidade faz diferença? Busque na manjedoura a água viva, o pão da vida, a tua motivação. Deus não te deixará sair vazio. Além de te motivar, colocará propósito em teu viver.

O último detalhe, o mais importante de todos... De nada adianta Belém, a estrebaria, a manjedoura por si só. Os anjos louvaram. Os pastores se achegaram. Os sábios se ajoelharam diante do Menino Cheio de Luz. A estrela cumpriu seu papel iluminando o céu. Agora, a luz está em Jesus. Como pessoas precisamos entender que tudo o que recebemos de Deus é dádiva. É bênção. Mas, a maior de todas as bênçãos está no seu Filho Jesus. Deus se torna criança. Jesus adulto diz que precisamos ser “como” crianças. Lembro-me da expectativa que havia em torno do Natal. Óbvio: Como crianças, desejávamos o presente. Hoje “maduros” – mas como crianças – precisamos desejar o maior e melhor presente de todos, dado pelo próprio Deus: JESUS!

Concluindo... Deixe a luz entrar no teu coração! Permita que Deus, por meio de Jesus, transforme a tua vida de dentro para fora. Aprenda a enxergar o pequeno. Os teus pés estão no mundo. Tudo aquilo que cerca é importante. Mas, a mudança vem de dentro. Ela vem do nosso pacto íntimo com Deus. Ele assim permitirá que também nossos olhos se voltem ao que aparentemente é insignificante, percebendo o agir constante do PAI. Amém!
 


Autor(a): P. Euclécio Schieck
Âmbito: IECLB / Sinodo: Norte Catarinense / Paróquia: Garuva-SC (Martinho Lutero)
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Área: Celebração / Nível: Celebração - Ano Eclesiástico / Subnível: Celebração - Ano Eclesiástico - Ciclo do Natal
Testamento: Antigo / Livro: Samuel I / Capitulo: 16 / Versículo Inicial: 7
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 54782
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2Coríntios 9.7
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