Anualmente os “Silveira” faziam um grande encontro de família, reunido pessoas de lugares distantes. A festa acontecia sempre num galpão alugado na sede da fazenda de origem da família em Rio Pardo. Era um dia de reencontro, de intensa alegria e muita comilança. Entre os organizadores estava o Tuco, descendente do patriarca, solteirão que morava num canto da fazenda. Jamais tinha saído muito além daquelas redondezas. Ele carneava o boi e preparava o churrasco. Era aplaudido em pé no fim festa por sua dedicação e capricho. Depois do almoço, quem quisesse poderia fazer uma apresentação cultural aos demais. Aninha preparou um versinho sobre Jesus, o qual aprendeu no Culto Infantil. Tuco escutou a menina e ficou emocionado. Sabia que tinha sido batizado quando piá, mas de fato nunca frequentou uma igreja. Não sabia ler ou escrever. Vivia só na lida do campo. Ao ouvir sua história do parente, Aninha também se emocionou e disse: Mesmo que você não saiba ler, vou te ajudar a decorar uma palavra da Bíblia. Então, pediu que o peão estendesse sua mão cheia de calos e rugas. Dedo por dedo, do maior ao menor, cada dedo uma palavra: “O” “Senhor” “é” “meu” “Pastor”. Repita comigo disse a menina. Tuco repetiu, repetiu e repetiu. Agora, disse Aninha: Você sabe a palavra mais importante da Bíblia. Só Jesus pode cuidar da gente nesse campo que é a vida. Assim a festa acabou e todos partiram. Também a menina abraçou o velho anfitrião. Passaram-se meses até que, certa tarde, chegou uma triste notícia: Encontraram o Tuco falecido. Estava deitado em sua cama. Provavelmente morreu de ataque. Muito curioso, disse o primo que trouxe a notícia: Com a mão esquerda, ele estava agarrando firme o dedo “anelar” da mão direita. Aninha já desvendou o mistério: Tuco morreu e foi ao céu. Ele segura o dedo “meu”. Jesus o levou aos campos celestiais.